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Entrevistas

Bruno Maia: “Há muita falta de informação sobre canábis medicinal”

Sempre quis ser médico e nunca considerou outra profissão. Bruno Maia, 35 anos, é neurologista no Hospital de São José em Lisboa, mas nasceu e estudou no Porto. Dedicou-se a estudar o cérebro porque tem uma atracção por “coisas complicadas” e segue sempre na direcção dos desafios.  Acredita que, se pode receitar morfina e ketamina aos […]

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Sempre quis ser médico e nunca considerou outra profissão. Bruno Maia, 35 anos, é neurologista no Hospital de São José em Lisboa, mas nasceu e estudou no Porto. Dedicou-se a estudar o cérebro porque tem uma atracção por “coisas complicadas” e segue sempre na direcção dos desafios. 

Acredita que, se pode receitar morfina e ketamina aos seus doentes, deve poder receitar também uma planta que é mais segura que os opiáceos e cujos benefícios são evidentes. Defende a legalização da canábis para fins medicinais com direito ao auto-cultivo e explicou à Cannapress porquê.

Porquê medicina? Quando era miúdo já queria ser médico?
Eu sempre quis ser médico, quando era miúdo e quando era graúdo. Acho que nunca considerei outra hipótese, ponto final.

Tem antecedentes de médicos na família? O que é que o seu pai e a sua mãe fazem?
Não, nenhum. O meu pai é carpinteiro e a minha mãe é costureira. E eu, não sei porquê, desde miúdo sempre quis ser médico. E isso não mudou quando cresci.

Bruno Maia trabalha na Unidade CerebroVascular do Hospital de São José, em Lisboa. Foto: Laura Ramos

Mas sabia que ia ser difícil…
Sim, estava mais ou menos preparado para algumas coisas serem difíceis, mas aceitei bem as dificuldades. Estudar muito, os longos anos de formação, sempre estive mais ou menos preparado, porque estava convencido que era isto que queria fazer.

Não lhe custava, por exemplo, ficar a estudar quando os seus amigos iam sair?
Não, não me custava, porque sempre tive certeza e vontade de ser médico. E portanto, por muito que me custasse nessas noites não me ir divertir, o facto de saber que era isto que queria fazer no dia-a-dia motivou-me para fazer estes “sacrifícios”. É uma coisa boa, fazer sacrifícios, mas também houve noites em que saí, quando não tinha que estudar podia sair.

Neurologia porquê? Já gostava ou só durante o curso é que decidiu?
Durante o curso eu passei por várias fases e achei sempre que queria fazer uma coisa mais generalista, porque eu gostava de tudo na medicina. Até do bloco operatório eu gostava, apesar de ter a certeza, desde o início, que não era uma coisa para a qual tivesse vocação, operar, ser cirurgião, mexer com as mãos… mas até disso eu gostava, do bloco operatório. Portanto, quando chegou a altura de escolher se queria ser médico de clínica geral, trabalhar com o corpo todo, ou então dedicar-me ao cérebro, que sempre foi o órgão que mais me fascinou, por ser complicado… Eu tenho este problema que é gostar de coisas complicadas, tudo o que é complicado é um desafio e eu tendo a ir em direcção ao risco e ao desafio. As coisas difíceis são as que mais me entusiasmam e o cérebro é isso, é o órgão mais complicado que temos no corpo e provavelmente o mais importante.

[perfectpullquote align=”right” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”No curso de Medicina não se falou rigorosamente nada sobre canábis medicinal”[/perfectpullquote]

Ainda há muita coisa para descobrir em relação ao cérebro?
Há imensas coisas para descobrir em relação ao cérebro, embora haja também muitos mitos à volta do cérebro, como é óbvio, por ser um órgão tão complicado. Mitos urbanos como o “só percebemos X por cento do cérebro”, isso não é verdade, nós percebemos basicamente toda a estrutura do cérebro, sabemos quais são as funções, pelo menos as funções mais básicas daquelas estruturas, e utilizamos todo o cérebro. Também há um outro mito que diz que “só utilizamos uma parte do nosso cérebro”, e isso é um mito também. Nós utilizamos o cérebro todo. Tudo o que existe no cérebro tem uma razão para lá estar e funcionar, independentemente daquilo que já sabemos e já conhecemos em relação ao cérebro e ao funcionamento e doenças. Ainda há muita coisa para descobrir, muita, muita, muita.

