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Paulo Tavares: “Já tive centenas de doentes a consumir canábis e nenhum ficou viciado”

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Paulo Freitas Tavares durante a sua apresentação na PTMC - Portugal Medical Cannabis | Foto: Renato Velasco

Há cerca de 30 anos que Paulo Freitas Tavares, Médico Oncologista, aconselha a utilização de canábis aos seus doentes e garante que nenhum teve problemas de dependência pela sua utilização. Mas, aos 59 anos, além do lado medicinal, Paulo conhece também o lado mais “recreativo” da canábis e assume, sem qualquer preconceito, fumar em ocasiões festivas. Em entrevista à Cannadouro Magazine, Paulo Tavares tirou a canábis do armário e explicou como faz a analogia entre a planta e o champagne: “O champagne bebe-se em ocasiões especiais, em festas ou comemorações, e eu, nos últimos anos faço questão de fumar canábis na passagem de ano, porque gosto de começar o ano a rir.”

Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, em 1985, Paulo Freitas Tavares especializou-se em Hematologia Clínica em 1993 e em Oncologia Médica em 1997. Actualmente é responsável pela Unidade de Tumores do Aparelho Locomotor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (CHUC), nomeada “Centro de Referência de Oncologia de Adultos — Sarcomas das Partes Moles e Ósseos”.

A observação de pacientes que melhoraram a utilizar canábis permitiu-lhe ter experiência no tratamento de doentes oncológicos com canabinóides, que passou a recomendar de forma sistemática. Admite, sem qualquer problema, ser um utilizador ocasional de canábis e desdramatiza os preconceitos associados à sua utilização, garantindo que o tabaco ou o álcool têm efeitos muito mais nefastos. Assumidamente “viciado em nicotina e cafeína”, Paulo Freitas Tavares não poupa críticas a alguns colegas, às forças policiais e ao Infarmed, a quem acusa de preconceito, hipocrisia e secretismo, respectivamente, fazendo com que a canábis nunca mais chegue aos doentes e aos hospitais.

Quando é que foi a primeira vez que se apercebeu que a canábis podia ter um efeito medicinal?
Ora bem, eu aprendi isso com alguns doentes, que já eram consumidores, e reparei que, enquanto esses doentes faziam quimioterapia, não tinham os efeitos secundários que todos os outros tinham, nomeadamente em termos de náuseas, vómitos e falta de apetite. Eram doentes que faziam a sua quimioterapia sem problemas, [ppp_patron_only level=”3″ silent=”no”]

continuavam a comer muito bem e eu comecei a associar as duas coisas. Como vi que deixavam de ter efeitos secundários da quimioterapia, comecei a aconselhar os outros doentes a consumirem, visto que, em termos de contraindicações, não havia nenhuma, e também não havia interacções preocupantes entre a canábis e a quimioterapia. Havia era, sim, uma melhoria da qualidade de vida dos doentes e esse conhecimento foi-se consolidando, a experiência foi aumentando, sempre com resultados positivos.

Paulo Tavares numa consulta aberta a Pacientes, durante a PTMC – Portugal Medical Cannabis. | Foto: Renato Velasco

Isso foi há quanto tempo?
Há cerca de 30 anos, aqui nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Isso possibilitou termos uma grande experiência no tratamento destes doentes e passámos a recomendar de forma sistemática a canábis. Os doentes perguntavam “E onde é que arranjo isso? Onde é que isso se vende?” e nós tínhamos que dizer “infelizmente, tem que ser no mercado negro.” E esse sistema continua até hoje, porque continuamos sem ter uma substância que substitua a canábis do mercado negro para os fins que nós pretendemos.

Já tem alguma ideia do que é que funciona melhor para sarcomas, por exemplo?
Não. A única ideia que temos é o efeito anti-emético e estimulante do apetite que, para nós, é precioso e nos permite salvar a vida dos doentes. A investigação subsequente, que ainda não começou, está dependente de termos a disponibilidade da canábis nos hospitais e é uma pena que não exista já.

Mas também para ajudar na dor oncológica, certo?
Ora bem, a canábis potencia os efeitos dos opióides, sabemos isso, mas o grande efeito secundário dos opióides é também a náusea. Ou seja, nós temos doentes que têm a dor controlada com morfina ou com derivados da morfina, mas que têm que optar todos os dias, ao pequeno-almoço, se vão ter um dia de enjoo ou se vão ter um dia com dores. Isto porque para terem um dia sem dores passam o dia enjoados com a morfina, e para não estarem enjoados vão passar um dia com dores. Se consumirem canábis conseguem consumir a morfina necessária para lhes tirar as dores e conseguem não ter a náusea induzida pela morfina, o que é o melhor de dois mundos. E também reduzir as doses de morfina, claro.

