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Investigação

As oliveiras também podem ser tratadas com canábis medicinal

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A biomassa das plantas de canábis medicinal – folhas, talos e raízes – podem ter uma utilidade agrónoma inovadora: combater as pragas e doenças dos olivais.

De acordo com uma notícia da agência Lusa, um consórcio liderado pelo InnovPlantProtect (InPP) em Elvas, o projeto Valor CannBio “foi um dos vencedores da 6.ª edição do Programa Promove da Fundação La Caixa, em colaboração com o BPI e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), na categoria de projetos-piloto inovadores”, o que representa um financiamento no valor de 150 mil euros para desenvolver um produto que permita transformar aquela matéria orgânica da canábis num biopesticida “sustentável e eficaz” para controlar e combater “as principais doenças do olival, como a gafa e a tuberculose.”

O consórcio conta ainda com a participação do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV) da NOVA FCT, e das empresas GreenBePharma (GBP), dedicada à produção de canábis medicinal, e AGR Global, especializada no cultivo e produção de olival.

Esta é uma possibilidade que também poderá vir a transformar-se numa solução muito rentável para a indústria da canábis medicinal, que atualmente se vê obrigada a proceder à destruição da matéria orgânica excedente (através de compostagem ou incineração), com os custos/perdas que isso representa.

https://www.facebook.com/watch/?ref=embed_video&v=508530015282256

A canábis como uma opção mais sustentável

De acordo com o comunicado emitido pelo InPP na passada quinta-feira citado pelo mesmo jornal, a investigadora Ana Rita Duarte, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, entidade parceira do projeto, as soluções existentes atualmente no mercado “não são eficazes” já que são baseadas em fertilizantes sintéticos com “impactos negativos” no ambiente, com tendência a serem descontinuados pela União Europeia. “Este projeto visa a integração dos conceitos de agricultura sustentável, aliados à química verde, para obtenção de produtos mais amigos do ambiente”, explica a mesma investigadora.

No mesmo comunicado, Cristina Azevedo, diretora do departamento de novos biopesticidas do laboratório colaborativo InPP, disse ainda que “o ValorCannBio vai contribuir para as metas estabelecidas pela Comissão Europeia na Estratégia do Prado ao Prato e da Biodiversidade, na redução de 50% do uso de pesticidas de síntese química até 2050.”

Apesar de estar a ser desenvolvido no concelho de Elvas, “é expectável que estes se alarguem a toda a região de produção do olival, de Trás-os-Montes ao Algarve, onde as quebras de produção devido à gafa e à tuberculose estão em crescendo”, avançou Cristina Azevedo.

De acordo com a apresentação do projeto no site do InPP, “Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization), 30-50% da produção [agrícola] é perdida devido às pragas e doenças e as alterações climáticas estão a aumentar este impacto”. Em Portugal, o azeite é um dos bens agrícolas mais importantes para a economia nacional, “sendo o azeite um dos produtos mais exportados”, com “75% da produção proveniente do Alentejo”.

Canábis pode ser a resposta para pragas incontroláveis nas oliveiras

A Gafa (causada pelo fungo Colletothricum sp.) e a Tuberculose (causada pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. savastanoi) são duas das doenças que mais afetam o olival nacional, “levando a perdas de produção que podem atingir os 60-80%, a que correspondem mais de 50 milhões de euros, e à redução da qualidade do azeite”, lê-se na mesma página. Isto “está a levar ao desaparecimento do património genético de importantes variedades de olival tradicionais portuguesas.”

“A canábis possui mais de 500 compostos químicos, alguns com inexploradas propriedades antibacterianas, antifúngicas e inseticidas. Através da gestão eficiente da biomassa excedentária da canábis medicinal será possível desenvolver soluções eficazes e sustentáveis para o controlo de doenças que afetam o olival”, lê-se na apresentação do projeto.

Os investigadores querem desenvolver “novos métodos de extração dos compostos bioativos da canábis, baseados em química verde, isto é, usando solventes sustentáveis” e de forma complementar, pretendem “explorar a comunidade de microrganismos como bactérias que colonizam o interior dos tecidos vegetais sem causar dano à planta da canábis (conhecidas como bactérias endofíticas), isolando bactérias com propriedades de agente de controlo biológico para serem desenvolvidas com biopesticida.”

A partir daí, irão testar os melhores biopesticidas encontrados na planta e caraterizar “os produtos bioativos com atividade biopesticida” e os resultados serão depois “partilhados com o público através da criação de um website e da promoção nas redes sociais, para aumentar a visibilidade e o impacto dos resultados”, anunciam.
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Margarita Cardoso de Meneses adopta o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Margarita é colaboradora permanente do CannaReporter desde a sua criação, em 2017, tendo antes colaborado com outros meios de comunicação especializados em canábis, como a revista Cáñamo (Espanha), a CannaDouro Magazine (Portugal) ou a Cannapress. Fez parte da equipa original da edição da Cânhamo portuguesa, no início dos anos 2000, e da organização da Marcha Global da Marijuana em Portugal entre 2007 e 2009.

Recentemente, publicou o livro “Canábis | Maldita e Maravilhosa” (Ed. Oficina do Livro / LeYA, 2024), dedicado a difundir a história da planta, a sua relação ancestral com o Ser Humano como matéria prima, enteógeno e droga recreativa, assim como o potencial infinito que ela guarda em termos medicinais, industriais e ambientais.

Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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