Quando fez a especialidade em neurologia, abordaram o sistema endocanabinóide?
Na neurologia praticamente não, acho que nunca. Mesmo nas valências de psiquiatria, quando estive no Júlio de Matos, mais próximo da psiquiatria, não, nunca. Na minha formação como neurologista a abordagem ao sistema endocanabinóide foi praticamente zero. Tudo o que aprendi foi por auto-iniciativa, tudo o que estudei, procurei, foi tudo por auto-recreação. E lembro-me que mesmo nos seis anos de Faculdade só falei do sistema endocanabinóide numa única disciplina, a Farmacologia, e foi durante uma aula.

Bruno Maia no seu gabinete do Hospital de São José. Foto: Laura Ramos

Mas o sistema endocanabinóide é uma descoberta relativamente recente.
Sim, embora já se soubesse que ele existia. Quando eu andava na faculdade, já há mais de 10 anos, sabia-se que ele existia e que tipo de coisas podia fazer. Talvez não se soubesse a importância dos canabinóides endógenos numa série de coisas do funcionamento normal do cérebro, mesmo na resposta ao stress e à doença, as situações que o cérebro e o resto do organismo têm de ultrapassar utilizando o sistema endocanabinóide. Até há poucos anos não se tinha muita noção desse sistema.

Falou-se de canábis medicinal durante o seu curso?
Não, não se falou rigorosamente nada sobre canábis medicinal.

Como é que descobriu e se informou, então?
Novamente por auto-recreação. Pesquisei artigos, livros, autores, ensaios clínicos que se focassem um bocadinho na canábis e nas propriedades farmacológicas e fisiológicas da planta. É que isto também funciona um bocadinho como uma pescadinha de rabo na boca: se nós não tivermos a canábis medicinal aprovada, regulamentada e a funcionar, obviamente as faculdades de medicina não a querem abordar, porque ela não é uma opção. E por não ser uma opção, fica um bocado esquecida na formação dos médicos, estando a perpetuar-se a situação. Alguém tem que quebrar este ciclo, alguém tem que legalizar a canábis medicinal, para ela poder ser falada, investigada, produzida e para nós podermos começar a ter prática clínica com utilização de canábis. O objectivo final disto tudo é termos os médicos com experiência e com prática para administrar canábis em determinadas situações, em determinados pacientes e a verem os seus efeitos. Só aí é que as coisas vão realmente mudar, porque só aí é que vamos ter médicos a discutir as suas experiências, a discutir os ensaios que são feitos. E só então é que esta substância será normalizada e utilizada em massa.

[perfectpullquote align=”left” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”Não há nada em termos de procedimento na medicina que venha a ser introduzido pela canábis e que não seja já utilizado com os outros medicamentos. A não ser o auto-cultivo, claro” [/perfectpullquote]

Qual foi o seu primeiro contacto com a canábis? Experimentou na adolescência?
Sim, sim. Houve uma fase da vida em que experimentei canábis recreativa, bastantes vezes. Depois houve outra fase em que deixei de experimentar e nunca mais foi uma substância que incluísse na minha vida. Ainda hoje não incluo, a minha utilização neste momento é 0%.

Há pouco estávamos a falar de estudos científicos, lembra-se qual foi o primeiro estudo que encontrou ou por onde é que começou essa curiosidade pela canábis medicinal?
Isso é difícil… Lembro-me que, quando estava na Faculdade e na cadeira de Farmacologia se falou do sistema endocanabinóide, fui ler na diagonal um estudo sobre os efeitos da canábis nos pacientes com Sida.

Isso foi em que ano mais ou menos?
Foi em 2003/2004… Li sobre os efeitos positivos da canábis em aumentar o apetite, em combater a anorexia e pronto, era basicamente só isso: a canábis ajudava os doentes com Sida a não entrarem em caquexia, a não perderem muita massa muscular, porque lhes aumentava o apetite. O estudo era só isto, não tinha mais nada de extraordinário, não falava nada sobre coisas que hoje em dia já se fala, das propriedades da canábis.

E a partir daí foi descobrindo outras coisas?
Sim, à medida que também o resto do mundo foi descobrindo, não é? Várias coisas foram sendo publicadas, sobretudo nos últimos anos. A canábis na epilepsia, na esclerose múltipla e mais uma série de doenças crónicas neurológicas e nos efeitos positivos que ela pode vir a ter em algumas pessoas. Fui acompanhando a canábis da mesma forma que acompanho qualquer outra substância, medicamento ou terapia para os doentes neurológicos.