Neste momento, nas farmácias portuguesas, temos apenas disponíveis flores com 18% de THC.
Sim, e que não têm CBD. Eu acho isso um perigo, porque para além de não terem CBD, não terão também muitos outros canabinóides que são importantes e sabemos que os canabinóides não actuam como substâncias simples, actuam em conjunto, potenciando os efeitos uns dos outros e antagonizando os efeitos secundários uns dos outros – o chamado efeito entourage. Neste momento, se sabemos pouco da canábis natural, numa planta em que estamos artificialmente a eliminar canabinóides importantes, então não sabemos nada e, não sabendo nada, é perigoso dar isso aos doentes. Eu não conto receitar isso a ninguém. 

Porquê?
Porque acho que é perigoso. A experiência que eu tenho é com a canábis natural, que terá uma percentagem equilibrada de CBD e THC. Uma planta sintética, de engenharia genética, eu não tenho experiência e não vou arriscar, não faz sentido.

Mas os pacientes, quando compram no mercado ilícito, em princípio também não sabem quanto tem de CBD e THC…
Ora bem, como a canábis é uma substância extremamente segura, o que os doentes fazem quando compram um lote novo de canábis, seja de flores secas ou de haxixe, eles tentam chegar à “dose de rir”. Vão tomando até se começarem a rir feitos tontos e ficam a saber que a dose que precisam de tomar no dia-a-dia é abaixo disso. Portanto, calibram as coisas assim e já sabem de experiência própria que com algumas canábis essa “dose de rir” é mais baixa, com outras é mais alta, e vão-se habituando a dosear aquilo que consomem diariamente por aí.

É como se fosse um bocadinho “a olho”?
É um bocadinho “a olho” e experiência própria, porque não só é a melhor maneira como também é muito seguro, não há problema nenhum de excesso. Aliás, um doente que tome a dose que sabe que o mantém com apetite e bem-disposto no dia-a-dia, se chegar a um fim-de-semana e se quiser divertir numa festa pode aumentar a dose para rir, isso não tem mal nenhum. Mas claro, ninguém quer andar a rir-se todos os dias, isso seria uma tontice. Há muito esse medo de que os doentes se viciem na canábis. Já tive centenas de doentes a consumir canábis e nenhum ficou viciado, isso é um disparate. Ficaram com segurança em relação à planta e eventualmente podem consumir numa festa, porque sabem que é seguro, e principalmente que não dá ressaca. Mas não se tornam, de forma nenhuma, consumidores habituais quando deixam de precisar.

E em termos da utilização? Como é que a maioria dos doentes utiliza, sabe?
Há uma pequena percentagem que fuma, porque são fumadores habituais e, portanto, não lhes faz grande diferença misturar a canábis com o tabaco ou até fumar a erva pura e simples, mas a maior parte dilui e mistura com manteiga.

E a vaporização? As pessoas estão cada vez mais a adoptar os vaporizadores, por serem mais saudáveis, ou não?
Não tenho nenhum doente que tenha usado isso. Aliás, o preço dos vaporizadores, que varia entre os 200 e os 300 euros, não está ao alcance da larga maioria dos meus doentes. 

Acha que deviam ser comparticipados, agora que existe esta opção das flores nas farmácias?
Não vejo grande interesse na vaporização. Por um lado, não tenho experiência e, por outro, de facto, a mistura com a manteiga, que os doentes fazem, tranquilamente, em sua casa, resulta muito bem, portanto não vejo necessidade da vaporização.

Teve alguma situação caricata com o consumo de canábis no seu serviço no hospital?
Uma vez, numa enfermaria de seis camas, uma doente que levou umas bolachinhas e esqueceu-se de informar as outras doentes que eram feitas com manteiga “aditivada”, e a meio da manhã era uma alegria naquela enfermaria, com todas as doentes a rir-se, muitíssimo bem-dispostas. Os enfermeiros não entendiam o que estava a acontecer, mas naquele quarto foi uma manhã muito divertida. Houve outra situação de uma colega minha, médica, cuja mãe tinha uma doença oncológica e estava a tomar a tal manteiga na sopa. Numa vez, a filha e o genro foram dar-lhe o almoço a horas diferentes e “temperaram” a sopa da mãe em dose dupla. A meio da tarde a colega ligou-me a dizer que a mãe não parava de rir e o que é que havia de fazer… E eu disse “Olhe, não faça nada, não se preocupe que ela à hora de jantar já está bem… e guarde-me um bocadinho dessa sopa num Tupperware que eu gostava de provar, deve estar boa!” (risos)

