Connect with us

Nacional

O que muda com a lei da Canábis Medicinal?

Publicado

em

Listen to this article

O Texto de Substituição que “regula a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais”, aprovado pela Comissão de Saúde da Assembleia da República (AR), deverá ser votado em Plenário ainda esta semana.

A nova lei prevê a prescrição médica apenas quando todos os outros tratamentos tiverem falhado, sem possibilidade de auto-cultivo e sem comparticipação pelo Estado.

O Laboratório Militar deverá ser um dos responsáveis pela produção de canábis de grau medicinal, com o Infarmed a regulamentar num prazo de 60 dias após promulgação pelo Presidente da República.

A Lei entrará em vigor um mês após publicação em Diário da República.

A Cannapress analisou o Texto de Substituição aprovado na Comissão de Saúde, que definirá o enquadramento legal da Canábis Medicinal em Portugal.

As alterações finais foram aprovadas pela Comissão da Saúde da Assembleia da República a 30 de Maio e modificaram em vários pontos as propostas iniciais do Bloco de Esquerda (BE) e do Pessoas—Animais—Natureza (PAN).

Para a redacção do projecto de lei final foram apresentadas propostas de alteração aos projectos de lei iniciais por parte do Partido Social Democrata (PSD) e do Partido Comunista Português (PCP).

Redefinição de conceitos
Uma das decisões da comissão, aprovada por unanimidade, foi uma proposta que alterou, em todo o texto, o conceito de “planta e produtos à base de canábis para fins medicinais” para “medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais”.

Esta alteração implica uma alteração do título do próprio Projecto de Lei, que passa a ser “Regula a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de planta da canábis para fins medicinais”.

Artigo 1º –  Objecto

Estabelece o quadro legal para a utilização, prescrição e dispensa em farmácia de canábis medicinal. Foi chumbada a proposta do PCP, que sugeria a comparticipação (ver imagem abaixo) e aprovada a proposta do PSD, com votos a favor do PS e BE. Esta proposta é muito semelhante à proposta de substituição finalizada pela Comissão de Saúde.

Foi ainda reprovado o texto sujeito a votação que estipulava que o “consumo, aquisição e detenção da planta e produtos à base da planta da canábis para fins medicinais não constituem ilícito contra-ordenacional nem criminal”.

Artigo 2º –  Autorização

O segundo artigo é fruto de uma viabilização por parte do PSD, CDS e do PCP, partido que propôs a alteração, e com os votos contra do BE e PS, no qual estabelece que todos os produtos são sempre sujeitos a autorização do Infarmed.

Artigo 3º – Definições 

O terceiro artigo, que clarifica o conceito de “medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis”, é descrito por incluir as folhas e sumidades floridas da planta, o óleo e outros extratos conseguidos a partir da planta canábis.

Artigo 4º – Autorização de Introdução no Mercado 

Proposta do PCP para a introdução de um artigo onde a introdução dos produtos do mercado tivesse que obedecer ao Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de agosto. A proposta foi rejeitada, com votos contra de PSD, PS e BE e a favor do CDS e PCP.

Artigo 4º – Produção

O PCP propôs ainda que a produção e a comercialização fossem regulamentadas por despacho, ao mesmo tempo que previa a comparticipação de medicamentos e derivados da canábis. No entanto, esta proposta para regulamentar por despacho as articulações entre o Infarmed, o Laboratório Militar e o SICAD para o planeamento, produção e comercialização de canábis e ainda a comparticipação dos medicamentos e preparações, foi rejeitada com votos contra do PS e BE, e votos a favor do PCP e CDS com nota para a abstenção do PSD.

[infogram id=”3d9ab06c-cf28-4c95-ae43-834ffd4b9b49″ prefix=”3X0″ format=”interactive” title=”Copy: PAPCP1″]

Desfecho diferente teve a votação para a contribuição do Laboratório Militar na produção de canábis que contou com a posição contra do PSD e com votos a favor de todos os restantes partidos.

Artigo 5º – Prescrição

O enquadramento da prescrição da canábis no texto final fez correr tinta na comunicação social pelo desfecho da votação, que configura a prescrição de canábis apenas quando os tratamentos convencionais não tiverem os efeitos desejados. Apesar de, quanto às questões técnicas de prescrição o BE e PS mostrarem alinhamento com o PSD, no segundo ponto, que clarificava a elegibilidade dos pacientes para aceder à canábis medicinal, a votação foi diferente.

O PCP, que viabilizou a proposta do PSD, que votou a favor em conjunto com o CDS-PP, numa votação onde o PS e BE votaram contra por limitar a prescrição aos pacientes cujos “tratamentos convencionais com medicamentos autorizados não estiverem a produzir os efeitos esperados ou se estiverem a provocar efeitos adversos relevantes.”

Artigo 6º – Dispensa em farmácia

As propostas para a dispensa foram desde a dispensa em farmácia, proposta pelo PSD e aprovada pelo PSD, PS e BE, à porposta de se dispensar apenas em farmácia hospitalar, sugerido pelo PCP e apoiada em votação pelo CDS-PP, tendo sido no entanto rejeitada pelo PSD, PS e BE. No final, houve unanimidade na necessidade de comprovar a tutela legal respectiva nos casos de menores e pessoas inabilitadas.

Artigo 7º – Detenção e transporte

Foi mantido inalterado pela comissão. O enquadramento permite a posse desde que em conformidade com a receita médica especial para cada paciente e tendo como limite a quantidade prescrita pelo médico.

