A Guardia Civil anunciou recentemente a maior apreensão de canábis de sempre em Espanha, mas logo em seguida várias vozes vieram contestar a actuação da autoridade espanhola, dizendo que não se trataria de canábis, mas sim cânhamo industrial. A confusão entre cânhamo e canábis é bem conhecida dos portugueses, onde também já se cometeu, várias vezes, o mesmo erro de confundir as duas plantas e de tratar os agricultores como se fossem traficantes. Em Portugal, a GNR chegou a admitir ao Cannareporter não conseguir distinguir cânhamo de canábis. A situação parece estar a repetir-se agora em Espanha.
Barry, Pawel, Hugo ou Patrick são apenas alguns exemplos de histórias de confusão entre cânhamo e canábis que aconteceram nos últimos anos em Portugal e que o Cannareporter acompanhou, sob forte contestação de agricultores e comerciantes. Apreensões de grande aparato, detenções de agricultores de cânhamo acusados de tráfico, para mais tarde se provar que, afinal, não se tratava de estupefacientes, levando os tribunais a arquivar os casos por falta de indícios de crime. Há cerca de duas semanas, a Polícia Judiciária portuguesa foi também obrigada pelo Tribunal de Instrução Criminal a devolver 40kg de flores de cânhamo a Patrick Martins, que reiterou que as flores de cânhamo não podem ser consideradas estupefacientes.
Confusão repete-se em Espanha?
No passado dia 5 de Novembro, Guardia Civil anunciou a apreensão de 32 toneladas de canábis em várias cidades como a maior de sempre no país. No entanto, Francisco Gómez, gerente da E-Canna Farming, garantiu ao jornal EL ESPAÑOL que a sua empresa é legal e que possui toda a documentação do Ministério da Agricultura e outras administrações que autorizaram o negócio. Em entrevista a Anita Krepp, jornalista da Prohibition Partners, Francisco disse que “há uma perseguição nacional em relação à criminalização e estigmatização da canábis. Para eles, qualquer coisa relacionada com o cânhamo é uma ofensa e não é o caso; as autoridades estão a cometer abusos. O que está a acontecer aqui é prevaricação”, denunciou Francisco, que passou três dias na cadeia e acabaria por ser libertado.
‘Se forem drogas e eu for um criminoso, prendam-me amanhã. Mas se não forem drogas, devolvam as flores amanhã”, reivindicou Francisco em declarações à Prohibition Partners.
Uma fonte que preferiu manter o anonimato disse ao Cannareporter que “se realmente fosse a maior apreensão de canábis, como é que as pessoas que foram presas agora estão todas em liberdade?”.
O Cannareporter pediu mais esclarecimentos à Guardia Civil, mas até agora não recebeu resposta. Enviámos também questões e pedido de documentos e/ou autorizações ou certificados de análise que provem que o material apreendido é cânhamo à E-Canna Farming, mas até ao momento não obtivemos resposta nem conseguimos confirmar que se trata, efectivamente, apenas de cânhamo.