Bruno Maia em entrevista à Cannapress. Foto: Nico Sacco

Já alguma vez um doente lhe perguntou sobre canábis medicinal?
Uma única vez, um doente perguntou-me sobre canábis medicinal. Numa segunda vez, um doente que não era meu, mas que eu acompanhei durante um período de transição, fazia a sua própria canábis. Era um doente com esclerose múltipla, cultivava e consumia a sua própria canábis, e estava perfeitamente satisfeito com os efeitos que a canábis tinha nele. Ele utilizava a canábis sobretudo para a sua espasticidade muscular, com a esclerose múltipla ele tinha muitas dificuldades, muitas mesmo, e era um jovem de 40 e poucos anos. Mas sentia-se muito feliz, dizia que no caso dele a canábis era positiva porque não precisava de justificar nada ao médico e podia ser ele a escolher a dose, a frequência e as alturas em que tomava a canábis. Como era ele próprio que decidia, isso fazia-o sentir no controlo da substância: sei quando é que preciso dela, sei quando não preciso dela. Além disso ele dizia que não sentia qualquer tipo de dependência e que passava longos períodos sem fumar canábis, apesar de haver períodos em que precisava mais. O que ele me dizia era: eu sinto-me no controlo desta substância, sinto-me no controlo destes sintomas que são melhorados por esta substância, porque não são vocês médicos que estão a controlar as doses, as prescrições etc. Isto para mim foi como uma revelação sobre as potencialidades do auto-cultivo da canábis terapêutica.

O Dr. Javier Pedraza disse-nos, em entrevista, que cultivar a própria medicina é terapêutico.
Claramente! E era isto que este rapaz enfatizava, a questão do controlo e da tomada de decisão sobre quando é que me sinto melhor ou pior e quando é que eu preciso de mais ou menos canábis para controlar os sintomas. Isso tem um efeito terapêutico evidente, que é muito superior ao facto de um doente tomar um medicamento que não sabe muito bem o que é, que só conhece o nome comercial, que é prescrito por um médico, que não sabe porque é que a dose é aquela e não outra… Portanto, o conhecimento, o controlo e a participação na própria decisão terapêutica do doente — e isso está mais do que provado —, em qualquer doença melhora a adesão terapêutica e os resultados. O auto-cultivo é um ponto positivo a favor da canábis. Ainda bem que vai haver um medicamento que pode beneficiar determinadas pessoas e que elas podem cultivá-lo em casa. É isso que também é extraordinário na canábis, as pessoas também poderem produzir o seu próprio medicamento.

[perfectpullquote align=”right” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”A canábis tem a vantagem de sabermos que não existe overdose. Há mais substâncias das quais não existe overdose, mas não são muitas”[/perfectpullquote]

Estava a falar de esclerose múltipla por exemplo, sabendo que esta é uma das principais patologias a poder beneficiar da canábis medicinal, nomeadamente no controlo da espasticidade. Imagino que deva ter alguns pacientes com esclerose múltipla. Alguma vez lhes falou em canábis como alternativa aos medicamentos?
Não estando disponível, eu tomo uma atitude que pode até ser interpretada como paternalista. De certa forma eu avalio o doente que tenho à frente e vejo qual seria a oportunidade de lhe falar sobre isso. Ou seja, há determinados doentes que eu, conhecendo-os, sei que não ganho nada em falar de canábis, porque sei que são pessoas que não querem, não têm possibilidade, ou têm preconceitos, ou nunca iriam tomar nada ilegal. Ou então não querem andar à procura de canábis no mercado negro nem meter-se em nenhum tipo de rede de tráfico, nem cultivar uma coisa que lhe pode trazer problemas. Portanto, o uso desse julgamento próprio, que é um bocadinho paternalista, confesso, para não falar da canábis a uma boa parte dos doentes, é obviamente baseado naquilo que é o meu julgamento pessoal, seguramente enviesado, preconceituoso, etc. E depois há outros doentes em que posso ter abertura para falar sobre o que quiser, e com esses doentes eu falo. E infelizmente a maioria — infelizmente ou felizmente, não sei muito bem ainda —, a grande maioria das reacções que obtenho dos doentes a quem tenho a oportunidade de falar, seja porque eles perguntaram ou introduziram o tema na conversa, a maioria dessas pessoas acaba por não levar para a frente a ideia de consumir canábis. Isto por causa das barreiras que existem em obter a substância, porque correm riscos de serem apanhados com uma quantidade que não é legal, de serem acusados de posse ou de tráfico de droga.  Se existisse canábis disponível em Portugal, elas seguramente tentariam esta abordagem, mas como implica um série de investimento pessoal, elas preferem não o fazer. É o que eu interpreto.