O Dr. Paulo tem experiência pessoal com a canábis para fins “recreativos”. Quando é que foi a primeira vez que experimentou?
A primeira vez terá sido no fim do liceu, talvez no ano propedêutico, no princípio dos anos 80. Era uma substância que circulava livremente, principalmente nos meios mais progressistas, mais culturais, grupos de teatro, música e afins. Terei experimentado umas três a quatro vezes, nessa altura. Enfim, tinha alguma graça, mas também não era uma canábis de grande qualidade, convenhamos. A primeira canábis de melhor qualidade que eu provei já foi depois, já era médico.

Quando é que foi?
Foi por alturas de um congresso em Amesterdão, já nos anos 90. Aí, numa coffee shop, resolvi experimentar e, de facto, era uma canábis de qualidade e virada precisamente para o lado recreativo. Foi uma sensação muito engraçada, muito interessante, e gostei. 

E lembra-se qual foi a melhor variedade que experimentou?
Devo dizer-lhe que a melhor canábis que experimentei foi de férias na Jamaica. Embora o comércio da canábis seja proibido, desde os bagageiros do aeroporto ao recepcionista do hotel toda a gente se oferece para vender canábis e, de facto, considero das melhores que já experimentei, do ponto de vista da diversão e da recreação. É uma canábis que é cultivada pelas pessoas no quintal, como cá se cultivam couves-galegas. Lá as pessoas cultivam canábis, fazem o seu pequeno comércio e vendem aos turistas e, de facto, é uma canábis extremamente agradável.

E hoje em dia, ainda utiliza?
Para mim (e para a maior parte das pessoas que eu conheço que usam canábis do ponto de vista apenas recreativo), tem mais ou menos o mesmo enquadramento que o champagne. Ninguém anda a beber champagne todos os dias, nem a acompanhar as refeições diárias com champagne.

O champagne bebe-se em ocasiões especiais, em festas ou comemorações, e eu, nos últimos anos faço questão de fumar canábis na passagem de ano, porque gosto de começar o ano a rir.

Acho que é uma boa maneira de começar o ano. Eu bebo, na passagem de ano, uma flûte de champagne para fazer o brinde, mas o produto para diversão que eu uso é a canábis. E, curiosamente, mesmo tendo-me deitado tarde, acordo no dia 1 de Janeiro relativamente cedo e extremamente lúcido, com uma capacidade de trabalho invulgar. Até tenho aproveitado os dias 1 de Janeiro para fazer trabalhos mais intelectuais, para escrever, porque de facto é uma lucidez e uma capacidade de concentração extremas, ao contrário dos dias 1 de Janeiro de quem bebe álcool, que são dias de ressaca terrível, de mal-estar, dores de cabeça, náuseas… Eu tenho tido dias 1 de Janeiro extremamente agradáveis e produtivos. 

Paulo Tavares durante um Webinar organizado pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

O seu consumo limita-se à passagem de ano ou tem mais alguma ocasião especial?
Pode haver uma ou duas, é como lhe digo, é como o champagne. Quando é que uma pessoa bebe champagne, durante o ano? Se formos ver, conta-se pelos dedos de uma mão, não é? A maior parte das pessoas que conheço que fazem um consumo puramente recreativo da canábis têm comportamentos semelhantes. Não conheço ninguém, nem entre quem consome canábis recreativamente nem entre quem a consome por motivos medicinais, que tenha alguma vez ficado viciado em canábis. Pelo menos viciado da mesma maneira que uma pessoa se vicia em tabaco, por exemplo. Digamos que a canábis estará no mesmo nível do café ou do chocolate. Há pessoas que gostam muito. Eu, por exemplo, admito que sou viciado também em cafeína. O meu cafezinho logo de manhã… Aí para o fim da manhã começo com dores de cabeça, portanto tenho mesmo sintomas físicos de privação da cafeína. Eu bebo 4-5 cafés por dia e, admito, irremediavelmente e infelizmente, sou viciado em cafeína, sou viciado em nicotina, mas em canábis não sou, nem conheço ninguém que seja. Do ponto de vista da adicção, o tabaco é talvez a droga mais aditiva e mais difícil de largar. Conheço muita gente que já parou de fumar há 20 anos e não se atreve a pegar num cigarro, porque sabe que recomeçaria imediatamente do zero. Isto com a canábis não se passa, de forma alguma. 

