Depois da aprovação de um projecto de lei que permite a produção, posse e venda de produtos médicos à base de canábis, no passado mês de Março, o governo grego já recebeu propostas de pelo menos cinco consórcios, com projectos que somam mais de mil milhões de euros.
Esta decisão abre um mercado ainda por explorar na Grécia, que depois da grave crise económica dos últimos anos e com um clima quente e seco, similar ao de Portugal ou da Califórnia, pode ver na canábis uma das principais respostas para o seu desenvolvimento económico.
O facto é que a aprovação do projecto de lei já está a atrair avultados investimentos, sobretudo por parte de empresas estrangeiras que procuram cimentar o seu posicionamento no mercado europeu. Cabe agora ao governo grego criar e definir as regras para os produtores e licenças a atribuir, sendo que os desenvolvimentos dependem, em grande parte, do tempo necessário à redacção da regulamentação da lei.
Chuva de interessados
O mercado de canábis medicinal grego é, neste momento, alvo de duas das maiores empresas do mundo neste sector, ambas do Canadá, a Aphria e a Canopy Growth. Mas o vice-ministro da Economia, Stergios Pitsiorlas, já recebeu propostas de vários outros consórcios, com planos de investimento que ultrapassam os mil milhões de euros.

Pelo menos 5 consórcios querem entrar na corrida à Canábis Medicinal na Grécia Foto: Greek Reporter
A Aphria pretende desenvolver 92 mil metros quadrados de estufas, com capacidade de produção de mais de 100 toneladas até 2021, o que dará origem a cerca de 500 postos de trabalho. A Canopy Growth quer investir 50 milhões de euros em 50 mil metros quadrados, a ser gradualmente expandidos até aos 100 mil metros quadrados, criando entre 500 e mil postos de trabalho.
A holding Golden Greece vai entrar no mercado não só com um plano de cultivo de canábis medicinal, mas também com a construção de uma unidade de processamento de produtos farmacêuticos em Veroia, no norte da Grécia, o que criará mais de dois mil empregos nos próximos dois a três anos, segundo declarações de Georgios Zafeiris, CEO da Golden Greece, ao Independent. A Golden Greece vai coordenar um grupo de 10 investidores de países como o Canadá, Cazaquistão, Polónia ou Israel.
A primeira rodada de investimentos está em 400 milhões de euros e pode ascender a mil e quinhentos milhões, sendo que 80 por cento dos empregos são para cidadãos gregos, em áreas como cultivo, comércio e transporte. “Não temos intenção de trazer para a Grécia pessoas de outras áreas que já têm experiência com canábis. Vamos treinar as pessoas que forem necessárias para iniciar as nossas próprias produções.”, afirmou Michael Blady, um dos investidores envolvidos no projecto de Veroia.
Outra companhia interessada é a Europacific Medical, que actua na área do marketing médico, sediada em Xangai, com um plano de investimento de 20 milhões de euros para a Grécia. Apesar desta empresa estar sediada em Xangai, o seu gerente de atividades na União Europeia é o grego Pantelis Stanitsas.
Também a HAPA Medical Holdings BV, uma empresa criada no ano passado, com sede na Holanda, mostrou interesse em entrar no mercado de canábis medicinal na Grécia, mas a Diogenis, uma organização da sociedade civil grega que trabalha para promover políticas de drogas baseadas em evidência, expressou cautela na aprovação da legislação. “Consideramos que a regulamentação da canábis para uso farmacêutico é uma iniciativa positiva do governo, mas o mercado de canábis não deverá ser dominado pela busca de interesses comerciais e pelo lucro económico”, revela um comunicado emitido pela Diogenis.
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Foto de destaque retirada do website da High Times.