A ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, pediu aos Kiwis (expressão que identifica internacionalmente os neozelandeses) que votem a favor da legalização da canábis para fins recreativos no referendo que ocorre no próximo ano.
Clark criou recentemente um grupo de reflexão chamado “The Helen Clark Foundation” e acaba de publicar um relatório chamado “The Case for YES”. No relatório, é recomendada a eliminação de condenações menores por canábis bem como a regulamentação de um mercado legal onde a canábis seja transacionada de maneira responsável.
“Não é este [o foco actual] um desperdício de tempo e dinheiro do sistema judiciário?”, Disse Helen Clark. “Será que a polícia não tem coisas melhores para fazer? Não teremos a capacidade de enfrentar a realidade de que 80% dos kiwis vão consumir canábis em algum momento de suas vidas?”
Clark liderou o país de 1999 a 2008, tendo sido a 37ª a ocupar o cargo de primeiro ministro. Se tivesse conseguido o quarto mandato, Helen Clark afirma que teria procurado legalizar o uso recreativo da canábis.
No entanto, o seu governo não avançou a política de canábis de maneira significativa, ao passo que o actual governo decidiu que os cidadãos é que devem escolher se o uso da canábis por adultos deve ser permitida. Os cidadãos poderão votar se a canábis recreativa deve ou não ser legalizada num referendo que ocorrerá no mesmo dia que a eleição geral neozelandesa (possivelmente daqui a um ano, por volta de Setembro de 2020).
A Nova Zelândia tem um dos níveis mais altos de consumo de canábis no mundo, de acordo com o World Drug Report. A Nova Zelândia legalizou o uso de canábis medicinal em 2017 e a indústria está começando a ganhar forma. A Helen Clark Foundation acredita que a Nova Zelândia deve seguir os passos do Uruguai, Canadá e vários estados dos EUA, que adoptaram uma atitude mais madura em relação ao uso de canábis.
Ela afirma que um voto “sim” em 2020 promoverá os objetivos de saúde pública e promoveria maior equidade social. Acrescenta que a proibição não funciona, não pode erradicar o consumo, e que é uma perda de tempo policial, que pune desproporcionalmente a comunidade indígena Maori.
A ex-primeira ministra, quer ver a Nova Zelândia a reconhecer o uso de canábis como uma questão social e de saúde pública, e não como criminal, tal como o modelo português defende. Clark insiste que a descriminalização não é suficiente e que a Nova Zelândia deve estudar os desenvolvimentos no Uruguai e na América do Norte antes de iniciar uma indústria comercial regulada.
Além destas medidas, Clark defende também que os indivíduos e comunidades que foram mais afetados pela proibição, devem de beneficiar das mudanças na lei, permitindo uma oportunidade justa de se tornarem vendedores de retalho e produtores. Clark deixou o alerta de que grandes conglomerados de canábis com fins lucrativos não deveriam dominar o cultivo e o comércio da Nova Zelândia.