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±MaisMenos±: “Posso dizer que utilizei canábis desde sempre”

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Miguel Januário, ou ±MAISMENOS± no seu atelier no Porto. Foto: Marco Valente

A canábis fez parte da sua vida desde os 15 anos e esteve quase sempre presente no seu processo de criação artística. Há dois anos decidiu deixar de fumar, mas o que lhe custou mesmo foi deixar o tabaco. Completamente anti-proibicionista, Miguel Januário, conhecido no mundo artístico como ±MaisMenos±, partilhou com a Cannadouro Magazine a sua visão sobre a cultura da planta.

Entrevista originalmente publicada no #2 da Cannadouro Magazine, por Laura Ramos e João Carvalho
Fotos: Marco Valente

±MaisMenos±, ou Miguel Januário, nasceu em 1981 no Porto e começou o seu percurso na Escola Artística de Soares dos Reis, tendo mais tarde ingressado no curso de Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde criou o projecto de intervenção ‘±MaisMenos±. Há mais de 20 anos que Miguel se dedica a intervenções de graffiti no espaço urbano, posicionando-se na cena artística nacional e internacional como um dos artistas mais críticos do sistema e como uma referência da street-art mundial.

Sob a bandeira ‘±MaisMenos ±’, produziu diversos trabalhos criativos, desde vídeo a instalação, da pintura à performance. Além de inúmeras intervenções de arte pública em diversos países, o projecto foi também exibido em exposições individuais e de grupo em vários contextos institucionais, um pouco por todo o mundo, de Lisboa a Banguecoque, passando por São Paulo, Roma, Paris e Luanda, com intervenções que não deixam ninguém indiferente.

Porque é que aceitas participar numa entrevista que tem como título “Tira a canábis do armário”?
Porque acho que é essencial tirar-se a canábis do armário. Existe uma espécie de tabu, um certo estigma e preconceito, por questões culturais, porque há uma certa doutrinação que a canábis é uma droga, mas isso advém da falta de informação, de uma insuficiência cultural quase, em relação ao que é o conhecimento sobre aquilo que é a canábis. Houve uma regressão muito grande nas últimas décadas em relação ao conhecimento sobre a canábis, por interesses puramente económicos e financeiros, muitas vezes propagandeados até pela hegemonia cultural dos Estados Unidos, precisamente porque foi muito contra aquilo que era a índole da apropriação e da exploração daquilo que são os recursos da terra. Penso que tudo começa não só pela exploração dos recursos energéticos, que sabemos que a canábis podia substituir, em grande parte, o consumo de energia fóssil, mas também por uma questão relacionada com o trabalho e com a forma como o capitalismo se impõe no seu ideal de produção diária, de horas de trabalho e por aí fora. A ideia recreativa, de lazer, muitas vezes associada à utilização de canábis, vai contra a ideia e a exigência do capital de se ter horas de trabalho, de se produzir, de se estar sempre pronto a fazer parte da máquina, de apertar parafusos. E depois tem outras coisas. Se começarmos a pensar que pessoas sentadas à mesa a consumir canábis podem ter ideias e discuti-las, isso também vai contra aquilo que é a manutenção do status quo, que é o não questionar, não ter tempo para grandes coisas a não ser ver umas notícias sobre a bola e sobre crimes passionais que passam na CMTV. E portanto, se começarmos a consumir canábis e a conversar uns com os outros, se calhar começamos a questionar o sistema, começamos a questionar mais sobre o que é a vida e se calhar até a ter ideias que põem em causa o próprio sistema, portanto há esse controlo todo energético, social, psicológico, de manter um bocado o status quo, e a canábis luta um bocadinho contra isso tudo, não é?

Consideras-te um anti-proibicionista?
Sim, completamente, sem dúvida alguma! E depois ainda nem tocámos aqui na questão dos interesses farmacêuticos, que, aliás, estão agora a virar o seu posicionamento, precisamente porque, apesar de tudo, houve uma abertura à produção de canábis e às possibilidades que a canábis traz, mas porque está a dar dinheiro, porque tem cotação na bolsa e porque a própria cotação pode dar dinheiro, ou seja, alimenta o próprio sistema capitalista. Quando o sistema capitalista vê que há uma forma proveitosa de aceitar aquilo que até à partida era contra, então ele já está “numa boa” para entrar no esquema. 

