Um estudo inovador publicado na revista Clinical Toxicology revelou uma abordagem inovadora no domínio da detecção de canábis: a utilização do Cannabigerol (CBG) como biomarcador para identificar o consumo recente de canábis. Ao contrário de outros canabinóides, o CBG, um canabinóide menor, surge como um indicador eficaz do consumo recente de canábis. Esta descoberta poderá ajudar a esclarecer investigações forenses e perceber se houve utilização recente de canábis em cenários como acidentes de viação ou incidentes no local de trabalho, onde a detecção da intoxicação por canábis pode ser crucial.
Numa investigação abrangente conduzida pela Denver Health e pela Universidade do Colorado, participaram 56 indivíduos, dos quais 32 eram consumidores diários de canábis e 24 eram consumidores ocasionais. Cada participante consumiu canábis como faria normalmente, tendo sido recolhidas amostras de sangue imediatamente antes e 30 minutos após o consumo. Os resultados foram surpreendentes: o CBG foi detectado em 28 participantes depois de fumarem, enfatizando o seu potencial como indicador do consumo recente de canábis.
CBG vs. THC: A distinção crucial
A importância reside nas características únicas do CBG. Ao contrário do THC, o principal composto psicoativo da canábis, o CBG dissipa-se rapidamente da corrente sanguínea. Esta presença fugaz faz do CBG um marcador ideal para o consumo recente de canábis, especialmente em cenários como acidentes de viação ou incidentes no local de trabalho, onde a detecção da intoxicação por canábis activa é crucial.
Precisão do CBG como biomarcador
O estudo estabeleceu que uma concentração de CBG no sangue total igual ou superior a 0,2 miligramas por litro (mg/L) apresentava 96% de especificidade, 50% de sensibilidade e 73% de precisão na identificação do consumo de canábis nos últimos 30 minutos. Embora o CBG se revele altamente específico, mas menos sensível, serve como um complemento valioso para outros canabinóides no sangue em investigações forenses.
Desafios e perspectivas futuras: Para além do THC
No entanto, subsistem desafios a estas descobertas. O estudo não mediu a quantidade exacta de CBG presente na canábis consumida, o que limita as correlações precisas. Além disso, o período de tempo para a recolha de amostras de sangue pode não corresponder a situações forenses da vida real e os efeitos da canábis podem ainda variar muito de pessoa para pessoa. No entanto, a investigação em curso explora os comportamentos de diversos canabinóides no corpo após o consumo de canábis, abrindo caminho para uma compreensão mais abrangente da detecção de canábis.
Ao contrário da detecção do álcool, a intoxicação por canábis coloca desafios complexos. O THC, que permanece no corpo durante semanas após a utilização, complica a detecção exacta. Os investigadores do estudo estão a pesquisar activamente a farmacocinética de vários canabinóides após a inalação, com o objectivo de identificar biomarcadores adicionais para o consumo de canábis. Além disso, à medida que o mercado de produtos de CBD de largo espectro se expande, torna-se imperativo considerar o seu impacto nos níveis de canabinóides no sangue, o que aumenta a complexidade dos métodos de detecção do consumo de canábis.
Em conclusão, este estudo pioneiro ilumina o caminho para um sistema de detecção de canábis mais matizado e preciso. Com o aparecimento do CBG como um biomarcador promissor, o futuro da detecção do consumo recente de canábis é mais claro do que nunca, prometendo estradas e locais de trabalho mais seguros para todos.