O CBDA (ácido canabidiólico) e o CBGA (ácido canabigerólico), dois canabinóides presentes nas flores de cânhamo industrial, bloqueiam a entrada celular de SARS-CoV-2 e as variantes emergentes, revela um estudo da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados Unidos da América (EUA), liderado pelo investigador Richard van Breemen. Os resultados desta investigação pré-clínica (apenas feita em laboratório e não com humanos) foram publicados esta semana na PubMed e na ACS – Chemistry for Life e confirmam que os dois canabinóides na forma ácida (encontrados nas flores cruas da planta) se ligam à proteína Spike, impedindo o vírus da Covid penetrar nas células.
A notícia está a chegar aos meios de comunicação mainstream, como a Forbes ou o Público, e relata os benefícios dos canabinóides na doença provocada pelo SARS-CoV-2, já avançados numa investigação realizada pelo Cannareporter há precisamente um ano, em Janeiro de 2021.
A equipa de investigadores liderada por van Breemen, professor doutorado e investigador principal da Faculdade de Farmácia e do Centro Global de Inovação do Cânhamo da Universidade, descobriu que o CBDA e o CBGA, dois componentes do cânhamo, uma das variedades da cannabis sativa com baixo teor de THC (tetrahidrocanabinol), conseguem ligar-se aos “picos” presentes na proteína spike do SARS-CoV-2, impedindo que o vírus penetre nas células.
De acordo com Richard van Breemen, “estes canabinóides ácidos são abundantes no cânhamo e em muitos extractos de cânhamo”, explicou o professor no comunicado da Universidade, que divulgou o seu extenso trabalho. Van Breemen salientou ainda que estes canabinóides “podem ser ingeridos oralmente” e “têm um bom perfil de segurança” nos seres humanos. “Isto significa que substâncias que inibam a entrada do vírus nas células, como os ácidos do cânhamo, poderão ser utilizados para prevenir uma infecção por SARS-CoV-2”, explica o investigador.
Cânhamo também é eficaz noutras variantes, como a Alfa e a Beta
Além destes resultados, as componentes do cânhamo também se revelaram eficazes contra outras variantes do coronavírus. “A nossa investigação mostrou que os componentes do cânhamo foram igualmente eficazes contra as variantes do SARS-CoV-2, incluindo a variante B.1.1.7, que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido, e a variante B.1.351, detectada pela primeira vez na África do Sul”, avançou Van Breemen, citando as duas variantes, a Alfa e a Beta, respectivamente.
O Cannareporter enviou questões ao investigador Richard van Breemen e publicará uma entrevista com o investigador logo que obtenha as respostas.