Moçambique está a considerar a legalização da canábis, com o presidente a apelar a uma reflexão profunda sobre o tema, avançou o site de notícias AllAfrica. Após uma conferência sobre políticas de drogas em Maputo, o presidente moçambicano Filipe Nyusi disse que procura uma “cooperação mais estreita” com outros países sobre como legalizar e regular a canábis no país.
Além da presença de especialistas e activistas de várias regiões de todo o mundo, como Kitty Chopaka, que se deslocou da Tailândia, a União Europeia interveio “de forma inteligente” e afirmou estar “pronta para ajudar”. De acordo com o AllAfrica, o Presidente, Filipe Nyusi apelou a uma “reflexão profunda” sobre o desenvolvimento de políticas que visem regular a legalização da canábis, uma vez que o resto do mundo já está a adoptar estratégias para lidar com ela como uma planta legal.
Segundo Nyusi, que discursou na passada segunda-feira, dia 5 de Agosto, na abertura da 3ª Reunião de Alto Nível da Comissão sobre Drogas da África Oriental e Austral (ESACD), um evento de dois dias que decorreu em Maputo, “mais do que a cooperação entre países, precisamos de estudos aprofundados sobre como legalizar esta planta”.
No entanto, o Presidente alertou que o tráfico e consumo ilegal de drogas incentiva o terrorismo, tendo em conta a extrema violência levada a cabo pelos terroristas islâmicos em alguns pontos da província nortenha de Cabo Delgado.
“A prevenção e o combate à droga exigem coordenação entre as autoridades responsáveis pela aplicação da lei sobre a droga e a sociedade. Portanto, a presença de muitos países não é apenas para trocar experiências, mas para encontrar mecanismos sobre como comunicar e trabalhar em conjunto para esse fim”, cita o All Africa.
Contudo, Kitty Chopaka, que viajou da Tailândia para participar na reunião, escreveu no seu Instagram que o problema de Moçambique parece ser o mesmo que o do seu país: “Quando eu voltar para a Tailândia, vou resumir quantos países estiveram e como está o design de políticas aqui. Mas pelo que vejo, não é muito diferente de nós porque é o mesmo problema: corrupção, ‘levando a festa, levando as pessoas’ e ignorância”.
Europa pronta para ajudar Moçambique a legalizar a canábis
Ricardo Rosse, representante da União Europeia, referiu que a UE está disposta a apoiar os países das regiões da África Oriental e Austral na legalização da canábis, uma vez que muitos países estão a implementar “vários modelos de discriminação e legalização desta planta”.
“Estamos prontos para apoiar todos os esforços através da partilha de experiências, boas práticas e lições aprendidas com os nossos estados-membros, embora a União Europeia não tenha uma política sobre a legalização da canábis. Vários dos nossos estados-membros implementaram modelos diferentes”, afirmou Rosse.
Segundo o representante da Europa, a UE reconhece as abordagens de Moçambique na resposta aos desafios relacionados com as drogas e, por isso, incentiva reuniões de consulta para discutir o quadro jurídico regulamentar que poderá eventualmente conduzir à legalização da canábis: “Esperamos ver os decisores políticos, especialistas e partes interessadas a partilharem as suas experiências para o desenvolvimento de abordagens e regulamentação eficazes”, referiu, citado pelo AllAfrica.