A propósito disso, relembro o desafio que te fizemos na última edição da Cannadouro, que se materializou num grafismo com a palavra “Cannapitalismo”. De onde é que surgiu essa ideia?
As coisas dão uma volta quando o sistema percebe que são proveitosas. E é interessante, porque o capitalismo tem muito essa receita. Tudo aquilo que começa como contracultura do sistema acaba por entrar numa cultura de massas e por se tornar num produto. É muito fácil, aconteceu com tudo, com o PAN, com a street art, acontece com aquilo que são movimentos anti-sistema e que muito rapidamente se tornam proveitosos para o próprio sistema. Isso é uma forma de actuar do capitalismo e a canábis acho que também tem um bocadinho esse lado. Quando se percebe que se pode fazer dinheiro a partir de uma contracultura, aí já não é assim uma coisa tão má, porque há uma forma de a tornar lucrativa, portanto “Cannapitalismo” foi uma crítica a isso. De repente, se pensarmos há 20 anos, quando éramos adolescentes, era algo de nicho, era super tabu falar nessas questões, e hoje em dia já há uma abertura muito maior. Acho que é o próprio capitalismo a aperceber-se de que há nichos e que pode fazer dinheiro com eles. Daí essa pequena crítica, ou seja, a coisa torna-se legal ou aceitável, porque há uma possível fonte de rendimento a partir dali. Não é, muitas vezes, porque há uma transformação social ou cultural em relação a um movimento ou a uma questão específica, mas sim porque se torna rentável, e aí o sistema financeiro, económico, capitalista permite que isso seja mais aceitável.

Estavas a falar na adolescência e eu lembrei-me de te perguntar quando é que foi o teu primeiro contacto com canábis. Ainda te lembras da primeira vez?
Lembro, foi com 15 anos, na Escola Soares dos Reis, onde eu estudei. Nunca tinha tido nenhuma experiência, mas também não dei o braço a torcer e fingi que sim (risos). Foi com um grupo de colegas, fechados na casa de banho, onde eu não fazia a mínima ideia do que é que estava a acontecer. Mas não dei parte de fraco e experimentei (risos). Era uma prática super corrente ali, numa escola artística, ainda por cima, secundário, aquilo era algo muito frequente. Era diário, fazia parte ali da cultura do sítio. Remontamos a 1996, já lá vão uns anos valentes.

Como foi quando fumaste pela primeira vez?
Na altura, sinceramente, acho que não senti nada, acho que foi mais a expectativa do que propriamente algum tipo de efeito. Na verdade, só vim a perceber os efeitos mais tarde, noutras experiências. Agora, vendo à distância, aquilo a que tínhamos acesso era de muito má qualidade, era aquele haxixe terrível, aqueles sabonetes. Sabia mal, cheirava mal e se pensares bem até dá vómitos agora, pensando nisso, mas era o que havia na altura. Mas o que sentia era um torpor. Acho que só senti realmente a verdadeira essência da coisa quando, uns anos depois, em 1999, fui à Holanda, a Amesterdão, e foi a primeira vez que experimentei erva, numa coffee-shop. E aí sim, consegui perceber o que era o efeito da canábis, que não estava nada à espera. Ou seja, foi assim uma coisa mais a sério e, felizmente, com o tempo, começou a ter-se acesso a coisas boas, começou a haver erva. Cá no Porto, pelo menos, era super difícil encontrar erva, ninguém tinha. Acho que só lá para meados dos anos 2000 é que a coisa começou a chegar cá, porque até então era só esse haxixe ranhoso.

