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Tailândia não volta atrás na legalização da canábis e quer ser o Centro Industrial de Cânhamo da ASEAN até 2027
O secretário do Ministro da Indústria da Tailândia, Pongpol Yodmuangcharoen, revelou que o governo tailandês tem um plano para “tornar a Tailândia o Centro Industrial de Cânhamo da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático] até 2027”. Pongpol Yodmuangcharoen discursou na cerimónia de abertura do Asia International Hemp Expo & Forum (AIHEF), que decorreu de 27 a 30 de Novembro de 2024, em Bangkok. Por seu lado, o conselheiro do Ministro da Saúde Pública, Kosit Suwinijjit, que presidiu à cerimónia de abertura do AIHEF, reafirmou que o governo tailandês está “empenhado em promover o uso benéfico, seguro e legal da canábis e do cânhamo para gerar valor económico e melhorar a qualidade de vida do povo tailandês”. Durante o evento, foi constituída a Federação Internacional do Cânhamo da Ásia, que arranca este ano com 12 países membros.
Apesar das várias notícias que a Imprensa internacional tem vindo a avançar nos últimos meses, anunciando intenções do governo tailandês voltar a proibir a canábis no país, essa possibilidade parece agora ser muito remota. A prová-lo está o sucesso da quarta edição do Asia International Hemp Expo & Forum (AIHEF), que contou com mais de 200 expositores da indústria internacional do cânhamo e da canábis, e recebeu mais de 12.000 visitantes. Este facto percebeu-se logo à entrada do enorme espaço que acolheu o evento, no Queen Sirikit National Convention Centre, em Bangkok, onde se sentiram imediatamente os aromas inconfundíveis da canábis.
Lá dentro, centenas de stands a promover negócios desde bancos de sementes a produtores de CBD, demonstração de flores com elevados níveis de THC, passando pelas fibras do cânhamo ou especialistas em iluminação e construção de instalações específicas para o cultivo de canábis, entre muitos outros. A quarta edição do AIHEF veio confirmar que a Tailândia está com os olhos postos no futuro e nas oportunidades que a planta da canábis pode trazer ao país, sobretudo a nível económico, industrial e de saúde / bem-estar. Uma breve visita a um dos bairros mais movimentados da cidade de Bangkok, Sukhumvit, permite constatar que os inúmeros dispensários abertos e a percepção geral de que a canábis é legal na Tailândia confirmam toda uma indústria em ascensão. Um pouco caótica, é certo, mas omnipresente e em franco crescimento.
“Em nome do Ministro da Indústria, tenho o privilégio de ter esta oportunidade de reconhecer a crescente importância do cânhamo na arena global e de enaltecer os contributos que a Associação Tailandesa do Comércio de Cânhamo Industrial (TiHTA) deu no apoio ao cultivo de cânhamo na Tailândia e na promoção de vários sectores relacionados com o cânhamo, como o têxtil, estilo de vida, saúde e inovação”, disse Pongpol Yodmuangcharoen, secretário do Ministro da Indústria da Tailândia, durante o discurso de abertura da terceira edição da AIHEF.
“A história do cânhamo remonta às antigas civilizações da Ásia e espalhou-se por todo o mundo através das expansões de impérios e das viagens de descoberta. Dito isto, a planta é famosa há muito tempo pelas fibras duráveis dos caules e pelos extractos das folhas e sementes que são frequentemente utilizadas em medicamentos. Apesar da sua origem histórica, o cânhamo manteve-se no centro das atenções como planta polivalente até aos dias de hoje, com embelezamentos por muitos mais estudos e pesquisas. E é isso que nos une aqui hoje”, disse.
Pongpol afirmou que as tecnologias modernas permitiram à Tailândia olhar mais profundamente para o cânhamo, descobrindo mais oportunidades para obter resistência e sustentabilidade: “Actualmente, o cânhamo pode ser visto por todo o lado. Podemos usá-lo, comê-lo e até viver nele. Em primeiro lugar, sabemos que o cânhamo produz óptimos tecidos. Muitas marcas globais conseguiram tecer o cânhamo com criatividade. De seguida, a ciência apresentou-nos o seu uso na cosmética e na saúde. Agora, podemos construir casas fortes com betão de cânhamo que permite que a estrutura seja mais negativa em carbono, eficiente em termos energéticos e à prova de intempéries”, continuou.
Enquanto secretário do Ministro da Indústria, Pongpol afirmou acreditar que o cânhamo ainda pode percorrer um longo caminho. “Hoje, as pessoas de todo o mundo estão mais preocupadas com as alterações climáticas, a consciência ambiental e a transformação verde. Embora muitos as vejam como ameaças, eu vejo-as como oportunidades. Em termos de plano e política, o Ministério da Indústria nomeou uma comissão para promover o desenvolvimento do cânhamo e das indústrias relacionadas com o cânhamo, que será o principal mecanismo para impulsionar o crescimento do cultivo, da inovação e da comercialização”.
