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DJ Muggs, dos Cypress Hill, encerra ICBC e abre as portas para três dias de Spannabis

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DJ Muggs, produtor musical, membro dos Cypress Hill e fundador do coletivo artístico Soul Assassins, fechou o ciclo de conferências da ICBC (Internacional Cannabis Business Conferences) em Barcelona, Numa conversa descontraída e bem humorada com o comediante e editor da revista “West Coast Cannabis Magazine”, Ngaio Bealum, Muggs lembrou a sua longa relação com a canábis, contando como na altura em que artistas e músicos ainda escondiam os seus consumos do público, os Cypress Hill decidiram afirmar-se como “a banda da weed”.

De óculos escuros, boné e a sua habitual roupa larga, Lawrence Muggerud, mais conhecido por DJ Muggs, entra no palco do Auditorí de Cornellá, onde decorreu ontem a ICBC, com passo gingão. “Yo, whassup?” lançou para um público de empresários, engenheiros, growers e fãs de longa data, que ficaram até ao fim para o ver e ouvir.

Nascido no bairro de Queens, em Nova Iorque, em 1968, numa família italo-americana e adotado depois por uma família de origem norueguesa, Muggerud é uma das figuras centrais da cena hip hop norte-americana. Pioneiro em todas as frentes, foi um dos primeiros brancos a sobressair num meio que era predominantemente negro, quando se juntou aos irmãos Brett e Bouldin nos The 7A3, no início dos anos 80. Mais tarde, com os manos Senen e Sérgio Reyes (Sen Dog e Mellow Man Ace), amigos e vizinhos na Cypress Avenue, em South Gate, na Califórnia, fundou o primeiro grupo de hip hop latino, os Cypress Hill. A banda nunca escondeu a sua paixão pela canábis, deixando para a história hinos como “Insane in the Brain”, “Hits from the Bong” ou “I want to get High”.

“Quando formaram os Cypress Hill, serem tão ‘canacentrados’ foi uma decisão consciente?” perguntou Ngaio Bealum. “Bem, na verdade eu já andava com os Cypress antes dos The 7A3, aí desde 1980, porque eram da minha hood, foi onde os conheci, na Califórnia. Vendíamos erva juntos, andávamos por aí a fazer as nossas cenas; depois conheci estes tipos de Brooklin [Nova Iorque] que tinham uma canção que era ‘The 7A3 Will Rock You’, que era um single com o Ice-T. Eu ia fazer uma festa e convidei-os, mas o DJ não apareceu, então eu cheguei-me à frente e foi assim que eu comecei a fazer DJ’ing”, contou. “Depois convidaram-me para ir tocar com eles nos concertos com o Ice-T e duas semanas estávamos no estúdio a fazer a canção ‘Mad Mad World´ para o filme ‘Colors”, que foi o meu primeiro disco em 1988. Dois meses despois estávamos a assinar um contrato com a Geffen Records”, explicou.

“Subi ao palco e disse: ‘New York city, posso acender o meu joint?’ E acendi, os telefones começaram logo a tocar…”

Aos seus amigos da Cypress Av. disse que ia com eles e tudo o que aprendesse traria de volta. O agente começou a dizer-lhe “precisam de um logo”, “precisam de um conceito”, mas, relembrou, “a primeira vez que me falaram de um ‘logo’ eu nem sabia o que a palavra significava (risos). Nessa altura nem sequer havia Internet, não havia nada, aprendíamos na rua”. Então, se na altura “os Run DMC eram os gangster’s rap e Detroit’s storyteller; o LL Cool J era o beat boy do RAP. Eu fiquei a pensar nisso e disse: bem nós temos que ser os Cheech & Chong desta m**, porque nós fumávamos, mas a erva nessa altura… o Dr. Dre dizia ‘eu não fumo erva’  porque tinha causado problemas mentais ao irmão; outros diziam ‘calma com isso’; e nós só pensávamos: ‘acende lá essa!’”.

