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Estudo diz que o aroma – e não o THC – é o que conta mais na selecção subjectiva da canábis

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Foto: D.R.

Uma investigação publicada na Psychoactives descobriu que o indicador mais significativo do apelo de uma variedade de canábis é o seu cheiro e não o THC, como muitos podem acreditar. Com base em dados obtidos por avaliadores voluntários numa competição de canábis artesanal local, os investigadores determinaram que a quantidade de THC, a sua potência e o conteúdo total de terpenos não tinham qualquer correlação significativa com o facto de os juízes terem relatado uma experiência agradável. Contudo, o aroma agradável foi positivamente correlacionado com relatos de efeitos subjectivos agradáveis e o estudo sugere que o mercado da canábis só teria a ganhar se adoptasse um modelo em que os consumidores possam cheirar a flor antes de a comprarem.

A pesquisa analisou 278 amostras de canábis que tinham sido inscritas nas edições de 2019 e 2020 no concurso Cultivation Classic Cannabis, realizado anualmente em Portland, Oregon. Como parte da competição, todas as amostras foram enviadas para análise de canabinóides e terpenos num laboratório de testes independente. Cada um dos 276 juízes voluntários do concurso recebeu um kit de amostras contendo entre 8 e 10 variedades de canábis a concurso. Ao longo de aproximadamente um mês, foi pedido aos juízes que utilizassem cada amostra e depois respondessem a um questionário online sobre os efeitos subjectivos e a desejabilidade de cada amostra. Isto incluiu a classificação do interesse pelo aroma de cada variedade e os seus efeitos globais, bem como a observação de quaisquer alterações de humor. Além disso, foi também pedido aos juízes que registassem que método de consumo era utilizado e que fizessem uma pausa de 48h entre as provas.

“As variedades que tinham o cheiro mais apelativo eram as mais susceptíveis de resultar nos efeitos subjectivos desejáveis e no estado de humor positivo.”

Os autores do estudo utilizaram as informações obtidas para compilar uma “pontuação de apelo composta” para cada amostra, que poderia então ser comparada com outros factores, tais como a potência da variedade de canábis. Os investigadores descobriram que um aroma agradável era o que mais contribuía para a sua atracção subjectiva. As variedades que tinham o cheiro mais apelativo eram as mais susceptíveis de resultar nos efeitos subjectivos desejáveis e no estado de humor positivo. Os investigadores também descobriram que havia um elevado grau de consenso sobre quais as variedades que tinham um cheiro agradável.

Quantidade não significa qualidade

No actual mercado legal (e ilegal) de canábis, os consumidores estão geralmente dispostos a pagar preços mais elevados por canábis com maior potência. Isto levou a que a potência de THC se tornasse um indicador de qualidade, impulsionando assim a elevada procura de produtos de alta potência, forçando-a a tornar-se um factor importante nas decisões de compra. No entanto, os resultados deste estudo sugerem que a potência e a dose de THC não têm impacto na atracção subjectiva. Por conseguinte, os consumidores podem querer considerar outros factores, tais como o aroma, ao escolherem uma variedade de canábis.

“A nossa análise revelou que, ao contrário tanto da dinâmica do mercado como da percepção do consumidor, nem a potência nem a dose de THC tiveram impacto na atracção subjectiva”, escreveram os investigadores. “No contexto do prazer recreativo naturalista, alguns quimiovares semelhantes ao cânhamo […] eram tão apelativos como os quimiovares com 20% ou mais de THC”.

“O mercado (…) poderia beneficiar da adopção de um modelo em que a canábis é vendida de forma a que os consumidores possam cheirar a flor antes da sua compra.”

Os terpenos tornaram-se também uma importante métrica no mercado da canábis. Pensa-se que estes compostos voláteis são responsáveis pelo sabor e aroma da canábis e já se sabe que muitos terpenos têm propriedades terapêuticas quando isolados. No entanto, apesar do papel dos terpenos no aroma da canábis, este estudo descobriu que o conteúdo total de terpenos não estava associado a um maior apelo subjectivo.

Tendências para a indústria da canábis: cheirar antes de comprar

A falta de relação entre o apelo subjectivo e a potência e dosagem de THC com o conteúdo total de terpenos pode ter consequências importantes para a saúde pública. Pesquisas anteriores relacionaram o consumo frequente de produtos de alta concentração com problemas de saúde mental, bem como problemas de uso de substâncias e um elevado risco de psicose. Neste sentido, os resultados do estudo podem apoiar os esforços existentes para dessensibilizar os produtos com alto teor de THC no mercado.

Além disso, este estudo sugere que a indústria da canábis deve concentrar-se num conjunto mais amplo de indicadores para avaliar a qualidade da canábis, em vez de colocar demasiada ênfase no THC. Refere ainda que o mercado deveria basear-se num conjunto mais amplo de elementos, que dêem uma indicação mais específica sobre os efeitos da canábis aos consumidores, bem como poderia beneficiar da adopção de um modelo em que a canábis é vendida de forma que os consumidores possam cheirar a flor antes da sua compra.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Com formação profissional em desenho técnico CAD (2D e 3D), João Xabregas é activista e defensor de todos os usos e aplicações da canábis. Encontrou e entrou no mundo canábico ainda durante os seus tempos de juventude, onde ganhou especial interesse pelo cultivo da planta, o que o levou a uma jornada de auto-aprendizagem pelo mundo da canábis que ainda continua nos dias de hoje. As suas aventuras ligadas ao cultivo de canábis iniciaram-se com o mesmo objectivo de muitos outros: poder garantir a qualidade e eliminar quaisquer possíveis riscos para a sua saúde daquilo que consumia, bem como evitar quaisquer tipos de dependências do mercado ilícito. No entanto, rapidamente passou a encarar o mundo da canábis e tudo o que a ela diz respeito com um olhar bastante diferente. Assume a enorme paixão que nutre pela planta mais perseguida do mundo e sobre a qual está sempre disposto a escrever e a ter uma boa conversa.

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