Bruno Maia na Unidade CerebroVascular do Hospital de São José, onde trabalha desde que se especializou em neurologia. Foto: Laura Ramos

A nível da neurologia, quais é que são as patologias onde já estão comprovados benefícios?
Há imensas. A partir do momento em que a canábis funciona ou melhora a espasticidade, isso implica que ela pode ser utilizada num conjunto muito grande de doenças neurológicas. A espasticidade é um sintoma de lesão neurológica, portanto há varias doenças neurológicas que dão espasticidade, desde o AVC — que na fase crónica dá muita espasticidade — até lesões medulares provocadas por traumatismos na coluna vertebral, Esclerose Lateral Amiotrófica, mais uma série de doenças degenerativas neurológicas que, porque dão espasticidade, podem beneficiar da canábis. E depois há a epilepsia, que é uma das grandes novidades dos últimos anos. Há estudos e relatos de caso em que pessoas com epilepsias difíceis de controlar reduziram muito as crises diárias com a canábis. Obviamente que isto não é generalizável a todas as epilepsias, mas parece que em alguns casos a canábis reduz claramente os números de crises diárias. Crianças com doenças degenerativas graves, onde muitas vezes não chegam cinco medicamentos para controlar as convulsões, melhoraram a qualidade de vida quando começaram a consumir canábis ou derivados, tais como o óleo de canabidiol (CBD), etc. Só isso é um dado fantástico. Porque as crianças com doenças gravíssimas têm uma qualidade de vida péssima, elas e toda a família à volta. Muitas dessas crianças foram claramente beneficiadas com a introdução da canábis terapêutica.

Em Israel, um neuropediatra está a fazer um ensaio clinico com 120 crianças autistas. Nos ensaios que fez com a epilepsia, ele sabia que 30% das crianças com epilepsia têm também uma qualquer forma de autismo, e acabou por descobrir que a canábis também melhorava os sintomas do autismo. Parece que estes ensaios estão a ter resultados muito promissores. Isso pode ser uma revolução, tendo em conta que há cada vez mais crianças autistas?
Pode, a gente também não sabe muito bem o quê, porque até ao final do ensaio não sabemos bem o que é que melhora nestas crianças. Vamos tentar perceber e vamos vendo à medida que o tempo vai passando. É evidente que isto não é uma cura para o autismo, já se sabe disso á partida.

[perfectpullquote align=”left” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”Há pessoas que fumando canábis ou bebendo álcool ou fazendo bungee-jumping ou submetidas a situação intensa de stress vão desenvolver uma psicose ou uma esquizofrenia. A canábis é apenas um gatilho, mas podia ser outra coisa qualquer”[/perfectpullquote]

Esse médico relatou, por exemplo, o caso de uma criança autista não verbal que começou a falar aos 11 anos, depois de alguns meses a utilizar óleo de CBD. Alguns jornais falaram em milagres… Acredita em ‘milagres’ destes ou não?
Isso é fantástico, mas não, claro que nunca acredito em milagres. Eu acho que o desafio daqui para a frente é tentar perceber porque é que a canábis funciona em algumas pessoas e noutras não. Porque é que funciona em tantas doenças, porque é que vai do autismo à estimulação do apetite, porque é que funciona numa gama tão alargada de doenças e porque é que dentro de umas pessoas funciona melhor do que noutras. Tentar perceber quais é que são as características genéticas e pessoais de cada um de nós que nos fazem responder mais ou menos à canábis.

Isso tem a ver também com a predisposição diferente de cada pessoa, pelo facto de cada cérebro ser diferente e responder de maneira diferente, tendo também em conta a história pessoal de cada um. Mas terá a ver também com a quantidade de perfis diferentes da planta da canábis em si, que pode ter muitas variantes genéticas.
Isso é outro desafio. Perceber qual é o tipo de perfil de planta que se adequa melhor a cada pessoa e a cada patologia. Não é só perceber se a pessoa beneficia da canábis, globalmente falando, mas também perceber se há perfis da planta que são mais adequados para esta ou para aquela pessoa. É um desafio muito grande que temos pela frente, sem dúvida nenhuma. Mas se formos honestos e pragmáticos isso já acontece com os outros medicamentos. Um doente com uma psicose ou um esquizofrénico vai necessariamente responder melhor ou pior a diferentes anti-psicóticos e às vezes só se sabe experimentando. Às vezes erra-se e tem de se ir experimentando. Tudo aquilo que se pode vir a fazer com canábis terapêutica e esses desafios todos da individualidade, da predisposição genética, do ambiente, do perfil da planta, da dose e da forma de administração, isso também já existe com os outros medicamentos. Não há nada de novo em termos de procedimento na medicina que venha a ser introduzido pela canábis, que não seja já utilizado pelos outros medicamentos. A não ser o auto-cultivo, claro.

