O mês de Maio ficará marcado na França como o dia em que o Senado deu luz verde pela primeira vez à canábis medicinal. A nova proposta entrará numa fase experimental de dois anos, e espera apenas pela aprovação total do Ministério da Saúde francês.

“O programa consistirá numa experiência de cerca de dois anos com canábis para uso terapêutico, a partir do momento em que haja luz verde e financiamento do Ministério da Saúde”, disse o professor Nicolas Authier, chefe do departamento de farmacologia e centro médico de dor do Hospital Universitário de Clermont-Ferrand, contactado pela France24.

Nicolas Authier preside o comité de especialistas, criado pela Agência Nacional de Segurança de Medicamentos (ANSM). Este comité foi constituído para efectuar uma avaliação relativamente “aos termos de implementação disponíveis para levar a cabo o projecto“, e a publicação do relatório deste comité está prevista para 26 de junho.

Experiências sob condições controladas

As condições sob as quais se irá desenrolar o projecto ainda não são conhecidos, mas espera-se que sigam os padrões e boas práticas actuais que se exigem à produção de canábis para fins medicinais. Em França “de momento, não há autorização para produzir canábis terapêutica”, lembra Nicolas Authier, que continua: “(As plantações) estarão em um campos fechados, sob estufas, e exigirão investimentos significativos”.

Durante o teste, que teoricamente poderá durar até o segundo trimestre de 2021, “é provável que seja necessária a importação de preparações farmacêuticas (de países onde a canábis terapêutica é legal). Pelo menos durante o tempo necessário para que as companhias francesas estruturem os seus próprios projectos”, explica o presidente do comité de especialistas da ANSM.

Estas mudanças na regulamentação – depois da luz verde do Ministério da Saúde – só permitirão explorar de forma experimental a canábis medicinal, no entanto, o deputado Jean-Baptiste Moreau vai pedir “em breve” um relatório informativo sobre os diferentes usos da canábis na França. “Estamos falando de cannabis terapêutica por agora, mas, eventualmente, irá incluir também produtos de bem-estar à base de canábis (óleos, suplementos alimentares) com um teor de THC muito baixo”, diz o deputado.