E a canábis entrou, de alguma forma, no teu processo criativo?
Sim, sem dúvida, acho que isso é incontornável, porque durante muito tempo fui consumindo assim, enquanto estudante, na Soares, nas Belas Artes. Fazia parte do dia-a-dia, beber uns copos, acompanhou-me sempre, em todo o lado, nas minhas vizinhanças, na escola, na faculdade, a qualquer lado que fosse. Eu acho que não conhecia quase ninguém que não fumasse umas ganzas de vez em quando. Toda a gente tinha sempre, toda a gente fumava sempre, portanto sim, é incontornável.

Falaste da tua iniciação, dos teus tempos de estudante. E actualmente, na fase adulta, de artista já conceituado e reconhecido a nível internacional, como é que a canábis entra no teu dia-a-dia?
Hoje em dia não entra muito, porque deixei de fumar há dois anos. Fumava tabaco. Isso sim é um consumo horrível. Deixei de fumar cigarros, porque já fumava há muito tempo, e muito! Nós cá, infelizmente, temos um hábito terrível, que é o de juntar tabaco, nicotina, aos charros. Eu decidi e tive de deixar de fumar tudo. Estava-me a enganar, porque ia continuar a consumir nicotina e não ia deixar o vício da nicotina, portanto, de há dois anos para cá deixei mesmo de fumar tudo. Daqui a algum tempo, até porque sinto algumas saudades, hei-de tentar fumar erva sem nicotina com os vaporizadores, mas em dois anos fumei uma ou duas vezes, porque um amigo tinha um vaporizador e experimentei. Mas na verdade, de há dois anos para cá que a canábis já não faz mesmo parte da minha vida. 

O que é que foi mais difícil, deixar de fumar tabaco ou deixar de fumar canábis?
Tabaco, claramente, sem dúvida alguma. Para mim a maior dificuldade foi deixar a nicotina, isso sim é que foi a cena problemática. Eu gostava daquele momento em que fumava, ficava ali a pensar, e muitas vezes ficava num pensamento de trabalhos, de coisas. Gostava desse momento reflexivo. Era o meu momento, como deve haver pessoal que bebe o seu whisky assim à noite, o seu chá, e eu tinha o meu momento, que era fumar assim uma erva e estar ali na minha cena. Só que uma força era maior que a outra, porque a nicotina era uma cena horrível e eu tive mesmo que deixar de fumar tabaco. É mesmo difícil. Fumava há 20 anos, era uma coisa mesmo má. E não sinto falta nenhuma, pelo contrário, nenhuma, nenhuma… Se eu agora bebo uma cerveja ou um copo (que é quando é difícil, não é?), numa refeição ou quando estás a beber uns copos, já nem me lembro, já me habituei ao processo de aquilo não fazer parte da minha vida, nem me lembro que existe.

No período em que utilizavas canábis, de que forma arranjavas?
Nunca tive hipótese de cultivar. Às vezes, amigos que cultivavam, ofereciam, mas, normalmente, acabava por comprar através de contactos, amigos da rua, daqui e dali, mas eram contactos. Eram telefonemas, saber quem é que cultivou e tem erva, ou quem trouxe qualquer coisa de Marrocos… Era muito por aí.

Houve uma altura em que propuseste constituir um partido político. Isso foi a sério?
Isso foi uma intervenção do projecto ±MaisMenos±. Foi mais ou menos a sério e ficou mais ou menos um partido, porque nós ainda conseguimos cerca de 3500 assinaturas, portanto a coisa ficou ali mais ou menos (risos). Mas foi uma intervenção, uma espécie de exercício artístico quase com um pé na realidade. E foi interessante por isso também, porque, precisamente, as fronteiras tornaram-se muito ténues entre aquilo que eu sentia enquanto artista e não saber muito bem que proporções é que aquilo podia tomar, mas acabou por ser um exercício quase de análise da sociedade em que estamos a viver hoje. Na verdade, o que aquilo acabou por trazer foi uma leitura muito exacta ou próxima do que é a sociedade de hoje, esta sociedade super polarizada a que estamos a assistir, sem uma raiz ideológica, meia perdida até nos populismos. E eu percebi muito isso nesse processo que fui fazendo no partido. Na recolha de assinaturas tanto houve gente com ideais muito de extrema-direita como houve gente com ideais muito de extrema-esquerda e que queriam de alguma forma sentir-se representados, portanto isso traz uma leitura muito concreta sobre o que vivemos hoje. Por outro lado, havia pessoas que assinavam sem saber o que é que estavam a fazer, portanto essa intervenção também prova esse vazio que existe hoje em dia em relação à política, que é o que estamos a viver, seja no Brasil, nos Estados Unidos com o Trump, ou aqui com o Chega. São leituras muito exactas da realidade. Enquanto exercício artístico trouxe resultados muito interessantes. E serviu para a minha tese de Doutoramento, que estou a escrever neste momento.

