A famosa e mundialmente conhecida marca de canábis Cookies enfrenta uma acção judicial, acusada de usar ameaças, violência e subornos financeiros para enriquecer à custa dos seus accionistas. A acção judicial foi interposta pela BR CO I LLC e pela Nedco I LLC, que alegam possuir uma participação de 10% na Cookies, sediada na Califórnia.
O processo nomeia vários funcionários da Cookies, incluindo o CEO Gilbert Milam, mais conhecido por Berner, o presidente Parker Berling, o director financeiro Ian Habenicht, o membro do conselho de administração Lesjai Peronnet Chang e os funcionários Michael Roberts e Omar Ortiz, alegando que os mesmos utilizam a popularidade da marca Cookies para se envolverem em negócios próprios e para coagirem outros a pagarem-lhes milhões de dólares em benefícios pessoais e subornos.
As acusações de suborno e negócios próprios à Cookies
O processo alega que os funcionários da Cookies se apropriaram indevidamente de fundos e recursos da empresa para encher os seus próprios bolsos e que terceiros que se recusaram a pagar subornos foram ameaçados com violência física e difamados nas redes sociais. O processo também acusa Berner de aceitar presentes luxuosos, incluindo uma peça de joalharia com diamantes no valor de 1 milhão de dólares, de clientes e parceiros de negócios sem revelar esses presentes aos accionistas.
A acção judicial alega ainda que Berner e Berling utilizaram os seus cargos para negociar acordos paralelos para várias outras empresas que possuíam ou em que tinham participações, quando esses acordos deveriam ter beneficiado os accionistas da Cookies. Uma dessas empresas, a Mesh Ventures, que é um dos arguidos no processo e na qual Berner, Berling e outros detêm participações, terá sido uma fachada para os dirigentes da Cookies realizarem “transacções de afiliados” em seu próprio benefício, como o pagamento de dívidas de maus negócios de outras empresas.
Berling também foi acusado de exigir que os parceiros licenciados da Cookies utilizassem a empresa de construção do seu irmão, a GCI, “para qualquer trabalho de construção, apesar de a GCI custar muitas vezes mais do dobro do custo de outros empreiteiros, para que ele pudesse receber comissões da GCI para seu próprio benefício pessoal”. A acção judicial alega que, se um licenciante se recusasse a utilizar a GCI, Berling não permitia que a Cookies assinasse acordos de licenciamento ou fizesse negócios com eles.
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As preocupações financeiras dos investidores
O processo acusa ainda Berner e Berling de terem contraído recentemente um empréstimo de 5 milhões de dólares da Entourage Effect Capital sem a devida aprovação do conselho de administração, o que diz ser outra indicação dos seus “gastos imprudentes que são desproporcionais à capacidade de pagamento (da Cookies), o que deixa a empresa e os seus accionistas numa posição precária”.
Apesar das preocupações dos investidores, a acção judicial alega que a direcção da Cookies pretende celebrar um contrato de compra de acções prioritárias da Série A (Series A Preferred Stock Purchase Agreement – SPA) no valor de 23 milhões de dólares (cerca de 20 milhões e 800 mil euros), diluindo ainda mais as participações dos accionistas. Esta diluição irá beneficiar os executivos da Cookies, permitindo-lhes continuar a sua prática generalizada de negócios próprios e outros actos ilícitos, alega o processo.
Cookies enfrenta outro processo por quebras contractuais
Em Janeiro, a Cookies Retail Products, uma concessionária da propriedade intelectual da Cookies na Flórida, interpôs uma acção judicial de quebra de contrato contra a Cookies. O processo alegava que os executivos da Cookies tentaram forçar a Cookies Retail Products a fazer negócios com determinados fornecedores de quem Berling e outros recebiam comissões. A empresa alegou que cerca de 1 milhão de dólares em produtos tinham sido danificados por Michael Roberts.
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A acção judicial instaurada pela BR CO I LLC e pela Nedco I LLC contra a Cookies e a sua equipa de dirigentes apresenta um quadro preocupante de má conduta financeira e abuso de poder. As alegações de ameaças, violência e subornos utilizados para enriquecer à custa da empresa e dos seus accionistas são graves e exigem uma investigação exaustiva.
Ambos os processos ainda estão pendentes, estando agendada a audiência para o processo da concessionária da Flórida para 22 de Junho no Tribunal Superior de Los Angeles, e o mais recente da BR CO I LLC e da Nedco I LLC agendado para uma audiência a 28 de Junho no mesmo tribunal. Resta saber qual será a decisão do tribunal e qual o impacto que ambos os casos terão no futuro da Cookies como marca global de canábis.