Foto: Laura Ramos

Até porque não existe uma dose letal de canábis, mas é possível morrer tomando vários comprimidos para dormir, facilmente adquiridos numa farmácia. Como é que isto se explica?
Há um certo número de substâncias que em excesso não fazem mal, ou pelo menos não provocam morte ou doença grave. A canábis é uma delas, o que significa que nós deveríamos estar muito menos preocupados com a canábis quando ela estiver disponível do que com muitos outros medicamentos que já existem e que são comercializados nos supermercados. A canábis tem essa vantagem, de sabermos que não existe overdose. Há mais substâncias das quais não existe overdose, não são muitas, mas existem e a canábis felizmente é uma delas.

Então porque é que há tanta resistência, mesmo no meio da medicina? Como é a reacção dos seus colegas ao tema da canábis medicinal?
É puro preconceito e desconhecimento, ponto final. Não há sequer outra análise possível. É como eu dizia no início: se a canábis não está disponível, ela não vai ser ensinada nas faculdades aos profissionais de saúde. Assim, os profissionais de saúde também não investem neste conhecimento, porque ela não está disponível, portanto não lhes interessa porque não tem aplicação no dia-a-dia. Isso gera desconhecimento e um ciclo vicioso de ignorância e preconceito, que leva a que as pessoas simplesmente não queiram saber que a opção existe, que a canábis é uma substância como as outras e que pode ter efeitos positivos no organismo. A somar a este ciclo vicioso há o preconceito social normal de a canábis ser uma droga e de estar conotada negativamente. Os médicos são susceptíveis, eu diria altamente susceptíveis, a esses preconceitos sociais que já existem.

No seu trabalho diário, aborda ou já abordou a questão da canábis com algum colega?
Já abordei várias vezes. Já abordei várias vezes e, na verdade, quando me sento para ter uma discussão calma com qualquer colega e começamos a argumentar com alguma profundidade sobre este assunto, eu não encontro grandes contra-argumentos para aquilo que eu penso. A maioria dos meus colegas acaba por confessar que de facto não percebe porque é que a canábis medicinal não existe. Ou seja, acho que é fácil, hoje em dia, convencer um médico de que a canábis medicinal deve estar disponível. Eu nunca tive grande dificuldade em fazê-lo nem nunca encontrei nenhum grande obstáculo.

Mas há falta de informação?
Há muita, muita, muita falta de informação. Aliás, esse é que é o problema.

Bruno Maia acredita que se pode receitar opiáceos aos seus doentes, também deve poder receitar canábis medicinal. Foto: Laura Ramos

Mas acha que existe predisposição, por parte dos médicos, para saber mais sobre canábis medicinal?
Eu acho que sim. Hoje em dia a maioria dos médicos já percebeu que a canábis vai avançar e que vai ficar disponível. Mais cedo ou mais tarde os médicos vão ter de conhecer, saber o que é e o que envolve, e vão ter de perceber se a devem utilizar ou não. Portanto, eu acho que isto vai ser um caminho relativamente rápido e fácil, mais do que o caminho da regulamentação da canábis, certamente.

Porque, no fundo, os médicos receitam todos os dias outras substâncias muito mais perigosas.
Nós temos um conjunto de substâncias no mercado, comercializadas, utilizadas todos os dias pelos médicos, que são substâncias que, ao contrário da canábis, não só têm overdose como têm underdose, ou seja têm um intervalo terapêutico muito estreito, em que a dose, se for muito abaixo não faz nada, se for muito acima pode levar à morte. Estas substâncias são utilizadas nos nossos hospitais, nos nossos centros de saúde e comercializadas pelas farmácias, por isso nenhuma delas é ilegal. Estamos a falar de substâncias como o Fentanyl, que é um problema nos Estados Unidos, muito utilizado nos cuidados intensivos onde eu trabalhei durante uns anos. Trata-se de um opiáceo, da família da morfina, que está descrito como sendo 100 vezes mais potente que a heroína. Portanto, não tem só o potencial de sedação ou analgesia, mas também o potencial de dependência ou de provocar efeitos adversos. Mas nós utilizamos isto e isto é legal. Nós médicos não temos grandes restrições à utilização de Fentanyl nas pessoas, apenas temos de preencher um simples formulário de prescrição controlada sem grandes justificações.