A tua tese é sobre o quê?
A tese debruça-se sobre os paradoxos da street-art e da intervenção no espaço público, sobre um lado mais mercantilizado e sobre um lado mais político e de intervenção, e de como é que isso também acaba por se exprimir na sociedade em que estamos a viver. Ou seja, numa sociedade das polarizações, da sociedade mais ou menos, não só no contexto do projecto, que é o contexto da street-art, como no contexto que o projecto se propõe criticar, que é o contexto social e político. É uma análise a estas dualidades da sociedade, estas polarizações.

E se algum dia fosses eleito, qual seria a tua proposta sobre canábis? Como é que imaginarias o quadro ideal?
Primeiro, em relação a todas as drogas, tentava ter uma perspectiva muito mais pela legalização total, fosse que droga fosse, porque esta manutenção da proibição das drogas só perpetua o mercado negro, só perpetua o enriquecimento ilícito de forças obscuras, muito ligadas à política, às forças de segurança, a forças internacionais, porque a coisa existe e nós não vamos nunca poder contornar todo o tipo de drogas. Tentava, neste caso, que o Estado, com um papel regulador, tivesse uma presença muito assídua sobre o que são as drogas, fosse a cocaína, a heroína, os MDs, e por aí fora. Há uma produção, ela existe, há um mercado brutal sobre isso, não vamos contornar isso. Há uma crise gigante de saúde pública, de contornos terríveis que todos nós pagamos, em relação ao consumo, a questões sociais, por isso acho que tinha de haver uma abordagem muito mais honesta sobre aquilo que existe.

E informativa, no fundo, não é?
Sem dúvida alguma. É tapar o sol com a peneira, quase como se ninguém utilizasse drogas. Vamos estar aqui eternamente numa luta que nunca vai ter fim, porque até sobre as drogas duras, por exemplo o consumo de heroína ou de cocaína, é ridículo e super hipócrita nós continuarmos a achar que são as forças de segurança que, a atacar pequenos consumidores ou pequenos traficantes, alguma vez vão fazer isto acabar. Isto nunca vai acabar! É como o tráfico de armas. São coisas que têm um nível internacional com volumes gigantes de dinheiro. Os Estados têm de começar a olhar para isso. Não olham, porque estão envolvidos nisso até ao tutano também, não é? Há todo um lado obscuro que nos passa ao lado, sobre o envolvimento dos Estados no tráfico de droga, das polícias, e por aí fora. 

Por exemplo, à semelhança do Canadá ou dos EUA, o governo podia ganhar muito dinheiro com a legalização da canábis, cobrando impostos.
Claro, já para não falar disso, que já acontece na Holanda com a canábis, os impostos revertem para a sociedade em geral, enquanto o negócio obscuro reverte só para alguns interesses. Os impostos são uma distribuição comunitária sobre os rendimentos, toda a gente ganha com essa cobrança, enquanto que se tu mantiveres esse negócio ilegal e à margem, só ganham os teus compadrios. É fácil.

Naquilo que fizeste a nível artístico, lembras-te de alguma coisa que tenhas feito porque tiveste uma grande inspiração depois de fumar canábis?
Posso dizer que utilizei canábis desde sempre, portanto acho que isso se pode dizer de quase tudo.

E agora como é que é? Sentes falta ou adaptaste-te a esta nova realidade sem fumar?
É normal, já não tenho aqueles momentos mais de relax e de introspecção, mas faço de outra forma. É tranquilo, porque aquilo também não é uma coisa necessária, e acho que isso é a coisa fixe. Aquilo está lá, mas se não existir também passas bem e consegues fazer as coisas. É um bocado como o Obélix ou como andar de bicicleta, não precisas de estar numa bicicleta para saberes que consegues andar.

