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Mila Jansen explica por que é que, aos 80 anos, é considerada a Rainha do Hash: “Cultivei plantas a minha vida toda”

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Mila Jansen, a.k.a. A Rainha do Hash. Foto: Lucas Ajuz | socialweed.co

Mila Jansen nasceu em Liverpool, em 1944, mas tornou-se uma cidadã do mundo desde muito cedo. Experimentou canábis pela primeira vez aos 20 anos e como não havia flores, fumou haxixe, que é o que continua a fumar, aos 80 anos, desde há mais de 50. Pelo caminho de uma longa história cheia de viagens e peripécias, Mila criou três máquinas para separar tricomas e não foi à toa que ficou conhecida como “A Rainha do Hash”.

Falámos com Mila Jansen, para saber como tudo aconteceu na sua longa vida dedicada o mundo da canábis e como descobriu os diferentes sistemas que criou para extrair haxixe: o Pollinator, o Ice-o-lator e o Bubbleator.

Mila, você tem 80 anos e é conhecida mundialmente como a Rainha do Hash, porque foi uma pioneira nesta cultura. Pode contar-nos um pouco mais sobre si?
Nasci em Liverpool, então, sou uma “Scouser”, como dizem os ingleses, mas antes de ter um ano mudei-me com os meus pais para a Indonésia e depois Holanda, aos 11 anos. Aos 19 engravidei e o meu pai expulsou-me. Fui parar a um lar para mães solteiras e, naquela época, eles queriam que se dessem os filhos para adopção. Tinha um psiquiatra e um psicólogo a dizer que a minha vida estava arruinada, que a minha filha nunca seria feliz, mas eu estava muito determinada. Eu podia fazer melhor, porque do outro lado do meu quarto ficava a sala de adopção. Não se podia entrar lá, mas eu costumava pegar nos bebés só para os acariciar. E eles eram como tábuas, não conseguiam reagir a abraços, eram como bonecos rígidos. Fiquei chocada e pensei: “a minha filha nunca vai ser assim”. Então, mantive-a comigo.

Claro, foi o instinto maternal.
Sim. Na altura, abri uma boutique em Amsterdão, a primeira que vendeu mini-saias, em 1965. Eram muito populares e eu tinha um designer fantástico, incrivelmente criativo. Tínhamos roupas lindas, mas ele decidiu que queria trabalhar na indústria cinematográfica italiana e foi embora. Essa foi também a altura de Timothy Leary, então mudámos para uma casa de chá e servimos chá (risos). O dinheiro não era importante. Comecei a fumar haxixe e a casa de chá tornou-se um ponto de encontro para viajantes que traziam haxixe. Muitas pessoas pensam que foi o primeiro coffee-shop, mas não é verdade, porque nunca vendemos. Nós apenas partilhávamos, nunca vendemos nada. Mas mesmo assim, a polícia não gostou e tentou criar problemas. Então, acabei por me livrar da casa de chá e fui à boleia com a minha filha para a Índia. Na altura ela tinha três anos.

“Em todos os países para onde viajei – Irão, Turquia, Afeganistão, Índia, Nepal, Paquistão – as pessoas só fumavam haxixe, não tinham flores”

Wow, que experiência! Você ainda guarda a criança que tem dentro de si?
Não sei… Depois senti que onde quer que estejamos juntos é onde é a nossa casa. Mesmo que seja apenas um quartinho em algum lugar. Onde quer que seja, é o lar, sim.

Onde encontram paz…
Bem, ainda viajamos juntas. (risos)

A história de Mila Jansen é contada neste livro autobiográfico, disponível em vários idiomas

Que lindo! E como foi tudo isso no início?
Naquela época, estive na Índia durante três anos. Não tínhamos muito dinheiro e aprendemos que lá são generosos, principalmente os pobres. Eles partilhavam tudo o que tinham conosco, eram adoráveis. Voltei para a Holanda, conheci um bom namorado… bem, eu pensei assim na altura… (risos) casei com ele, tive um casal de filhos… e levei-o para a Índia, mas ele não gostou muito, e sete anos depois divorciámo-nos. Ele voltou para a Holanda, arranjou outra mulher e viveu na Holanda o resto da sua vida. Algumas pessoas não gostam de viajar… Nessa época, fiquei na Índia com quatro filhos, até 1988, e de repente tive que arranjar um emprego para os alimentar. Nós éramos uma família monoparental. Comecei a plantar canábis e, claro, vi que em todos os países para onde viajei – Irão, Turquia, Afeganistão, Índia, Nepal, Paquistão – as pessoas só fumavam haxixe, não tinham flores para fumar. E eu tinha visto métodos diferentes, como as pessoas estavam a fazer o haxixe. Então, quando voltei para Amsterdão, comecei a plantar canábis. Naquela época não era tão intenso como agora, eles não tentavam prender-te, e eu tinha quatro filhos para alimentar, então tinha que fazer alguma coisa. Sempre empreguei mulheres para fazer os clones, ajudar na manicure e tudo mais. 

