Tendo em conta que ainda não foi anunciado o preço, qual seria o valor aceitável a pagar pelos pacientes por este produto?
5 a 10 euros o grama, se não comparticipado. Menos de 5 euros, se comparticipado. Não esquecer que a comparticipação é parte da Lei que ajudámos a aprovar…
Que outros produtos à base de canábis espera ver aprovados este ano em Portugal?
Este ano não sei. Mas a médio prazo pelo menos, espero ver inflorescências ou flores desidratadas com diferentes quantidades das principais moléculas, THC(A), CDB(A) e CBC(A); óleos de CBD e de CBD/THC; e comestíveis.
Como tem feito até agora para suprir a sua necessidade de arranjar canábis terapêutica?
Recorrendo fundamentalmente ao mercado negro e tentando plantar ocasionalmente, com as enormes condicionantes que de ambas as formas advêm. Não quero ter problemas com a justiça por utilizar uma planta como medicamento, mas sou obrigado a recorrer ao mercado negro, sem qualquer controlo da qualidade do que compro e, por vezes, sujeitando-me desnecessariamente a situações de algum risco, além de incorrer na ilegalidade. Em alternativa, já tentei plantar algumas vezes, com todos os condicionalismos que daí advêm. Sou paraplégico e não tenho ninguém que me ajude, pelo que as hipóteses de sucesso são sempre reduzidas. Como se não bastasse incorrer uma vez mais na ilegalidade, até do amigo do alheio tenho que recear, pois da última vez que plantei canábis, roubaram-me as plantas!
Tendo em conta que já existe este produto aprovado, como pensa vir a fazer no futuro para ter a canábis de que necessita?
Sendo sinistrado de trabalho, acompanhado por uma seguradora, terei de tratar que seja essa mesma instituição a providenciar o medicamento. Enfrentarei uma burocracia muito própria, mas passará por “encontrar” um médico que me prescreva a substância conforme previsto na Lei.