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The Faia Collective: Cooperativa sustentável investe no cânhamo

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A comunidade sustentável The Faia Collective nasceu no Vale do Mondego, em plena Serra da Estrela, e tem várias culturas biológicas, desde o cânhamo ao azeite. A Cannapress foi conhecer o local e falou com o grupo de jovens empreendedores que, apesar de produzirem em Portugal, vendem tudo para o mercado holandês.

Depois de várias horas de estrada e mais de 300 quilómetros percorridos, chegámos à Quinta da Portela, em Faia, perto da Guarda, onde Deirdre Meursing, 26 anos, Jesse Schlechtriem, 24, e Siegert van den Berg, 25 anos, se instalaram para dar asas ao seu projecto de comunidade sustentável.

Foi durante um o almoço oferecido pelos nossos anfitriões que ficámos a saber mais sobre este colectivo de sotaque neerlandês, num local envolto pelo chilrear das aves e pela suave melodia do Mondego, que nos fez viajar para bem longe da cosmopolita e agitada capital.

Jesse, Deirdre e Siegert fundaram a The Faia Collective em 2016. FOTO: The Faia Collective

Por que escolheram Portugal para construir esta comunidade?
Deirdre: Os meus pais mudaram-se para cá há dez anos e compraram este terreno. Estive na escola cá em Portugal, fiz o ensino secundário e voltei para a Holanda para tirar um curso superior. Mais tarde, regressei a Portugal, mas no início não foi com a ideia de ficar por aqui. Só que a certa altura eu estava aqui, o Jesse estava aqui e o Siegert veio para cá e chegámos naturalmente à conclusão: “vamos fazer alguma coisa aqui, vamos criar a nossa própria companhia” e esta é a versão resumida da história do nascimento do ‘The Faia Collective’.

Vocês são todos da Holanda?
Sim.

Quando se mudaram já tinham interesse em cultivar cânhamo?
Jesse: Quando chegamos cá e começámos este projecto todos tínhamos ideias e ambições diferentes, mas o meu objectivo era cultivar cânhamo. O interesse surgiu no ano anterior e já tinha alguma experiência e conhecimento da planta e do cultivo. No entanto, aquilo que mais interesse me despertou foi a multiplicidade de utilizações e aplicações diferentes que o cânhamo pode ter, quer como alternativa aos plásticos ou ao cimento, por exemplo, quer ainda pelo facto de contribuir de forma positiva para o meio ambiente, através do factor negativo de dióxido de carbono.

Campo de cânhamo cultivado em 2017.  FOTO: The Faia Collective

Foi fácil começar a cultivar?
Cultivar as plantas em si foi fácil.

E quando decidiram plantar cânhamo, como é que foi ?
Siegert: Enfrentámos muitos obstáculos e o maior deles foi não termos sido ouvidos. Não tivemos quase respostas nenhumas e houve alguma falta de comunicação entre o Ministério da Agricultura e a Polícia. E mesmo quando o Ministério da Agricultura permitiu o cultivo, quando fomos dar conhecimento desse mesmo cultivo às autoridades o que nos disseram foi: “Não, não é possível.” Ou seja, mesmo com a licença para poder cultivar, tivemos de contactar advogados e levar a lei portuguesa à esquadra da polícia para mostrar que estávamos a agir de acordo com a legislação.

Como é que acham que este processo pode ser simplificado?
Jesse: Numa fase inicial, achamos que é necessária uma entidade que faça deste processo um processo normal. Ninguém sabe ao certo quais são os procedimentos para plantar cânhamo e se houver uma instituição que encaminhe os pedidos dos interessados todo o processo irá normalizar-se.

Uma das áreas da propriedade da cooperativa. FOTO: João Costa // Cannapress

Qual é a vossa experiência na Holanda? É mais fácil cultivar cânhamo?
Siegert: Eu nunca o fiz industrialmente, por isso, pessoalmente, não tenho conhecimento da situação actual. Daquilo que eu sei, também é difícil, mas há uma cultura diferente, porque contratamos um advogado, existe uma lei a seguir e o caminho acaba por ser facilitado. Em Portugal, mesmo com um advogado, existem problemas. Na Holanda, as terras e os custos são mais elevados e os projectos só são viáveis quando têm grandes dimensões e quando utilizam pessoal qualificado. Cultivar apenas um hectare não é viável na Holanda, ao contrário de Portugal, onde é possível iniciar um projecto com menos custos.

Produziram cânhamo no ano passado? Como está o mercado nacional nesta área?
Deirdre: Pela nossa experiência, não existe realmente um mercado em Portugal, até porque nenhuma empresa portuguesa compra os nossos produtos. Ou porque não sabem ou porque já têm outros produtos estrangeiros. Tem sido quase impossível encontrar um local que comercialize os nossos produtos em Portugal. Já abordámos várias lojas que tinham encomendado produtos de cânhamo e nem assim conseguimos compradores.

Exportam tudo?
Sim, é tudo exportado. E é uma pena, porque não queremos. Nós gostávamos de vender cá em Portugal.

O tempo convidou a que a mesa fosse posta no exterior, local onde foi servido o almoço. FOTO: João Costa // Cannapress

Neste cenário, como é que vêem o futuro do cânhamo em Portugal? Acham que o Governo deveria ajudar e esclarecer os potenciais investidores?
Jesse: As minhas esperanças são diferentes das minhas expectativas. Isto porque a minha esperança era que isto fosse muito fácil num futuro próximo, mas as expectativas são de que não seja assim tão fácil, até porque vimos acontecer o mesmo na Holanda e ainda estão em conversação no Parlamento. No final, poderá ficar um pouco melhor, mas os grandes passos, os que precisam de ser dados, não estão a ser dados e eu penso que a única maneira de conseguir avançar em Portugal é com os produtores a procurar aconselhamento legal e advogados, na falta da ajuda Estatal. Mesmo que o Parlamento dê novos passos e aprove novas leis que até sejam progressistas, será ainda preciso contornar a burocracia portuguesa, que não é propriamente ágil.

Sabendo que já estão no terreno e que percorreram um longo caminho até aqui, que conselhos têm para quem quiser cultivar cânhamo?
Jesse: Que entrem em contacto connosco! Estou a falar a sério. Tentar por conta própria é duro e há probabilidades de falhar e encontrar obstáculos e isso pode ser frustrante. É necessária muita persistência, por isso entrem em contacto connosco ou com alguém que já trabalhe na área, pois esse é o melhor caminho.
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Foto de destaque: João Costa // Cannapress

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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