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Portugal: Um em cada dez menores de idade consumiu canábis nos últimos 30 dias

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O 8º inquérito sobre comportamentos aditivos realizado pelo Instituto de Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD), no âmbito do Dia da Defesa Nacional (DDN), apresentou dados relevantes sobre o consumo de substâncias psicoactivas entre jovens portugueses de 18 anos. Entre as várias substâncias analisadas, a canábis destaca-se como a mais consumida, sendo objecto de atenção pelos seus padrões de consumo e impacto social. Cerca de 13% dos jovens utilizou-a nos últimos 30 dias.

A canábis continua a ser a substância ilícita mais consumida pelos jovens em Portugal. O estudo sobre o consumo de substâncias psicoactivas em jovens portugueses foi realizado pelo Instituto de Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD), em colaboração com a Direcção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN). Este inquérito, integrado nas actividades do Dia da Defesa Nacional, e foi aplicado a todos os jovens de 18 anos que participaram na iniciativa, através da utilização de questionários anónimos e de autopreenchimento em tablets.

O estudo recolheu dados sobre padrões de consumo de substâncias e comportamentos relacionados, de forma a realizar uma análise detalhada, comparativa e evolutiva desde a sua implementação em 2015. O ICAD, em conjunto com outras entidades regionais e nacionais, desenvolveu este estudo para realizar o mapeamento das tendências de consumo e assim orientar políticas públicas de saúde e prevenção.

O estudo revelou uma prevalência de consumo ao longo da vida de 27%, sendo que a prevalência é 23% nos últimos 12 meses e 13% nos últimos 30 dias. Estes números colocam a canábis muito acima de outras substâncias ilícitas em termos de popularidade entre os jovens. No que diz respeito às diferenças de consumo por género, o estudo mostra que os rapazes são mais propensos a consumir canábis do que as raparigas, com 25% e 20% de prevalência nos últimos 12 meses, respetivamente. Esta tendência reflecte-se também nos padrões de consumo mais intensos, que são mais frequentes entre os rapazes.

Estes padrões de consumo intensivo são residuais entre os menores questionados, porém 3% relataram um consumo diário ou quase diárionos últimos 30 dias (20 ou mais ocasiões). Apesar de ser um número significativo, é todavia inferior ao registado para o tabaco (13%) e para as bebidas alcoólicas (8%), que são produtos proibidos e cuja venda é vedada a menores de 18 anos. Ainda assim, a canábis figura entre as três substâncias mais frequentemente consumidas no último mês.

O consumo combinado de substâncias é uma prática comum e em ascenção entre os jovens. A prevalência de policonsumo é de 19%, sendo mais frequente entre os rapazes (22%) do que entre as raparigas (16%). No caso da canábis, 8% dos jovens relataram associá-la ao consumo de álcool na mesma ocasião.

Aquisição de canábis pela internet

A internet surge como uma via emergente para a aquisição de canábis. Em 2023, 6% dos jovens inquiridos declararam ter comprado asubstância online nos últimos 12 meses, o que representa cerca de um quinto de todos os jovens que, nos últimos meses, consumiram canábis. Este dado trás novas informações sobre os desenvolvimentos da procura e da oferta desta substância que, mesmo sendo ilícita e se calhar também por esse motivo também, mostra-se cada vez mais popular nos meios digitais onde o acesso por parte dos mais novos acaba por ser facilitado.

Tendências de consumo ao longo dos anos

Desde 2015, as prevalências de consumo de canábis têm apresentado uma tendência de ligeira para diminuir, o que pode ser um reflexo de uma estabilização dos padrões de consumo. Entre 2022 e 2023, verificou-se uma diminuição das prevalências de consumo intensivo, acompanhando a descida de outros padrões de consumo de substâncias. Porém, o consumo de substâncias em geral ainda é gerador de impacto social e situações merecedoras de atenção, no âmbito da redução de riscos e manutenção de danos, fruto da percentagem com alguma significância que menciona problemas associados ao consumo e os comportamentos de risco que existem, o que destaca a necessidade de um aprofundamento das políticas informativas e no contexto social ainda mais abrangentes e próximas dos cidadãos.

Embora os dados do estudo ICAD 2023 apontem para uma estabilização ou ligeira diminuição no consumo de canábis entre os jovens, esta substância continua a ocupar um lugar de destaque nos padrões de consumo e no impacto social. O policonsumo e a aquisição pela internet são questões que continuam a exigir atenção, ao passo que os dados sugerem a necessidade de estratégias direcionadas ao nível do género, para prevenir o consumo e mitigar os seus efeitos.

 

A descriminalização do consumo de drogas em Portugal, implementada há 25 anos, tornou-se um marco global, destacando o país como pioneiro numa abordagem centrada na saúde pública em vez de na criminalização. Os dados recolhidos ao longo deste período demonstram avanços significativos, como a redução do consumo problemático, das infeções por VIH e das mortes relacionadas com drogas. No entanto, novos desafios emergem, como o aumento do consumo de algumas substâncias, padrões de policonsumo e o impacto das novas dinâmicas sociais e digitais, como a compra de drogas online.

Estes dados reforçam a necessidade de um estudo aprofundado que analise os resultados alcançados e os desafios actuais, para redesenhar políticas que preparem o país para igual período garantindo que a política de drogas continue a ser eficaz, humana e adaptada ao contexto contemporâneo.

Leia o estudo completo aqui:
questionario

 

 

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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Marcello Grasso
11 meses atrás

El alcohol, droga ilícita para los menores sigue siendo más consumido, 8% de consumo diario frente al 3% de cannabis, pero el artículo y el titulo hacen énfasis en el consumo de cannabis entre los menores.

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