Um estudo sobre os padrões de consumo de canábis depois da legalização do uso adulto no Uruguai revelou uma diminuição na utilização por alunos do 8°, 10° e 12° anos de escolaridade. O estudo, intitulado “A legalização recreativa da canábis muda os padrões de uso da canábis? Evidências dos alunos do ensino médio no Uruguai”, teve como base um universo de 204730 alunos do 8°, 10º e o 12° anos e foi realizado entre 2007 e 2018.
Publicada na revista “Addiction”, a pesquisa concluiu que a legalização da canábis recreativa no Uruguai não está associada a aumentos na utilização de canábis no último ano/mês ou a mudanças no uso frequente de canábis entre os jovens.
Em 2013, o Uruguai tornou-se o primeiro país a legalizar e regulamentar a produção e a distribuição de canábis para uso recreativo. A pesquisa quis perceber se o modelo não comercial de legalização da canábis recreativa do Uruguai estava associado a mudanças na prevalência do uso arriscado e frequente de canábis entre estudantes do ensino médio.
“Usámos dados de pesquisas transversais repetidas de estudantes do ensino médio no Uruguai e no Chile (2007–2018). Usando uma abordagem de diferença em diferença, avaliámos as mudanças na prevalência do ano passado, mês passado, qualquer uso arriscado e frequente de canábis após a promulgação (2014) e implementação (2016) da legalização da canábis entre a amostra completa de estudantes do ensino médio e entre os alunos que relataram uso no último ano/mês”, pode ler-se no documento.
O estudo analisou separadamente os resultados dos alunos de 12 a 17 anos e dos alunos para os quais a canábis se tornou legalmente acessível, de 18 a 21 anos.
A equipa relata que encontrou “uma diminuição no uso no ano passado e no mês passado após a promulgação ou implementação. Entre os estudantes de 18 a 21 anos, pós-legalização, observámos um aumento transitório em 2014, que diminuiu posteriormente para: qualquer uso de risco entre aqueles que relataram uso no último ano (diferença de prevalência [DP] = 13,5%; IC 95%: 2,0, 24,9), uso frequente na amostra total (PD = 4,5%; IC 95%: 1,0, 8,1) e uso frequente entre aqueles que relataram uso no último mês (PD = 16,8%; IC 95%: 1,9, 31,8)”.