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Opinião

Os últimos suspiros do proibicionismo na 5ª Dimensão

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Foto: D.R.

Um Sabor Que Já Não Estranho Na Minha Boca

O ano de 2023 terminou com um sabor agro para todos os apoiantes e defensores da canábis e é no mínimo hipócrita estarmos a mais de meio de 2024 e não termos a planta regulada como outra coisa qualquer em Portugal. Sim estou a começar um artigo assim. Sem introdução. Será que acordei com os pés de fora hoje? Não, caros leitores.

De forma franca e aberta acho que falo por todos quando escrevo que já estamos todos fartos de ser enganados por sucessivos partidos, da esquerda à direita, do centrão, às “alternativas”, sobre propostas de lei que nunca passam, ora por falta de conhecimento nas matérias que os habitantes do hemiciclo apresentam nas matérias que discutem, ora por disciplina de voto dos mesmos e mais recentemente com novas eleições após uma nova dissolução da Assembleia da República / queda do governo de António Costa.

Ainda assim, nas viagens diárias entre vídeos, vejo um anúncio de álcool, entre muitos outros que são permitidos na internet, com deixas como “Vem, entre nós há sempre espaço para mais um” como uma conhecida marca de cerveja apresenta na sua última vaga de anúncios online. Para os mais incautos, esta citação que faço do referido anúncio é programação neuro-linguística, a tomar vantagem do sentimento de pertença e de identidade do cidadão comum. Se bebes, pertences ao grupo. Logo abaixo, ou não fosse obrigatório pelo estado português leio “Sê responsável. Bebe com moderação.” Ajavarda, mas tenta não matar ninguém na estrada a seguir.

“É nosso direito não ter que ir a lojas de carácter duvidoso para adquirir canabinóides sintéticos, dos quais sabemos tão pouco, comparando com um produto de origem natural que conta com literatura extensa”

Situações aparentemente mundanas como esta demonstram não só hipocrisia, mas também um desrespeito de sucessivas governações para com as centenas de milhares de cidadãos que pagam os seus impostos, não causam incómodo na sociedade (excepto a moralistas mentecaptos) e que consomem frequentemente canábis nas suas mais variadas formas em Portugal. É bem verdade que o desconhecimento mata. Neste caso, continua a estragar a vida de famílias, familiares e amigas(os) que só querem viver uma vida condigna em sociedade e que, mesmo após mais de 20 anos de descriminalização, continuam a ter as suas vidas viradas do avesso por uma simples planta. Planta essa que, em mais de 10.000 anos de utilização, continua a não conseguir vitimar ninguém, sem ser o stock da despensa e do frigorífico.

Foto: D.R.

Santa Maria Rogai Por Nós Fumadores

E então que opções temos? Podemos esperar e virar um estereótipo vivo. Em alternativa, podemos iniciar e manter um processo de desobediência civil em várias frentes. Que continue o ativismo direto nas ruas e diversas redes sociais. De aplaudir o regresso da marcha que voltou às ruas este ano! Ainda assim, existe uma fronteira nunca antes quebrada pelo nosso bairro. A do direito de assembleia e culto religioso. Sim! A canábis é utilizada como sacramento por diferentes sectos e etnias pelo mundo inteiro. E não querendo que ninguém se converta a uma religião dogmática pré-existente, porque não criar uma instituição que proteja o cidadão comum? Com assembleia e comunhão do sacramento que é a nossa Santa Maria? Estamos a falar de um tema que, apesar de fracturante, assenta especificamente nos direitos inalienáveis de cada cidadão, porque a vida é uma escola, mas nunca só deveres.

Porque é nosso direito não ter que ir a lojas de carácter duvidoso para adquirir canabinóides sintéticos, dos quais sabemos tão pouco, comparando com um produto de origem natural que conta com literatura extensa, mesmo sofrendo, sob várias formas, de proibicionismo ao longo dos últimos milhares de anos, que ora, vão aparecendo e desaparecendo como um foco no palco. A planta lá continua, no palco, à espera do dia em que a vejam e tratem como o espírito sagrado que contém sabedoria e poderes e não como um demónio que veio para corromper a humanidade.

