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Pedro Andrade: “As flores desidratadas são precisamente o meio pelo qual consumo a canábis”

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Foto: Laura Ramos | Cannareporter

Pedro Andrade tem 40 anos, vive no Algarve e foi nadador-salvador até aos 27 anos, altura em que, a caminho do trabalho na sua Scooter, foi atropelado por um automóvel. Depois de 13 meses de luta pela vida e recuperação de uma lesão medular no hospital, Pedro acabaria por ficar paraplégico. Apesar de hoje ser totalmente independente e fazer uma vida (quase) normal, Pedro sofre de espasticidade, associada à sua condição de paraplegia. Depois da aprovação pelo Infarmed da primeira substância ou preparação à base de canábis, flores secas com 18% de THC, o Cannareporter falou com Pedro Andrade, para saber de que forma este novo produto o poderá ajudar.

Pedro tem usado os canabinóides para minimizar os sintomas da sua patologia e admite já ter recorrido ao auto-cultivo, para não ter de comprar canábis adulterada no mercado paralelo. Poderá este novo produto ser uma alternativa?

Este produto pode resolver os seus problemas enquanto paciente?
Sim. As inflorescências ou flores desidratadas são precisamente o meio pelo qual consumo a canábis. Não conseguindo precisar as quantidades percentuais das diferentes moléculas presentes na canábis que consumo, é recomendado pela doutrina o efeito “entourage” para casos de espasticidade relacionada com lesões medulares, pelo que, sim, este teor de 18% de THC e 1% de CBD poder-se-ia aplicar ao meu caso.

Tendo em conta que ainda não foi anunciado o preço, qual seria o valor aceitável a pagar pelos pacientes por este produto?
5 a 10 euros o grama, se não comparticipado. Menos de 5 euros, se comparticipado. Não esquecer que a comparticipação é parte da Lei que ajudámos a aprovar…

Que outros produtos à base de canábis espera ver aprovados este ano em Portugal?
Este ano não sei. Mas a médio prazo pelo menos, espero ver inflorescências ou flores desidratadas com diferentes quantidades das principais moléculas, THC(A), CDB(A) e CBC(A); óleos de CBD e de CBD/THC; e comestíveis.

Como tem feito até agora para suprir a sua necessidade de arranjar canábis terapêutica?
Recorrendo fundamentalmente ao mercado negro e tentando plantar ocasionalmente, com as enormes condicionantes que de ambas as formas advêm. Não quero ter problemas com a justiça por utilizar uma planta como medicamento, mas sou obrigado a recorrer ao mercado negro, sem qualquer controlo da qualidade do que compro e, por vezes, sujeitando-me desnecessariamente a situações de algum risco, além de incorrer na ilegalidade. Em alternativa, já tentei plantar algumas vezes, com todos os condicionalismos que daí advêm. Sou paraplégico e não tenho ninguém que me ajude, pelo que as hipóteses de sucesso são sempre reduzidas. Como se não bastasse incorrer uma vez mais na ilegalidade, até do amigo do alheio tenho que recear, pois da última vez que plantei canábis, roubaram-me as plantas!

Tendo em conta que já existe este produto aprovado, como pensa vir a fazer no futuro para ter a canábis de que necessita?
Sendo sinistrado de trabalho, acompanhado por uma seguradora, terei de tratar que seja essa mesma instituição a providenciar o medicamento. Enfrentarei uma burocracia muito própria, mas passará por “encontrar” um médico que me prescreva a substância conforme previsto na Lei.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e directora de programa da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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