Mais tarde, os Cypress Hill chegaram a levar um bong de 2,5 metros para o palco e depois houve o famoso episódio do Saturday Night Live, que ele próprio lembrou: “Estávamos na televisão nacional e eu estava no backstage a enrolar um charro e umas oito pessoas vieram dizer-me: não acendas isso no palco, não acendas isso ao vivo…’ e eu dizia ‘não, não tranquilos’ e eu sabia que tínhamos duas músicas e não o podia fazer logo na primeira canção porque nos iam expulsar; então subi ao palco e disse: ‘New York city, posso acender o meu joint?’ E acendi, os telefones começaram logo a tocar e quando saímos do palco eles arrasaram-me completamente! Mas eu não queria saber, nós éramos punk rock, não nos podiam despedir!”, lembra a rir, terminando a história: “Disseram-nos que não poderíamos voltar ao Saturday Night Live e eu disse ‘que se lixe o Saturday Night Live, eu é que não quero voltar mais aqui!’”.

“A erva e a música são duas coisas que unem as pessoas”

Esta atitude subversiva e honesta foi um escândalo, mas não só deu muita visibilidade aos Cypress Hill como lhes valeu uma legião de fãs que se identificavam com essa postura desafiadora e que estavam prontos para voltar a contestar a hipocrisia que vingava naquela época, quando a maior parte dos famosos tentava manter os seus consumos no segredo dos deuses. “Depois da cultura hippy, eles [o Governo, o sistema] tentaram acabar com a erva. Eles não querem as pessoas que pensam, nem querem as pessoas felizes, a entenderem-se bem e a partilharem abraços”, diz, “mas a erva e a música são duas coisas que unem as pessoas. Ambas me deram a oportunidade de conhecer pessoas que eu nunca na vida pensei…”.

 DJ Muggs lembrou ainda mais alguns episódios, agora cómicos, que viveu tanto com os Cypress Hill como com o coletivo Souls Assassins, como as quantidades de vezes que foram presos e tiveram de se confrontar com a polícia. “Quando íamos ao Arizona, a polícia lá estava no palco a dizer-nos: ‘não podem fumar em palco’; íamos ao Novo México, tínhamos a polícia no palco; íamos ao Texas, a polícia lá estava à nossa espera – e nessa altura o Texas tinha uma lei de não-tolerância, portanto se tinhas um charro, podias passar um ano na prisão”, contou. “Mas depois Nova Iorque, LA, apanhavam-te com erva, levavam-te para a esquadra um dia só, para te porem no sistema e cuspir-te no dia seguinte… Passámos por isso tudo”. Outras tantas vezes o que faziam mesmo era saltar do palco e correr para fugir da polícia. “Mas lembro-me que antes da União Europeia ser EU, tínhamos de passar pelos checkpoints. A entrar em França eles vinham ao autocarro com os cães e tudo; e um dia o Eric Bobo, num controlo de passaportes, abriu o documento e tinha lá um pedaço de haxixe colado à m*** do passaporte” (risos).

Entre muitas outras memórias, DJ Muggs, que à noite tomou conta da festa de encerramento da ICBC aos comandos da mesa de mistura, no Barcelona Edition Hotel, resumiu a sua história de vida e a sua relação com a canábis em duas frases: “Gostávamos de nos divertir, man! Mas quando é tempo de nos divertirmos, divertimos; quando é para fazer negócios, fazemos negócios”.

A Spannabis, um dos maiores eventos internacionais de canábis, abriu hoje as portas na Fira de Cornellá, em Barcelona, para três dias intensos de partilha e muitos negócios para os profissionais da indústria de canábis e os milhares de pessoas que apenas gostam da planta. Até Domingo, todos os caminhos vão dar à Spannabis!

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Margarita é colaboradora permanente do CannaReporter desde a sua criação, em 2017, tendo antes colaborado com outros meios de comunicação especializados em canábis, como a revista Cáñamo (Espanha), a CannaDouro Magazine (Portugal) ou a Cannapress. Fez parte da equipa original da edição da Cânhamo portuguesa, no início dos anos 2000, e da organização da Marcha Global da Marijuana em Portugal entre 2007 e 2009.

Recentemente, publicou o livro “Canábis | Maldita e Maravilhosa” (Ed. Oficina do Livro / LeYA, 2024), dedicado a difundir a história da planta, a sua relação ancestral com o Ser Humano como matéria prima, enteógeno e droga recreativa, assim como o potencial infinito que ela guarda em termos medicinais, industriais e ambientais.

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