Alex Rogers fundou a International Cannabis Business Conference (ICBC) em 2014, depois de ter criado uma clínica de canábis medicinal no Oregon, nos Estados Unidos da América (EUA). A visão de uma indústria interligada planetariamente acabou por trazê-lo à Europa, onde apostou em fazer da ICBC um dos maiores eventos de B2B (business to business).
A revista High Times escreveu no ano passado que a primeira coisa que se vê em Alex Rogers, não importa onde e quando você o conhece é “este alto, esguio, bonito GI Joe “cannapreneur”, com a incrível capacidade de se conectar de forma simples, eficaz e muitas vezes colorida – não importa quem você seja”. A mais famosa revista sobre canábis define ainda Rogers como “no mínimo, um dos “old school” que também conseguiu evoluir com uma indústria que ainda está em mudança”.
Se há uma coisa que Alex Rogers sabe fazer bem é aproveitar a vida ao máximo. O próximo evento que está a organizar é o ICBC Retreat, um retiro para investidores nos próximos dias 22 e 23 de Setembro, em Rovinj, na Croácia. O retiro acontecerá no Rovinj Grand Park, um hotel de 5 estrelas, e inclui uma after-party na piscina com DJ Muggs, dos Cypress Hill. Entretanto, o vídeo que resume a ICBC em Berlim foi recentemente publicado nas redes sociais, para destacar os momentos mais importantes do evento e relembrar os participantes que mais está para vir no próximo ano: Barcelona, a 9 de Março e Berlim, novamente, de 27 a 30 de Junho de 2023.
Falámos brevemente com Alex Rogers durante a ICBC, em Berlim, no passado mês de Julho e ficámos a saber um pouco mais sobre o seu trajecto e como vê a indústria da canábis na Europa, sem esquecer Portugal.
O Alex é o principal organizador da ICBC. Como é que começou a sua relação com a canábis e como surgiu a ideia de criar este evento?
A canábis faz parte da minha vida há muito tempo. Comecei a organizar eventos nos anos 90, fazendo eventos de hip-hop. Eu sempre gostei de festas e quando os meus pais saíam da cidade, aos 16 anos já fazia festas para os meus colegas em minha casa e outras coisas, que eram meio proibidas, mas super divertidas, quando ninguém estava a fazer isso. Então, eu sempre realizei ajuntamentos, reuniões e festas. E eu já estava na indústria da canábis. Tenho uma clínica de canábis medicinal no Oregon e, eventualmente, todos os meus pacientes – eu não sou médico, só tenho médicos que trabalham para mim – na clínica, estavam à procura de mais informações sobre a indústria, à medida que o negócio crescia e à medida que eles, eventualmente, legalizaram a canábis no Oregon. E então, eu comecei a Conferência de Negócios de Canábis do Oregon e sabia que poderia juntar o que estava a fazer à clínica, com a minha experiência de eventos. Comecei a conferência de negócios e o que isso fez foi explodir e foi muito bem sucedido. E eu fiquei tipo “Oh meu Deus, posso fazer eventos e realmente levá-los para o próximo nível na indústria de canábis”. E então percebi imediatamente que queria ir para o internacional, porque ninguém era internacional e, portanto, comecei a Conferência Internacional de Negócios de Cannabis (ICBC) em 2014, com a visão de que a canábis seria legalizada e regulamentada em todo o mundo. Sabia que queria fazer da Europa o meu foco principal, porque pensei que esse seria o próximo mercado, e a Alemanha em particular. Portanto, iniciámos o nosso primeiro ICBC em Berlim, em 2017 e este ano de 2022 é, na verdade, a nossa quinta edição.
Quais são os principais destaques que faz sobre este evento? Quantos participantes e quantos stands?
Cerca de 2.500 participantes, 125 stands, mais de 200 patrocinadores… é de longe o maior evento de negócios para negócios (B2B) da Europa. Está a crescer. O que destaco é que há pessoas de mais de 75 países diferentes aqui. Sou um cidadão global, também um cidadão universal e gosto de culturas diferentes, pessoas diferentes. Gosto de ter o meu cérebro estimulado ao longo do dia, conversando em diferentes idiomas e aprendendo coisas sobre diferentes lugares e culturas, conhecer pessoas e obter informações que não teria se estivesse apenas conversando com as mesmas pessoas da mesma comunidade, o que é óptimo. Não estou a criticar pessoas que gostam de estar dentro da sua comunidade. Acho que todos gostamos de estar com coisas familiares, mas sair da minha zona, ficar desconhecido e aprender coisas sobre o mundo, para mim é absolutamente fascinante.
Sendo dos Estados Unidos, como é que vê a indústria de canábis na Europa?
Então, essa é a visão: eu trouxe algo que já está a acontecer na América. Agora, pela primeira vez, o ICBC Berlin 2022, como uma feira comercial, está a trazer esse elemento americano para a Europa. Portanto, a analogia é extremamente semelhante, o que está a acontecer na América com o que está a acontecer na Europa. Algumas das dinâmicas são diferentes, em termos de quem está a legalizar a nível federal. É claro que, nos Estados Unidos, apenas temos legalização por estados e o Canadá foi grande durante um tempo, principalmente com o medicinal, e assim por diante, mas o teor e a trajectória geral do mercado é extremamente semelhante.
O Cannareporter é baseado em Portugal, o que sabe sobre o nosso país?
Sei que Portugal é um dos melhores países da Europa. Na minha opinião, os melhores países na Europa são a Eslovénia, Croácia e Portugal. E eu nunca estive em Portugal, mas digo isso às pessoas o tempo todo, porque li estatísticas sobre Portugal. Converso com pessoas que moram em Portugal, converso com expatriados que moram em Portugal, li as estatísticas em termos de quão seguro é um país como Portugal. Eu acho que é realmente importante, nos dias de hoje, que as famílias possam prosperar e, se você não mora numa comunidade segura, é difícil para as famílias prosperarem. Então, só posso supor que Portugal considere a família ainda muito importante e isso é algo que eu tenho como seguro e querido no meu coração.
Sabia que Portugal é um dos maiores produtores de canábis?
Oh sim. Bem, quero dizer, em termos de canábis, eles têm um pouco de avanço. Estão a fazer coisas que outras pessoas não estão e eu acho que o mercado tem agora, de facto, os olhos postos em Portugal. Acho que, claramente, o futuro de Portugal na indústria da canábis é servir o mercado europeu.