Connect with us

Cânhamo

Prejuízos de 2019 preocupam agricultores de Cânhamo

Publicado

em

Ouvir este artigo

Os agricultores portugueses de cânhamo temem perdas para 2019, depois da confusão entre o Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura relativamente à publicação de uma portaria constante na Lei da Canábis Medicinal. A falta respostas quanto aos procedimentos legais para a exploração desta cultura deixa os agricultores apreensivos.

O cultivo de cânhamo, através de variedades reconhecidas pela União Europeia, é uma actividade permitida e controlada pelo Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural desde 1999. Vinte anos volvidos, com a discussão da canábis para fins medicinais, os exploradores nacionais desta cultura, viram-se confrontados com reguladores desconhecedores da cultura do cânhamo.

A situação remonta a um esclarecimento do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, em Janeiro de 2019. O esclarecimento designa ao INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento, as competências na autorização e para regulação dos pedidos de licenciamento incluindo aqueles relacionados com a canábis para fins industriais.

O Cultivo em Portugal

O cultivo do cânhamo foi uma actividade agrícola com fraca expressão em Portugal nos últimos anos. Os agricultores que subsistiram, enfrentavam já dificuldades impostas à exploração desta cultura em particular.

As diferentes variedades permitidas para cultivo sem qualquer tipo de licenciamento, estão listadas no Catálogo Comum de Variedades e Espécies Agrícolas. As sementes, certificadas e com rotulagem europeia, são relativamente fáceis de adquirir noutros países da comunidade europeia, e são necessárias para iniciar um cultivo sem ser necessária a intervenção do INFARMED.

Apesar desta cultura apresentar percentagens menores do que 0,2% de Tetrahidrocannabinol (THC), necessita ser comprovado por análise laboratorial enviada pelo vendedor da semente. A apresentação desta análise e da embalagem para inspecção por parte de um inspector da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária era também obrigatória.

No entanto, os procedimentos relativos ao cultivo de cânhamo, publicados no portal do Gabinete de Políticas e Planeamento, uma agência estatal, foram suspensos. Ana Paula Carvalho, Subdirectora Geral de Alimentação e Veterinária, descartou as responsabilidades da DGAV no processo do cânhamo que “não é nem competência nem depende da iniciativa da DGAV”. Apesar do processo de reconhecimento das embalagens de sementes ter sido realizado integralmente pela Divisão de Sanidade Vegetal da DGAV no passado. Desde que a discussão da canábis para fins medicinais começou, esta Divisão recusa-se a emitir qualquer parecer, remetendo novos procedimentos para a publicação de uma portaria em falta.

Este esclarecimento veio na sequência da “Lei da Canábis para Fins Medicinais” que estabeleceu as regras para todos os elos da cadeia de produção relativa à canábis. Estas regulamentações abordam o cultivo, a produção, a extração e a transformação, bem como o comércio por grosso, a distribuição para farmácias, importação e exportação, trânsito e a venda final.

O Decreto de Lei 8/2019, sobre a canábis medicinal que entrou em vigor em Fevereiro, veio mudar os planos dos agricultores de cânhamo. Em falta está a portaria referida acima, que está de facto a ser elaborada, “mas aguarda ainda um entendimento entre os ministérios”, disse fonte do INFARMED numa conferência sobre canábis medicinal em Lisboa.

Reguladores relutantes

A nova lei combinada com o esclarecimento implica que os agricultores de cânhamo têm de se sujeitar um regime de licenciamento tão restrito quanto o das licenças de canábis para fins medicinais. No entanto, a presidente do INFARMED, descartou-se também da responsabilidade do cânhamo, depois do tema ter surgido num evento sobre as perspectivas do mercado da canábis em Portugal.

“Recentemente, um grupo de agricultores esteve reunido com a DGAV e com o INFARMED, na tentativa de descobrir qual dos organismos está a certificar as sementes”, disse Hugo Monteiro, produtor de cânhamo e membro fundador da LUSICANNA – uma cooperativa de agricultores e processadores de cânhamo portugueses.

Hugo Monteiro relatou também que o seu grupo foi informado na reunião em Abril, pelo actual presidente do INFARMED, Rui Santos Ivo, que a instituição não era a responsável pelo cânhamo.

“Durante 3 meses a DGAV e INFARMED pressionaram o assunto uns contra os outros” relativamente à responsabilidade pelo licenciamento do cânhamo, disse Hugo Monteiro. “Ninguém quer correr o risco de certificar as sementes.”

Má imagem da indústria

As visitas de representantes da LUSICANNA e CannaCasa às duas instituições governamentais foram consequência de uma carta aberta dirigida ao governo e subscrita por dezenas de interessados na indústria. Os signatários reivindicavam a retoma dos licenciamentos do cânhamo no início de 2019.