[perfectpullquote align=”right” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”Acho que é fácil convencer um médico de que a canábis medicinal deve estar disponível. A maioria dos meus colegas acaba por confessar que de facto não percebe porque é que a canábis medicinal não existe”[/perfectpullquote]

Em relação ao Sativex, o único medicamento à base de canábis autorizado em Portugal, como é o processo para o prescrever a um doente em Portugal?
O Sativex é dispensado pela farmácia do hospital, mas é muito mais complexo prescrever Sativex do que Fentanyl, por exemplo. O Sativex acaba por cair num grupo de substâncias pouco utilizadas, que só são dispensadas em farmácias hospitalares, e que requerem um formulário que o médico tem de submeter para justificar clinicamente porque é que quer utilizar o Sativex naquele doente.

Isso não acontece com a maioria dos opiáceos.
Não. A Ketamina, por exemplo, a Special K é muito utilizada como uma droga recreativa, mas existe no hospital e eu não tenho que preencher nenhum formulário para requerer a sua utilização. Aliás, ando com Ketamina no carro do INEM quando estou na rua, mas a Ketamina tem uma série de efeitos adversos: eleva a pressão intracraniana e pode provocar lesão neurológica irreversível. Mas além disto, ainda temos as substâncias do dia-a-dia que nem precisam de prescrição médica, como é o caso do Paracetamol ou do Ibuprofeno, que são de venda livre na farmácia. Eu já vi pessoas em situações gravíssimas por consumo de Brufen ou de Ben-U-ron. Obviamente que não têm efeitos adversos na maioria das pessoas, mas algumas podem sofrer efeitos adversos bastante graves, que podem ir até á morte. O paracetamol, por exemplo, a partir de uma determinada dose pode provocar falência do fígado e colocar as pessoas numa situação de precisar de um transplante. A maioria das pessoas surpreende-se quando eu digo que são só seis comprimidos de Ben-u-ron, mas seis comprimidos tomados de uma vez podem levar a falência hepática em qualquer um de nós. Depois, há um conjunto de substâncias que são como a canábis. Como são pouco utilizadas e como são julgadas pelos médicos, farmacêuticos e instituições como perigosas (mais do que o Fentanyl), é necessário que o médico justifique porque é que quer utilizar essa substância naquele doente.

Mas parece um pressuposto errado. Não é mais perigoso o Fentanyl?
Exactamente. É claramente um pressuposto errado, mas neste caso acho que também tem a ver com o facto de a substância não estar disponível e ser ilegal. Ou seja, aqui o que funciona é claramente um preconceito e a lei que existe hoje em dia.

Alguma vez receitou Sativex?
Não, porque nunca tive oportunidade sequer de o pedir. Mas também não tenho assim muitos doentes a precisar de o fazer.

Na Unidade CerebroVascular do Hospital de São José. Foto: Laura Ramos

Um dos argumentos contra a legalização da canábis costuma ser aquela ideia que quem fuma pode desenvolver psicoses ou mesmo esquizofrenia.
Sim, a maioria dos psiquiatras tenta discutir essa questão, se a canábis despoleta por ela própria as psicoses ou a esquizofrenia ou se é por já haver uma predisposição. Mas isto é uma discussão que eu diria quase ridícula, porque é evidente que há determinadas pessoas que fumando canábis ou bebendo álcool ou fazendo bungee-jumping de uma ponte ou sendo submetidas a qualquer uma outra situação intensa de stress na sua vida, vão desenvolver uma psicose ou uma esquizofrenia, independentemente daquilo que é o “gatilho”. A canábis é isso, é apenas um gatilho, é um estímulo para desenvolver a esquizofrenia.

Mas podia ser outra coisa qualquer?
Podia ser outra coisa qualquer. Qualquer situação stressante na vida de uma pessoa pode despoletar um quadro de esquizofrenia. Não se sabe se a pessoa que tem um quadro de esquizofrenia despoletado pela canábis a iria desenvolver de outra maneira, mas isso não se consegue provar. Nunca ninguém vai saber se as pessoas têm ou não predisposição, porque se calhar há uma série de gente que vive a sua vida toda até aos 70 ou 80 anos sem nunca ter um episódio psicótico porque nunca teve o “gatilho” e não porque não tinha a predisposição. Ou seja, é ridículo ter esta discussão sobre se a canábis provoca ou não esquizofrenia, não faz sentido, porque simplesmente não é possível de provar objectivamente.