No ano passado, o Departamento de Promoção Industrial tailandês (DIPROM) criou um protótipo de uma máquina de extracção de fibras de cânhamo para melhorar o demorado processo de cardação de fibras. Após uma série de testes industriais, a máquina foi transferida para o Centro de Investigação e Desenvolvimento de Materiais Industriais Criativos, na província de Lampang, para atender às necessidades dos agricultores de cânhamo do norte, que constituem a maioria de todos os produtores da Tailândia. O país também se prepara para os produtos de cânhamo rectificando os padrões industriais através do Instituto Tailandês de Padrões Industriais (TISI), que vão desde extractos de plantas a partes de plantas, como caules, hurds e fibras.
“Todos estes esforços contam como o nosso plano para tornar a Tailândia o Centro Industrial de Cânhamo da ASEAN até 2027”, afirmou Pongpol Yodmuangcharoen. ASEAN é a sigla para Associação das Nações do Sudeste Asiático, uma organização composta por 10 países asiáticos, criada para promover a cooperação económica, política, cultural e de segurança entre os seus membros. “Para sermos mais específicos, gostaríamos de salientar as duas características especiais do cânhamo, que são a sua durabilidade e a absorção de dióxido de carbono. Assim, o Ministério da Indústria gostaria de promover o cânhamo nas ciências dos materiais, o que pode contribuir amplamente para diversas indústrias, como a defesa, automóvel e construção. Tudo isto mostra potencial de crescimento, receitas e investimento para a Tailândia”, referiu.
O secretário disse ainda que acredita que o artesanato da Tailândia é “incomparável quando se trata de manufactura”, constituindo um excelente material que cria uma vantagem competitiva que pertence exclusivamente à Tailândia. “Hoje é uma ocasião especial e gostaria de estender o meu mais profundo agradecimento a cada um de vós por se juntarem a nós na Asia International Hemp Expo and Forum 2024. Que o dia de hoje inspire novas parcerias e ligações significativas que irão alimentar a inovação e o progresso nos próximos anos. Juntos, podemos construir um futuro, marcado por conquistas partilhadas e sucesso mútuo, que espero que seja tão forte e duradouro como a fibra de cânhamo”.
Pongpol Yodmuangcharoen terminou o seu discurso felicitando o sucesso do estabelecimento da Federação Internacional do Cânhamo da Ásia, que arrancou neste evento com 12 países membros na fase inicial.
“Estamos empenhados em promover estas plantas para o seu uso benéfico, seguro e legal”
Pouco antes do discurso de Pongpol Yodmuangcharoen, Kosit Suwinijjit, conselheiro do Ministro da Saúde Pública (Somsak Thepsutin), inaugurava oficialmente o evento, deixando claro que o governo tailandês está empenhado em apoiar o cultivo, processamento e agregação de valor do cânhamo e da canábis na Tailândia.
“O Ministério da Saúde Pública desenvolveu o cânhamo e a canábis para fins médicos, têxteis e alimentares para os promover como culturas económicas. Estamos empenhados em promover estas plantas para o seu uso benéfico, seguro e legal para gerar valor económico e melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Isto está alinhado com a visão delineada nas Sete Políticas do Ministério da Saúde Pública para 2025, particularmente o desenvolvimento da economia da saúde rumo a um Centro Médico e de Bem-Estar”, afirmou.
A visão do governo tailandês inclui:
• Elevar a sabedoria tailandesa e o uso de plantas medicinais;
• Expandir as oportunidades de crescimento na indústria medicinal, tanto nos mercados modernos como nos tradicionais;
• Apoiar a investigação clínica para utilizar a canábis de forma eficaz e segura
para o tratamento de diversas doenças;
• Avançar no desenvolvimento de formulações da medicina tradicional tailandesa e abordagens médicas integradas.
Suwinijjit grarantiu ainda que a Tailândia está a preparar para 2025 um quadro regulamentar que inclua todas as vertentes de negócio relacionadas com a canábis e o cânhamo, sem esquecer a educação e redução de riscos junto dos mais jovens. “Na vertente económica, estamos empenhados em apoiar o cultivo, processamento e agregação de valor do cânhamo e da canábis. Estão a ser desenvolvidas regulamentações abrangentes para abranger toda a cadeia de valor, desde montante até jusante. Na vertente social, estão em vigor medidas para controlar o uso de cânhamo e canábis para prevenir impactos sociais adversos, especialmente entre os jovens. Além disso, estão a ser feitos esforços para educar o público sobre a utilização adequada do cânhamo e da canábis dentro de quadros bem regulamentados”, referiu.
“Acredito que este fórum será um palco importante para o intercâmbio de conhecimentos, tecnologia e experiências que ajudarão a promover as aplicações médicas e económicas do cânhamo e da canábis, impulsionando a indústria na Tailândia e em toda a Ásia para patamares mais elevados”, terminou. Os representantes do governo tailandês abriram assim as hostes para um evento recheado de palestras (que contou com a presença de mais de 50 oradores de todo o mundo), fóruns, workshops e intercâmbio de conhecimento, negócios e ideias para um sector em franca ascensão no país. A Tailândia posiciona-se assim como o primeiro país da Ásia a impulsionar as indústrias do cânhamo e da canábis e, certamente, já não volta a um quadro de proibição desta planta que mudou o seu futuro.
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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]____________________________________________________________________________________________________
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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e directora de programa da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.