Este ano, o caos ameaça superar as relações comerciais que muitas empresas trabalharam arduamente para estabelecer, de acordo com Hugo Monteiro. “É difícil, porque foram iniciadas relações comerciais no ano passado. Foram feitas análises, enviadas amostras para sustentar a confiança nos nossos produtos ”, disse.

“Agora não temos produção para os nossos clientes. Assim fica a parecer que não somos uma indústria confiável. É muito mau para nossa imagem e como resultado os nossos clientes vão procurar os mesmos produtos noutros países.”

Hugo Monteiro e o seu grupo de agricultores podem não ter escolha a não ser levar o governo ao tribunal. “Temos 250 quilos de sementes armazenados”, disse ele. “Estamos a começar a calcular as nossas perdas”.

Quem cala consente

Etiqueta de sementes pertencentes às variedades permitidas na Europa

Hugo Monteiro disse que alguns agricultores de cânhamo estão a prosseguir os cultivos na mesma.

À CannaReporter, os agricultores revelaram que esta é uma situação de deferimento tácito. Estes iniciaram os seus cultivos, e declararam estar refugiados no Código do Procedimento Administrativo.

Segundo as normas europeias, é apenas necessária a utilização de uma semente certificada, sendo que prescindem da autorização ou aprovação da DGAV decorridos 10 dias desde a comunicação da utilização de sementes com a certificação.

Desta forma, e através do envio de correspondência registada para a instituição, e à posteriori para as forças de segurança, os agricultores garantiram condições para salvaguardarem os seus cultivos de canábis para fins industriais.

 

 

____________________________________________________________________________________________________

[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

____________________________________________________________________________________________________

O que fazes com 3€ por mês? Torna-te um dos nossos Patronos! Se acreditas que o Jornalismo independente sobre canábis é necessário, subscreve um dos níveis da nossa conta no Patreon e terás acesso a brindes únicos e conteúdos exclusivos. Se formos muitos, com pouco fazemos a diferença!

+ posts

Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

Clique aqui para comentar
Subscribe
Notify of

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Publicidade


Veja o Documentário "Pacientes"

Documentário Pacientes Laura Ramos Ajude-nos a crescer

Mais recentes

Dá-me música!2 dias atrás

Cannabis Playlist: #5 — Sonic Youth & Cypress Hill, “I Love You Mary Jane”

‘Sugar come by and get me high’… A voz sexy de Kim Gordon, dos Sonic Youth, convida-nos a entrar num...

Cânhamo2 dias atrás

La Chanvrière, a cooperativa francesa que lidera a transformação de cânhamo na Europa

Torne-se um Patrono e Apoie o Nosso Trabalho! 🌟 Junte-se à nossa comunidade exclusiva! 🌟 Ao subscrever o nosso Patreon,...

Eventos2 dias atrás

Quénia: Nairobi acolhe conferência sobre cânhamo patrocinada pelo USDA

O Quénia vai discutir o futuro do cânhamo industrial no continente africano no próximo dia 20 de Janeiro, no Hotel...

Economia2 dias atrás

São Vicente e Granadinas incentiva cultivadores rastafáris a participar na indústria de canábis medicinal

Após uma amnistia em 2018, o governo de São Vicente e Granadinas está a apoiar cultivadores rastafáris na promoção dos...

Comunicados de Imprensa2 dias atrás

SOMAÍ Pharmaceuticals e PACCAN unem forças para revolucionar a canábis medicinal na Ásia

A colaboração entre a SOMAÍ Pharmaceuticals e a Pacific Cannovation Company Limited (PACCAN), anunciada esta semana em comunicado de Imprensa,...

Economia4 dias atrás

Marrocos afirma o seu potencial estratégico na indústria internacional de canábis

Marrocos continua a destacar-se como um dos principais actores globais no sector da canábis legal, com uma produção a atingir...

Cânhamo6 dias atrás

Paquistão realiza 1º evento internacional sobre a cadeia de valor do cânhamo industrial

A Universidade de Agricultura de Faisalabad (UAF), no Paquistão, promove esta semana, de 15 a 17 de Janeiro de 2025,...

Cânhamo6 dias atrás

Malásia inaugura Centro de Ciência do Cânhamo para impulsionar investigação industrial

A Universidade de Cyberjaya, na Malásia, inaugurou o Centro de Ciência do Cânhamo (HSC), uma instalação pioneira no país, destinada...

Cânhamo6 dias atrás

Luís Albuquerque, da Agrovete, quer produzir sementes de cânhamo em Portugal porque “não há capacidade de resposta para a procura”

A industria do cânhamo em Portugal está a crescer. Os projectos em andamento, a crescente área cultivada e os anúncios...

Crónica6 dias atrás

Japão: Especialistas discutem cenários futuros, tendências e previsões para a indústria da canábis e do CBD em 2025

O projecto “Cannabis & CBD News Predictions 2025” reúne os insights dos principais especialistas e profissionais do sector da canábis...