Internacional
EUA: Governador da Califórnia, Gavin Newsom, proíbe derivados do cânhamo. “Isto é catastrófico para os doentes”, alerta Pediatra Bonni Goldstein

É um enorme passo atrás na história da canábis no estado da Califórnia e está a gerar a revolta da comunidade e da indústria. O governador Gavin Newsom decretou a proibição de emergência de produtos de THC derivados do cânhamo na Califórnia, levando à suspensão imediata da sua venda em todo o Estado.
O Gabinete de Direito Administrativo deu luz verde às regulamentações controversas esta segunda-feira, banindo uma vasta gama de produtos de cânhamo contendo níveis residuais de THC, incluindo bebidas e óleos medicinais de CBD. Ao CannaReporter®, a médica Pediatra Bonni Goldstein disse que este é “um erro grave com consequências perigosas”, pois há muitos pacientes que dependem destes produtos para situações sérias de saúde, como a epilepsia ou o cancro.
Governador preocupado com acesso de jovens a “produtos intoxicantes de cânhamo com THC”
Ao abrigo das novas regras de emergência, os comerciantes já não estão autorizados a vender produtos de cânhamo que contenham THC, mesmo que em níveis residuais de 0,3%. Esta proibição afecta também os produtos de CBD, que, embora não sejam intoxicantes, são amplamente utilizados para fins medicinais. As novas regras entraram imediatamente em vigor e já foram aplicadas em todo o estado, após a divulgação de um documento regulamentar obtido pelo SFGATE.
O governador Newsom defendeu a proibição, invocando preocupações de que as regulamentações brandas permitiam que os menores tivessem “acesso a produtos intoxicantes de cânhamo com THC”. No início deste mês, a administração de Newsom agiu para acelerar a proibição através de regras de emergência, argumentando que era necessário proteger a segurança pública.
No entanto, a indústria do cânhamo criticou a medida, acusando a administração de fazer um mau uso do processo de emergência e alertando que a proibição poderia afectar gravemente os doentes que dependem do cânhamo para tratamento médico. A pediatra Bonni Goldstein fez mesmo uma petição, há cerca de três meses, para impedir que estas medidas entrassem em vigor e temporariamente conseguiu, mas agora a decisão reverteu.

A pediatra californiana Bonni Goldstein com uma das suas pacientes
O Gabinete de Direito Administrativo colocou-se ao lado do governador, qualificando a situação de “emergência” na aprovação do regulamento, que deverá manter-se em vigor até pelo menos 25 de Março de 2025.
Newsom ignorou ‘apelos urgentes dos pais’: “Isto é catastrófico para os doentes”
Em declarações exclusivas ao CannaReporter®, a Pediatra californiana Bonni Goldstein indignou-se com a proibição ontem decretada: “A decisão do Governador Newsom de proibir o cânhamo de ocorrência natural, legal a nível federal, é um erro grave com consequências perigosas. Ao confundir o cânhamo natural, não prejudicial e com predominância de CBD, com canabinóides intoxicantes produzidos sinteticamente, ele está a pôr em risco a saúde e o bem-estar dos pacientes. Embora outros estados tenham sabiamente aberto excepções para estes produtos de cânhamo, seguros e eficazes, Newsom ignorou os apelos urgentes dos pais cujos filhos dependem deles para a sobrevivência. Para estas famílias, esta proibição é devastadora. O que é que eles podem fazer agora que o medicamento em que os seus filhos confiaram durante anos se tornou subitamente ilegal? Ainda mais preocupante, estes produtos essenciais de cânhamo não estão disponíveis nos dispensários de canábis, que se concentram em produtos para o uso adulto. Isto é catastrófico para os doentes que não podem simplesmente mudar para alternativas”, lamentou a médica, que acompanha doentes a e faz tratamentos com canabinóides há mais de 15 anos na região de Los Angeles.
A decisão gerou reacções em toda a comunidade da canábis medicinal. Os doentes e as suas famílias, preocupados com a perda de acesso a produtos essenciais de cânhamo, começaram a armazenar os seus medicamentos.
Uma cuidadora californiana disse no grupo de WhatsApp “EmpowHer”, que conta com mais de 700 mulheres ligadas à canábis e ao cânhamo em todo o mundo: “os óleos de CBD, CBG e CBDV que mantêm o meu marido livre de convulsões é agora ilegal. Milhões de pessoas dependem de produtos de espectro completo. Estes factos são sustentados pela ciência. Precisamos de um pouco de THC para que o CBD funcione correctamente”, afirmou.
Outra paciente acrescentou: “Que piada! Não funciona sem o THC, quem conhece a ciência sabe disso. Isto é destruir uma indústria inteira num dia. Boa sorte para o estado conseguir fazer algum dinheiro. Espero que seja aprovado a nível federal, para desfazer estas medidas na Califórnia”.
A U.S. Hemp Roundtable já prometeu contestar esta proibição em tribunal. A organização manifestou forte oposição às regras de emergência de Newsom e indicou que irá intentar uma acção judicial para anular a decisão.
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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]____________________________________________________________________________________________________
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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do XXI Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