E se bem que se avizinha o fim do proibicionismo à medida que estas palavras são escritas, visto que a Alemanha e Espanha, uma o poder económico mais forte do continente, a outra o centro agrícola da União Europeia, iniciaram discussões de regulamentação apertada e taxação de uma erva natural, e mesmo sendo esses grandes marcos ditando o fim da caça às bruxas, outras novas lutas se iniciam pela verdadeira normalização a nível cultural e no tecido social da planta. Sem estigmas, nem preconceitos que demoraram algumas gerações a erradicar como formas de xenofobia que são.

“Chega de pedir “por favor” por uma coisa que mais do que nos deixar loucos e em paranóia delirante, auxilia tantos a serem melhores cidadãos, a viverem com mais qualidade de vida e humanidade”

Independente da opinião pessoal de cada um, basta de nos escondermos com o valor medicinal da planta, que existe e que é certamente sub-valorizado, fruto de décadas de perseguição a uma planta. Se existem estudos a provar que não existem danos a longo prazo, se temos até recente caso de que tarefas como a condução não são afectados de forma negativa quando administrada sozinha, de que estamos à espera? De deixarmos de estar do lado da razão lógica e empírica?

Chega de pedir “por favor” por uma coisa que mais do que nos deixar loucos e em paranóia delirante, auxilia tantos a serem melhores cidadãos, a viverem com mais qualidade de vida e humanidade. Não interessa em que partido votas e independentemente de quem esteja no governo, interessa que exijas, desde que se sentem na cadeira de S.Bento, o que é teu por direito, nesta e noutras matérias socio-económicas. Ponto final.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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YonniAppleseed
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@Yoni Appleseed é um dos pseudónimos associados ao artista português, cérebro por detrás da The Holy Lettuce, um projeto de origem única (single source) utilizando técnicas artesanais de agricultura no mercado tradicional e Avó Maria um projecto de extração mecânica e pastelaria e bombonaria canábica.

 Yoni teve a oportunidade de experienciar variedades distintas cultivadas debaixo do sol mediterrâneo desde que iniciou o seu consumo (a par com resina marroquina). Cedo se apaixona pelos distintos efeitos e sabores que a planta consegue elicitar, atribui muito do que é por ter estado no epicentro de uma zona de cultivo na primeira década dos 2000. É introduzido ao cultivo de guerilha aos 16 anos e desde aí encheu salas, espaços comerciais e tudo o que possas imaginar para cultivar e pesquisar novas variedades.Como curioso nato por biologia, biodiversidade e viagens, chega a viver em países de origem, coleciona, adquire e troca genética de linhas familiares (“heirlooms”, “landraces”) e semi ferais e simultaneamente germina, seleciona e cruza híbridos modernos de Espanha, EUA e de todos os lado que consiga conhecer, algumas vezes em viagens, muitas vezes por fóruns (Sim, havia discussões de canábis antes do instagram e do clout, imagine-se!).

À medida que os 10’s entram e a moda contemporânea importada dos EUA de flor invade a Europa e o resto do mundo, apercebe-se da importância não só da preservação, mas também da divulgação sobre países e variedades de origem. É um dos maiores proponentes na Penísula Ibérica de que a canábis e os seus derivativos devem ser tratados com amor e respeito que outras comodidades agrícolas preciosas obtêm de forma a satisfazer os palatos e cabeças mais exigentes (cof cof vinho, cof, queijo curado, cof charutos e tabaco de cachimbo premium) e que mais informação deve ser recolhida sobre Portugal para o elevar ao patamar que merece no mundo, como produtor de topo de flor e extraçóes cultivadas em exterior com o poder do pai Sol.

Nesta década dos 20’s, a par das suas outras aventuras, continua a viajar, e a lutar por ver a planta livre e com o respeito que merece, enquanto pesquisa novas variedades para os mercados e técnicas mais exigentes do mundo, mas também a pensar num futuro que se avizinha desafiador em termos de conservação e regeneração (resistências, perfis químicos úteis, consumo de recursos, etc). Já julgou taças nacionais, e internacionais. Mantém um dedo no pulso da batida cardíaca canábica mundial pela sua extensa rede de conexões com outros operadores no mercado tradicional e em países já legalizados.

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