E o que a motivou a fazer isso?
As mulheres. Acho que também foi um pouco de necessidade, porque precisei da ajuda delas para poder fazer. Eu não podia fazer tudo sozinha e preferia trabalhar com mulheres.

As mulheres podem ser muito eficientes, certo?
Se eu precisasse de pessoas para fazer clones ou cuidar das plantas eu costumava perguntar-lhes: “Vocês já plantaram alfaces, tulipas ou rosas?” E elas diziam: “Sim, eu tinha uma horta grande”. Imediatamente elas conseguiam o emprego, porque sabiam olhar para uma planta, sabes? Se elas me dissessem: “Não, nunca fizemos isso”, então não estava interessada, porque é preciso ter sensibilidade para as plantas, para poder cultivá-las.

“O meu único estudo foi o que vi no Afeganistão: se eles fazem assim, os cristais caem… então, eu só estava a copiar”

Isso é verdade. E eu estou triste, Mila, porque matei as minhas plantas!
Da próxima vez, mais sorte! (risos) As plantas são muito intensas. Se tens plantas, é melhor fazer o que elas mandam, porque senão, imediatamente perdes 10% da colheita. Sabes, elas ficam com pesadelos e qualquer pesadelo que elas tenham…

Mas como é que você consegue entender as plantas?
Cultivei plantas toda a minha vida. Quando era criança, tinha o meu próprio jardim, então sempre amei plantas. Eu sei ver quando uma planta está feliz e aprendi o que cuidar, sabes, na hora de dar de comer, de não exagerar, de dar a quantidade certa de água para esse tipo de plantas. Algumas plantas, como cactos, não as regas como qualquer outra planta.

Mila teve 4 filhos e viveu durante muito tempo na Índia

Então, com esta planta, você pode fazer o seu próprio haxixe.
Exactamente. Porque eu aprendi como fazê-lo. Comecei a fazer haxixe na tela plana e levava talvez meia hora para conseguir o suficiente para fazer um charro. Uma noite, estava parada à frente da máquina de secar roupa, e as roupas estavam a dar voltas e voltas, e a cair, e eu estava a olhar e a olhar e a olhar… No dia seguinte, tirámos o calor da máquina de secar e colocámos uma tela à volta… Acho que só a amarrámos na primeira vez e pusemos um material seco dentro, tomámos um café e olha só: todos os cristais caíram! Foi fantástico! Essa foi a primeira máquina e depois começámos a produzir a nossa própria [Pollinator], porque com aquele cultivo de erva, de alguma forma os jardins ficavam cada vez maiores. De repente, lembrei-me que um grande jardim tinha sido detectado e destruído, mas eu felizmente não estava lá. Então isso foi bom, porque pensei “O que vai acontecer com a minha família? Sou mãe solteira, se tiver um problema, o que vai acontecer com as crianças?” Então, decidi que não ia mais cultivar plantas e tive a ideia de fazer a máquina. Desde essa altura, faço máquinas.

E você foi-se tornando cada vez mais profissionalizada?
Aprendi ao longo do caminho.

“Quando vi a máquina de secar roupa, conectei com fazer haxixe, juntei os dois e deu certo!”

Com a sua própria experiência?
Não. O meu único estudo foi o que vi no Afeganistão: se eles fazem assim, os cristais caem, então eu só estava a copiar. Acho que por ser mãe solteira e ter tantos problemas para resolver, comecei a aprender a pensar um pouco fora da caixa. Então, quando vi a máquina de secar roupa, conectei com fazer haxixe, juntei os dois e deu certo! E o mesmo com a máquina de lavar. Acho que nenhum homem teria pensado em usar a máquina de lavar para fazer haxixe, mas a máquina de lavar foi inventada para limpar as meias sujas e, através de experiências, aprendi se a água está fria o suficiente… Para a máquina de lavar [Bubbleator], os cristais são a sujeira. Ela vai lavar todos os cristais das folhas e os cristais vão acabar na água, agarro nisso, mando a água acabar, reviro alguns dos sacos e tenho todos os cristais. É preciso secá-los muito rápido, caso contrário, o molde fica lá.

Com tudo isso, faz diferentes tipos de haxixe, certo?
Com cada planta, farás um tipo diferente de haxixe. Cada genética é diferente, mas a diferença básica entre as minhas máquinas é que o polinizador [Pollinator] é uma peneira seca. Não há mais nada envolvido. Coloca-se no tambor, ele gira e os cristais caem. Aqui, no Bubbleator, por causa da água e do gelo, alguns dos terpenos e canabinóides que estão do lado de fora são lavados. Então, se quiseres muito sabor, usa a Pollinator, porque todos os terpenos e canabinóides ainda estão lá. Na outra máquina, Bubbleator, eles são lavados. Há um pouco menos de sabor, um pouco menos de cheiro, mas é muito mais forte.  