Como é que os seus colegas médicos reagem a esta sua abertura sobre a canábis?
Eles não reagem mal comigo, mas terem uma posição igual à minha, ou serem abertos e francos com tudo isso, de facto não é frequente. Tenho colegas que consomem, alguns bastante mais do que eu, que eram conhecidos nos seus tempos de liceu como grandes apreciadores da substância, mas hoje jurarão a pés juntos que nunca tocaram numa coisa dessas, que isso não, drogas não! Mas continuam, na privacidade das suas casas, a consumir, obviamente.

Acha que ainda há muita hipocrisia…?
Muita, muita.

Uma hipocrisia terrível e, principalmente, uma actuação vergonhosa das forças de segurança, particularmente da G.N.R., na perseguição ao pequeno comércio de canábis, porque os próprios agentes que estão a fazer as apreensões, obviamente que também consomem, ocasionalmente – e não tem mal nenhum que o façam!

Agora, é uma tontice andarem a perder tempo com isso, enquanto os grandes criminosos continuam à solta, como todos sabemos, impunemente e sem qualquer perseguição policial.

Em relação aos jovens, que são normalmente os grupos etários que mais preocupam, que conselhos pode dar, enquanto médico e pessoa que já experimentou?
Primeiro, que não tenham pressa em experimentar. Têm o resto da vida para utilizar e, durante a juventude, que é uma altura em que muitas coisas ainda estão em formação, não é conveniente, de facto, fazer estas experiências. Durante a juventude, têm que se preocupar com as paixões de adolescência, com os estudos e com o desporto. Têm tempo, mais tarde na vida, como por exemplo no final da Universidade. Já desafiei vários alunos de Medicina para fazer um carro na Queima das Fitas onde se assumisse o álcool zero e se fizesse toda a festa com canábis, para dar o exemplo. O álcool é um cancro da nossa sociedade. É responsável por muitas doenças, mas principalmente por muita violência e, particularmente, violência contra as mulheres, homicídios. E vende-se livremente em todos os supermercados e mercearias. É importante que haja, por parte da juventude, um distanciamento maior do álcool e assumir que, em alturas de diversão, há substâncias que substituem o álcool com grandes vantagens, quer em termos de malefícios, quer em termos de ressaca. A ressaca é uma situação extremamente desagradável e que não existe com a canábis.

O álcool é, aliás, a principal causa de morte por overdose entre os jovens, sabia disso?
Não sabia esses números, mas já atendi casos dramáticos no banco do hospital. Uma vez chegaram-me ao banco dois rapazes novos que tinham feito uma aposta em como eram capazes de beber uma garrafa de aguardente. Um chegou limpinho e já cadáver! O outro chegou todo sujo, vomitado e ainda vivo. O que o salvou foi ter vomitado o álcool, não ter ficado lá dentro, mas com o amigo foi dramático, já não teve tempo de chegar com vida. Isso com a canábis, por exemplo, nunca aconteceria. 

Fala com os seus colegas sobre canábis ou sente que ainda existe resistência por parte de alguns médicos?
Existe, ainda há muito preconceito, e toda esta resistência do Infarmed e das autoridades de saúde em deixar que a canábis circule livremente, de facto deixa as pessoas reticentes na sua utilização. Por exemplo, quando saiu a lei do aborto, já anos antes a G.N.R. não andava a perseguir as pessoas que abortavam, mas o que nós temos neste momento é a G.N.R. a perseguir, com grande insistência, quer a posse, quer o cultivo, mesmo por pequeno que seja, de canábis. Ou seja, isto passa uma mensagem social que é uma coisa perigosa e que é algo que tem que se combater, o que é uma mensagem errada, mas que as autoridades continuam a fazer questão de manter. E depois, os médicos que não têm experiência, com todo este ambiente social… Ainda para mais há alguns psiquiatras, tontos, que vêm com fantasmas de efeitos secundários terríveis. São psiquiatras que não têm experiência nenhuma de administração medicinal da canábis e tudo isto contribui para que haja uma fraca adesão dos médicos à canábis medicinal.

Quantos é que conhece, mais ou menos, que estejam assim mais abertos?
Muito poucos. Diria que nem 10% dos médicos está, de facto, empenhado em utilizar a canábis medicinal neste momento.