Num cenário de legalização da canábis medicinal, qual é que seria a situação ideal para as pessoas terem acesso à canábis?
A situação ideal será sempre incluir o auto-cultivo. Acho que o auto-cultivo é muito importante, porque dá às pessoas controlo sobre a sua própria doença, sobre os seus próprios sintomas e sobre a substância que estão a administrar no seu corpo. Isso para mim é um ponto de honra, diria eu, que a canábis medicinal inclua sempre o auto-cultivo. Por outro lado, no caso das pessoas que não querem cultivar e que terão que ter acesso a canábis de outra forma, eu acho que nós devemos produzir a canábis cá em Portugal. Já estamos a produzir canábis para o estrangeiro, temos que passar a produzir para nós próprios, com todo o tipo de vantagens, desde o ponto de vista económico ao ponto de vista social. Depois, acho que a canábis deve ser disponibilizada nas farmácias comunitárias. Porque é que eu digo isto? Porque vai haver uma grande discussão sobre se a canábis vai estar disponível nas farmácias dos hospitais ou se vai estar disponível também nas farmácias da comunidade. Se nós tivermos canábis medicinal só nos hospitais será porque ganhou o argumento de que é preciso controlar a substância de uma forma mais apertada, caso contrário as pessoas abusam mais dela, e isso é um argumento com o qual eu não concordo. Acho que as pessoas são adultas e devem ser responsáveis, devem ser informadas para poderem escolher que tipo de consumo querem fazer da canábis. Se a canábis for disponibilizada nas farmácias comunitárias, então ganhou o argumento que as pessoas são adultas responsáveis e que têm o direito de auto-determinarem aquilo que colocam no seu próprio corpo. Por isso é que eu defendo que a canábis seja disponibilizada nas farmácias.

[perfectpullquote align=”left” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”O controlo e a participação do doente na própria decisão terapêutica melhora os resultados e isso está mais do que provado. O auto-cultivo é um ponto positivo a favor da canábis”[/perfectpullquote]

Sob que forma?
Sob todas as formas, não só os derivados e os medicamentos produzidos a partir da canábis, mas também a própria erva. Será provavelmente difícil, eu não sei como é que se faz na prática, não sei se todas as farmácias devem ou não disponibilizar canábis ou se devem existir farmácias piloto que distribuam canábis numa primeira fase. Vai ser precisa informação e formação dos farmacêuticos sobre as inúmeras variedades da planta, as diferenças entre elas e de que forma é que podem ser administradas. E isso, pelo menos numa primeira fase, é difícil de fazer em todas as farmácias do país.

E como é que elas vão suprir as necessidades das pessoas por diferentes perfis de canabinóides?
Vai ter de haver um esforço conjunto das autoridades e das instituições, nomeadamente do INFARMED e da Direcção Geral de Saúde (DGS), que terão que fazer muita pesquisa e colocar cá fora uma série de procedimentos, de directrizes. Vão ter de aconselhar não só o médico a prescrever como também o farmacêutico a dispensar e o próprio doente a consumir. Vai ter de haver muita informação e acho que isso tem de ser responsabilidade das autoridades de saúde, como é óbvio. Portanto, a DGS vai ter, eventualmente, que publicar uma directriz, uma norma de orientação clínica, em que fique explícito quais são os critérios para a administração da canábis, baseado em evidência clara de como é que se faz, qual é o procedimento, quais são as contra-indicações, os efeitos adversos, etc. Por outro lado, quais são os vários tipos de estirpes da planta que existem e em que pessoas é que elas podem ser benéficas.  O INFARMED, por seu turno, deverá aprovar, regulamentar e supervisionar também a produção e a distribuição. Não sei bem como é que isso vai ser feito, vai haver uma fase em que nós vamos ficar dependentes da vontade destas instituições e autoridades para que isto seja implementado de uma forma correcta e eficaz, mas ninguém quer que isto seja implementado de uma forma incorrecta, incompleta ou desacompanhada.

Vai ser preciso tempo.
Vai ser preciso algum tempo. O tempo nestas situações é sempre político, ou seja, depende única e exclusivamente da vontade dos envolvidos. Se a vontade dos envolvidos for muita, estas instituições vão tratar disto rapidamente. E eu dou sempre o exemplo da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), antes de 2007 e do referendo. Muitas pessoas tinham dúvidas e receio da implementação, levantavam dificuldades, muitos obstáculos, tudo ia ser muito difícil e demorar muito tempo, íamos ter de formar muitos médicos, muitos enfermeiros e muitas instituições… e em dois meses tínhamos a IVG a funcionar na maior parte do país. Isto aconteceu porque houve vontade, não só política, que isto fosse uma realidade e que fosse rápida, mas também vontade dos próprios profissionais e das instituições de saúde de tornar a IVG funcional rapidamente. Isto é o que vai acontecer com a canábis.