“Percebi na minha vida que, se conseguires contentar-te com qualquer situação em que estejas, terás uma vida feliz e livre de stress

Você viajou muito, por isso certamente tentou muitos tipos de haxixe, vindos de muitos processos e tradições diferentes. Qual foi o melhor que já experimentou?
O melhor haxixe? Eu estava no vale de Kullu, nos Himalaias, e sentada no templo com alguns Sadhus, que são homens santos, com cabelos emaranhados, fumando chillums. Pedi-lhes que me levassem até à montanha, para me mostrar onde estavam as melhores plantas de haxixe. Então, subimos quase até à linha das árvores e esta é a melhor altitude para o hash. Os raios do sol que não descem aqui, que só chegam lá em cima, fazem o haxixe muito forte e ali mostraram-me um pequeno vale, como um buraco na encosta da montanha. No inverno ficava cheio de neve, porque fica perto das linhas das árvores, mas as plantas que cresceram lá sobreviveram e estavam cobertas de neve. Eram como bonsais estranhos, com os ramos todos tortos, nada como estamos habituados a ver. E as flores não eram muito grandes, mas a gente esfregava, colocava no chillum e fumava logo, na hora. Aquele haxixe foi para mim, como uma viagem de ácido, as cores, os sons, a consciência. Foi como… como descrever… foi incrível. Acho que depois percebi que se fumar o haxixe logo imediatamente, ainda há THC, e acho que isso deve ter esse efeito porque nós literalmente o esfregámos, colocámos no chillum e começámos a fumar.

Uma das três máquinas de extracção de haxixe de Mila Jansen, o Bubbleator

Também mencionou alguns países que na época eram muito conhecidos pelo seu haxixe, como o Afeganistão. Como foi a experiência num lugar tão diferente da Europa?
Eu adoro o haxixe afegão, acima de tudo, especialmente naquela época. O problema é que eles fazem haxixe há milhares de anos e cultivam as suas plantas, escolhendo as que produzem o melhor haxixe há milhares de anos, então as suas flores não parecem tão bonitas, porque ninguém fuma as flores lá. Ninguém. É só para fazer o hash. E por milhares de anos eles construíram uma genética muito boa.

É a sua primeira vez em Portugal. Como foi a sua passagem por aqui?
Foi maravilhoso. A minha filha e eu não conhecíamos Lisboa, nada. Então, no primeiro dia que estivemos aqui, descemos para o lado da água. Descobrimos uns dois, três restaurantes náuticos, acho que pertencem aos veleiros de lá, e encontrámos uma mesa do lado de fora. Têm uma óptima comida. Não queríamos um restaurante cinco estrelas, não, era a verdadeira comida e naquele dia havia uma grande competição de veleiros. O ponto de viragem dos veleiros era mesmo em frente ao restaurante, então podíamos ver todos os barcos a fazer as manobras e tudo, a comida era óptima, o tempo estava ótimo… Foi uma primeira noite perfeita. E estar aqui, tem sido muito bom. 

Mila fotografada por Maria Cavali para a revista SKUNK, em 2018

Então vai voltar em breve?
Com certeza voltarei. Eu tenho um programa bem completo, porque organizo a “DabaDoo”, a minha festa de haxixe.

Se pudesse dar um conselho às gerações mais jovens, qual seria?
Gostaria de dizer apenas uma pequena coisa. Percebi na minha vida que, se conseguires contentar-te com qualquer situação em que estejas, terás uma vida feliz e livre de stress. Se em alguma situação estás a pensar “eu não gosto daqui, isto não está bem, aquilo está errado, blá blá blá…”, não é a mesma vida. Depende totalmente de como interpretas o mundo ao teu redor e isso também é uma coisa muito budista. O mundo é o que tu vês, como tu o interpretas. Se o que vês e interpretas é mau, a tua vida vai ser diferente.

“É preciso ter sensibilidade para as plantas, para poder cultivá-las”

Viver no momento presente e estar presente, conectado com os outros. Muitas pessoas simplesmente não estão conectadas. Talvez por isso algumas estejam mentalmente doentes.
Bom, há algumas razões para isso. (risos) Uma das razões é que todas as empresas de sementes europeias estavam a eliminar o CBD e a manter apenas o THC. Se procurares na Ásia ou em qualquer lugar por uma canábis tradicional, ela tem THC, mas também tem uma boa percentagem de CBD. Eu nunca vi um garoto de 16 anos lá com problemas na cabeça, como aqui, porque os jovens não fumam só THC. É preciso haver um equilíbrio. A minha filha é a única que fuma, os meus outros três filhos não, mas dois têm doutoramento, têm empregos sérios. (risos)

Eu conheço uma pessoa com doutoramento em genética que diz que ficou imune ao THC. Deixou de fumar, porque gastava muito dinheiro em erva e não acontecia nada, dizia que ficou imune. Talvez precisasse de um bom haxixe e não erva?
Talvez. Eu nunca me cansei disso. (risos)

A história de Mila Jansen, desde os anos 60 até aos dias de hoje, é contada em livro e em DVD.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e directora de programa da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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