Quando é que acha que vai ser socialmente aceite?
Quando o Infarmed deixar que haja canábis natural, selvagem, nos hospitais. E quando a G.N.R. deixar de perseguir as pessoas que têm em casa um vasinho com uma planta ou duas. Quando todo o ambiente social mudar, as pessoas vão começar… os próprios doentes, por curiosidade, vão começar a experimentar e vão sentir os bons efeitos da canábis e vai ser mais uma questão dos doentes para os médicos do que propriamente dos médicos para os doentes. Se um doente se dá bem diz ao amigo, o amigo experimenta e depois vai contar ao médico. O médico vai aprender com o doente, não vai ser o contrário, eu estou convencido disso.

Na Lei da canábis medicinal estava previsto que o governo daria formação aos profissionais de saúde. Já teve alguma formação?
Zero absoluto. Nada. E estou convencido que nas Faculdades de Medicina continua a não se falar do assunto. Acho que em menos de 4-5 anos as coisas não vão mudar.

Se pudesse mudar alguma coisa, o que seria?
Eu mudava a lei! Fundamentalmente, o que está a restringir as coisas são os vários impedimentos que a legislação vai impondo, são grãos de areia que se põem na engrenagem. Haverá interesses que não querem que a canábis tenha sucesso. Eventualmente a grande indústria farmacêutica, visto que a canábis vai competir directamente com alguns medicamentos e depois, enfim, não se percebe por que continua a haver esta pressão e esta repressão policial em cima de uma planta cujo cultivo é fácil e é altamente benéfica para muitos doentes.

Em relação ao facto de o Infarmed aplicar à canábis os mesmos princípios que aplica aos medicamentos, não será isto também um entrave para podermos ter mais alternativas disponíveis para os doentes?
O Infarmed… Eu não percebo muito bem as atitudes, porque ao autorizar aquela canábis de 18% da Tilray e a sua entrada no mercado com uma composição secreta, isso não é de forma alguma o procedimento para os outros medicamentos. Não há nenhum medicamento no mercado com uma composição secreta, ou que seja segredo industrial. Por outro lado, dificulta a produção da canábis natural e fazem uma enorme guerra para que isso não seja viável. A verdade é que é muito fácil plantar canábis e extrair o óleo, mas o que se vê é que isso nunca mais chega aos doentes e aos hospitais.

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Ana
2 anos atrás

Grande médico! Haviam de haver mais assim! Em 2017, quando comecei a usar oleo de CBD para a
dor crónica, quando disse numa consulta de ortopedia que tinha deixado de tomar o
Tramadol Retard 100mg a cada 12 horas, mais relaxantes musculares, mais anti-inflamatórios,
ele disse que me ia retirar da possibilidade de cirurgia à coluna, porque eu me recusava a seguir a “terapêutica protocolar”.

Daí comecei a largar o CBD (que na verdade não servia para a dor crónica) e comecei a
consumir cannabis com infusões de ghee e óleo de coco.
Levei alguns dias até encontrar a dose certa para mim e uso essa dosagem duas a três vezes por dia,
se for necessário aumento um pouco, e tenho dias em que nem a uso.
Também me ajuda controlar a ansiedade e os pensamentos recorrentes por SPT, ajuda-me com o sono.
Na parte recreativa, ajuda-me a na parte criativa da escrita e dos meus trabalhos de artesanato.

Ocasionalmente fumo cannabis pura, quando a dor é mais intensa e não dá para esperar pelo alívio
quando ingiro a minha “cannabutter”, pode demorar mais de duas horas a fazer o seu efeito
no meu organismo.
Também tenho supositórios feitos por mim com manteiga de cacau e flores de cannabis.
Com tabaco não misturo, pois deixei de fumar em 2014 e não quero retornar ao tabaco.

Poucas são as pessoas que sabem que consumo cannabis desta forma, porque na verdade o
preconceito é mais que muito.

Quanto às flores só com THC ou só com CBD, não são de facto uma boa opção. Não concordo com o
que está ser feito pela industria farmacêutica.
Pelo que tenho lido nos últimos 5 anos sobre a cannabis, estão a “roubar” digamos assim,
a possibilidade de ingerirmos tudo que a planta tem. Não é por acaso, que em muitas culturas é
considerada uma planta sagrada. O ser humano tem a mania da “purificação” de tudo e um par de botas
e na verdade isso deixa-nos cada vez mais doentes e alienados da Vida Real.

Gratidão

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