Num cenário de legalização o que é que seria mais adequado a Portugal? Um dispensário, um clube social ou é indiferente?
Numa cultura informada e tranquila, sem preconceito, acho que podia perfeitamente estar no supermercado.

Ao lado das garrafas de whisky?
Não, em vez de…! Porque o álcool até é pior! Tu tens acesso a medicamentos, numa farmácia, que te matam, que podem adulterar completamente o teu estado físico, tens bebidas alcoólicas super agressivas à venda em qualquer supermercado, para qualquer pessoa a partir dos 16 anos, pelo amor de Deus, não é? Acho que podia ser de venda livre em qualquer local. Era o que fazia sentido. É só uma questão de falha cultural, não é mais nada. Aliás, nós depois temos aqui um exemplo incrível que é esta questão da descriminalização, que serviu de exemplo para o mundo inteiro, ou seja, aqui há uns anos, quando Portugal tomou essa decisão, e que se achava que o consumo ia subir, que ia ser uma coisa horrível e que tínhamos que ter cuidado com uma desgraça, pelo contrário, provou-se precisamente que isso foi uma atitude super positiva a vários níveis, da justiça, em termos sociais, políticos, por aí fora.

E diminuiu o consumo.
E diminuiu o consumo, exactamente.

E já foi há 20 anos!
Sim, já foi há 20 anos. Portugal é um exemplo para o mundo, de que ainda hoje se fala. É ridículo criminalizar a posse de droga, não faz sentido nenhum. É uma questão de cultura, mais nada.

E tu agora tens uma filha, ela vai crescer, vai ser teenager, com 15 anos e talvez na Soares dos Reis, como tu…
Vai trazer umas cenas fixes para o pai… (risos)

Como é que pensas abordar esta questão com ela ou o que é que dirias aos jovens de hoje em dia sobre esta planta?
Há-de existir essa conversa e isso não me preocupa absolutamente nada. A mim preocupa mais aquelas coisas que nós ainda nem conhecemos, que fazem parte do consumo dos jovens e que são drogas que nós nem sabemos o nome, com nomes assim tipo o do filho do Elon Musk, C422H33 (risos). Acho que isso é muito mais preocupante e também terá a sua conversa a seu tempo, mas acho que é abrir e falar sobre as coisas, não é escondê-las. Essa conversa virá no tempo certo, acho eu.

Achas que o futuro passa por dar mais informação aos jovens para que eles possam fazer escolhas mais acertadas?
Sem dúvida alguma, acho que não há outro caminho. É informar, é falar, é abrir o jogo, é estar à vontade. Como estamos quando pousamos uma cerve

ja em cima da mesa. Há imensa gente a morrer diariamente por alcoolismo, com graves problemas familiares à conta do álcool, e é algo que não temos tabu nenhum a pousar em cima da mesa todos os dias.

Não sei se sabes, mas a causa principal de overdose entre os teenagers é o álcool. Não é nenhuma droga, é mesmo o coma alcoólico.
E voltamos, mais uma vez, aos interesses. Ou seja, há um lóbi gigante do álcool em Portugal e no mundo ocidental, principalmente. É uma questão de cultura, cultura de produto. E voltamos ao início da conversa, às questões económicas de que falámos. A substituição, que nós nem falámos muito aqui, aquilo que a canábis podia substituir, em relação a tanta coisa: fibras, a indústria, uma revolução industrial que quase podia existir com a utilização da canábis… mas isso não interessa, portanto esse tabu também se foi mantendo por causa disso.

Achas que teríamos a ganhar se explorássemos mais a parte industrial da canábis a nível nacional?
Claro, já explorámos! Já tivemos os vales do cânhamo e já tivemos uma indústria náutica que estava muito dependente do cânhamo e que deixou de estar, precisamente porque deixou de ser socialmente aceite. 

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]
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