Artigo 8º – Investigação Científica

Foi mantido pela comissão, com votos a favor do PSD, PS e BE, que chumbaram ainda a proposta de alteração do PCP, que previa que a investigação científica fosse da responsabilidade das instituições públicas articuladas entre si.

Artigo 9º – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

O novo artigo foi alvo de propostas tanto por parte do PCP como do PSD.
No entanto, a primeira proposta foi rejeitada face à apresentada pelos sociais-democratas, que teve unanimidade da comissão em quase todos os pontos. A excepção foi o terceiro ponto, ao recusar a proposta do PSD de atribuição da responsabilidade de designar as indicações terapêuticas exigíveis ao Infarmed. Desta forma, supõe-se que esta entidade tenha capacidade de seleccionar quais as patologias elegíveis para a utilização das substâncias e preparações à base da planta Cannabis Sativa L.

[infogram id=”705f0353-01d9-4f29-86d9-253dc774780c” prefix=”VIt” format=”interactive” title=”Copy: Copy: PAPCP4″]

Artigo 10º – Informação a profissionais de saúde

O décimo artigo é a última proposta de alteração do PSD, que também foi aprovado por unanimidade pela comissão e que designa que o Estado e Ministério da Saúde promovem, junto dos médicos e outros profissionais de saúde, informação sobre os produtos à base de canábis.

Artigo 11º – Medida transitória

Outra medida proposta pelo grupo parlamentar do PCP foi uma norma transitória, que permite que o Infarmed determine quais as soluções à base de canábis actualmente existentes em condições de serem utilizadas com fins terapêuticos e medicinais. A proposta foi aprovada pelo PSD, CDS e PCP, mas teve os votos contra do PS e do BE.

Regulamentação e entrada em vigor

Apesar da proposta de alteração do PCP para dar como prazo máximo 120 dias para a regulamentação, o texto final deverá, após promulgação pelo Presidente da República, conter um prazo de 60 dias para publicação da regulamentação respectiva à lei.

Por outro lado, a presente lei entrará em vigor um mês após publicação em Diário da República.
___________________________________________________________
Foto de Destaque: Retirada do website Cannabis Alliance — Nevada County

 

____________________________________________________________________________________________________

[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

____________________________________________________________________________________________________

O que fazes com 3€ por mês? Torna-te um dos nossos Patronos! Se acreditas que o Jornalismo independente sobre canábis é necessário, subscreve um dos níveis da nossa conta no Patreon e terás acesso a brindes únicos e conteúdos exclusivos. Se formos muitos, com pouco fazemos a diferença!

+ posts

Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

Clique aqui para comentar
Subscribe
Notify of

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Publicidade


Veja o Documentário "Pacientes"

Documentário Pacientes Laura Ramos Ajude-nos a crescer

Mais recentes

Nacional23 horas atrás

Álvaro Covões, que adquiriu terreno da Clever Leaves, diz que não tem “qualquer interesse em cultivar canábis”

No início de Abril, noticiámos que Álvaro Covões, fundador e CEO da ‘Everything is New‘, tinha comprado o terreno onde se encontrava...

Opinião24 horas atrás

A vantagem regulatória de Portugal na indústria da canábis

No cenário dinâmico do cultivo europeu de canábis, Portugal emergiu como um líder interino. Embora partilhe muitas vantagens naturais com...

Eventos5 dias atrás

ICBC Berlim volta a brilhar. É o início de uma nova era para a indústria da canábis na Alemanha

A ICBC Berlin foi a primeira grande conferência internacional sobre canábis a ocorrer após a legalização do uso adulto na...

Internacional6 dias atrás

EUA: Produtos de Mike Tyson recolhidos por contaminação de bolor

As autoridades da Califórnia emitiram um aviso de recolha obrigatória para dois produtos da marca de canábis de Mike Tyson,...

Eventos1 semana atrás

O 4:20 está a chegar e há celebrações no Porto e em Lisboa

A data da celebração da cultura da canábis está a chegar! Este sábado, 20 de Abril, é o dia em...

Internacional1 semana atrás

Paul Bergholts, alegado líder da Juicy Fields, detido na República Dominicana

Paul Bergholts, o alegado líder do esquema em pirâmide Juicy Fields, terá sido detido na República Dominicana e será submetido a...

Saúde2 semanas atrás

Canabinóides revelam resultados promissores no tratamento do Transtorno da Personalidade Borderline

Uma investigação levada a cabo pela Khiron LifeSciences e coordenada por Guillermo Moreno Sanz sugere que os medicamentos à base de...

Internacional2 semanas atrás

Caso Juicy Fields: 9 detidos pela Europol e Eurojustice. Burla ultrapassa 645 milhões de euros

Uma investigação conjunta conduzida por várias autoridades europeias, apoiadas pela Europol e pela Eurojust, culminou na detenção de nove suspeitos...

Internacional2 semanas atrás

Utilizadores regulares de canábis podem necessitar de mais anestesia durante procedimentos médicos

Os utilizadores regulares de canábis podem necessitar de mais anestesia durante os procedimentos médicos para permanecerem sedados, se comparados com...

Internacional2 semanas atrás

O futuro do CBD no Japão: Como as reformas legais irão moldar o mercado

No final do ano passado, o Japão deu um grande passo em direcção à reforma da canábis depois de aprovar...