A América do sul está a ser palco de iniciativas arrojadas, que poderiam mesmo servir de exemplo a muitos países da Europa. A Cooperativa Paraguaia de Canábis partilhou um convite público aos cidadãos, incentivando-os a participar na colheita de canábis do próximo Domingo, dia 19 de Fevereiro, na comunidade de Agüerito, em Santa Rosa del Aguaray, em San Pedro. De acordo com o jornal ABC, a canábis é uma planta de “interesse municipal”, que pode mudar a vida de milhares de famílias de agricultores. A colheita comunitária será uma espécie de festa popular e incluirá a oferta de comidas típicas, música e uma assembleia onde se debaterá a legalização do uso e cultivo de canábis no Paraguai. A colheita servirá para fazer óleos e pomadas de uso medicinal que serão distribuídas pelo município de forma gratuita ou a preços sociais.
É uma iniciativa inusitada e peculiar. No próximo Domingo, dia 19 de Fevereiro, a Cooperativa Paraguaia de Canábis tem como programa uma colheita colectiva de canábis, semeada no campo comunitário de Agüerito, localizada no distrito de Santa Rosa del Aguaray, departamento de San Pedro. Quem estiver interessado em juntar-se à colheita colectiva apenas necessita de dirigir-se às instalações da Cooperativa.
“Queremos transformar a colheita da canábis numa festa popular”, disse Eulalio López, líder comunitário de Agüerito, expressando que “no Domingo, dia 19, teremos música, refeições típicas e uma assembleia onde conheceremos detalhes do projecto de lei para legalizar o uso e cultivo de canábis”.
Eulalio López referiu ainda que “para nós é muito importante que as pessoas venham a Agüerito, queremos que se juntem à colheita. É uma actividade que pode mudar a vida de milhares de famílias camponesas, trabalhando de forma legal, em oposição à miséria e à perseguição dos mercados ilícitos”.
Colheita servirá para fazer óleos e pomadas para uso medicinal gratuito
O líder do Movimento de Resistência Camponesa confirmou ao ABC que “diversas autoridades do departamento e da cidade de Santa Rosa del Aguaray estarão presentes no dia 19 de fevereiro”. Igualmente, a comunidade de Agüerito tomou a decisão de contribuir com os lucros gerados com a colheita de soja para a instalação de um laboratório de qualidade, de forma a fortalecer o projecto. “O laboratório é muito importante. O óleo e a pomada de canábis são produzidos artesanalmente, mas o controlo de qualidade permitirá que as pessoas saibam que estão a receber um produto de boa qualidade”, mencionou Lopez.
Juan Cabezudo, líder da Cooperativa Paraguaia de Canábis, mencionou que “o produto da colheita de 19 de Fevereiro será usado para fazer óleos e pomadas para uso medicinal. Vamos entregar a nossa produção ao município para distribuição gratuita”. Acrescentou que “o Estado nunca cumpriu a Lei 6.007 e que o município de Santa Rosa del Aguaray está a assumir a liderança para apoiar o uso da canábis medicinal”.
Canábis é uma colheita de interesse municipal
A Câmara Municipal de Santa Rosa del Aguaray promulgou a portaria 10/2022 que declarou de interesse público um “programa nacional de estudo e pesquisa médico-científica do uso medicinal da planta canábis”. A decisão foi tomada em 19 de julho e menciona o estabelecimento “de um cultivo experimental, cooperativo e orgânico de canábis medicinal, a cargo de nosso município, em colaboração com a Câmara Paraguaia de Canábis Industrial”.
A intenção da autarquia é conseguir “o desenvolvimento de estudos de investigação académica e científica para o acompanhamento técnico das culturas e das suas extracções”.
Desta forma, pretende-se que Santa Rosa del Aguaray tenha a disponibilidade de canábis medicinal para os pacientes da sua jurisdição. “A totalidade das extracções será destinada às necessidades da nossa comunidade, em primeiro lugar, e como uma contribuição solidária às comunidades vizinhas, em virtude do cumprimento da Lei 6.007/17″, que obriga o Estado paraguaio a fornecer canábis medicinal gratuita às pessoas que necessitem deste medicamento.
A lei foi promulgada em 2017, mas o Ministério da Saúde Pública nunca entregou óleo de canábis a ninguém. Até agora limitou-se a ter um cadastro nacional de utilizadores, onde apenas 107 pessoas se registaram.
Em contrapartida, a Cooperativa Paraguaya de Canábis criou o Cannabis Club, que já conta com mais de 3.000 inscrições de pessoas que começaram a receber seus medicamentos de canábis gratuitamente. No dia da colheita, os participantes terão a oportunidade de comprar óleos e pomadas a preços sociais, mediante registo prévio no formulário utilizado pela Directoria Nacional de Vigilância Sanitária (Dinavisa).