Bruno Maia em entrevista à Cannapress. Foto: Nico Sacco

E ao contrário do que se pensava, que iria aumentar o número de abortos, aconteceu precisamente o contrário. O número de abortos diminuiu.
Exactamente, reduziu. Mas isso é sempre assim em qualquer assunto e vai ser na canábis. Nós olhamos para a Holanda ou para outros países onde a canábis é legal, não só para consumo médico como recreativo, e eles não têm nenhum problema de consumos excessivos de canábis, isso não existe. Quando se proíbe alguma coisa, quando se ilegaliza alguma coisa, ou quando se declara guerra a alguma coisa normalmente o problema só se agrava.

É o problema do proibicionismo?
O problema do proibicionismo é que não resulta, é só isto. O proibicionismo falhou em tudo, é tão simples quanto isso, e isto não é um argumento, isto são factos. Seja na guerra às drogas, seja na guerra ao aborto, seja na guerra à contracepção, seja no que for, o proibicionismo perdeu sempre, é um facto. Não é uma discussão, é um facto.

No caso dos jovens, por exemplo, há estudos que dizem que o cérebro está em formação até aos 21 anos e que por isso não é aconselhável consumir canábis antes dessa idade. Confirma?
O cérebro está sempre em formação ao longo da vida, mas o desenvolvimento até ao início da idade adulta está mais acelerado e portanto pode estar mais susceptível a ser alterado por factores externos. É possível que a canábis ou o consumo de canábis em excesso altere o desenvolvimento cerebral, mas nada disto está definitivamente provado. Desconfia-se, e é sensato pensar assim, que o consumo excessivo de canábis altera o desenvolvimento cerebral, mas o consumo excessivo do álcool em idades mais jovens também altera o desenvolvimento cerebral. A exposição a ares extremamente tóxicos, como o ar que se respira em Nova Deli, por exemplo, e em muitas outras metrópoles do mundo, alteram definitivamente o desenvolvimento cerebral dos indivíduos mais jovens. Portanto, tudo aquilo que é consumido em excesso pode alterar o desenvolvimento cerebral.

[perfectpullquote align=”right” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]”Quando se proíbe alguma coisa, quando se ilegaliza alguma coisa, ou quando se declara guerra a alguma coisa normalmente o problema só se agrava”[/perfectpullquote]

O que diria a um adolescente que quer experimentar canábis?
Provavelmente iria procurar informá-lo sobre o que é a canábis, o que esperar dos efeitos quando fuma pela primeira vez, para não ficar assustado, como ultrapassar situações ou problemas que possam surgir e como é que pode controlar o seu consumo de canábis. Prefiro que o adolescente esteja informado sobre tudo, porque nada que eu possa fazer o vai demover de consumir canábis se ele assim o entender. Nada me demoveu a mim quando eu era adolescente e consumia canábis, por que raio é que eu hei-de demover os outros? O que eu espero é que eles tenham informação suficiente para não se colocarem em perigo e para que possam fazer as suas escolhas.

Como é que imagina Portugal daqui a cinco ou dez anos, num cenário de legalização? 
Nós quando queremos fazer alguma coisa bem, fazemos mesmo a coisa bem. Eu acho que se houver vontade das autoridades de saúde em fazer uma efectiva regulamentação, com guidelines eficazes para o consumo da canábis medicinal, e se houver informação suficiente disponível para os médicos, eu acho que em pouco tempo conseguimos ter isto a funcionar e bem. Tenho esperança que daqui a cinco ou dez anos isto esteja a funcionar bem para a maioria das pessoas. Vai haver problemas de acesso, certamente, a questão geográfica vai ser importante e a questão social também, mas no global, em termos da grande massa, eu acho que vamos conseguir implementar isto. Uma coisa curiosa no nosso país é que, inicialmente, temos muitas dificuldades e muitos obstáculos dos profissionais de saúde em aprovar alguma coisa, mas quando é finalmente implementada, de repente todos esses profissionais já estão do outro lado a ser os primeiros e os líderes.

Acha que isso vai acontecer com a canábis?
Eu gostava de ser surpreendido pela positiva e tenho esperança que isso vá acontecer. Espero que haja uma série de profissionais, nomeadamente médicos, que queiram prescrever e estudar a canábis nos seus doentes.

Daqui por cinco anos a canábis já vai estar normalizada. Acha que, tal como aconteceu com o aborto, o preconceito já vai estar mais reduzido?
Acho que sim. Temos tudo para funcionar bem e se funcionar bem o preconceito desvanece.
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Foto de destaque: Laura Ramos

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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