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Ciência

Dia Internacional das Mulheres na Ciência: O que mudou em 100 anos?

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5º Congresso de Mecânica Quântica, em Bruxelas, 1927. Foto retirada da edição especial da National Geographic dedicada a Max Planck: "A Teoria Quântica". Crédito: SPL/AGE Fotostock

Consegue encontrar a mulher nesta fotografia, tirada no 5º Congresso sobre Mecânica Quântica, em Bruxelas, em 1927? Há menos de um século, a ciência era uma disciplina quase exclusiva do domínio masculino e muito poucas mulheres conseguiam entrar neste mundo reservado aos homens. Marie Curie, a única mulher nesta foto, foi, no início do século 20, uma corajosa pioneira, que lutou contra estereótipos e viria a mudar a forma como hoje se faz ciência. A indústria da canábis, apesar de ser maioritariamente constituída por homens, tem cada vez mais mulheres em papéis preponderantes. A comunidade EmpowHer Cannabis Society, por exemplo, fundado há pouco mais de um ano, reúne mais de 700 mulheres de todo o mundo que dedicam a sua vida profissional a esta planta.

O dia 11 de Fevereiro assinala o Dia Internacional das Mulheres na Ciência, uma data dedicada a reconhecer o papel fundamental que as mulheres desempenham na inovação e na investigação científica. A efeméride foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2015, com o objectivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, principalmente do ponto de vista da ciência e da educação.

A foto em destaque foi retirada do interior de uma edição especial da National Geographic dedicada a Max Planck, intitulada “A Teoria Quântica”. Em 1927, Bruxelas acolheu o 5º Congresso de Mecânica Quântica, em Bruxelas, promovido pelo químico belga Ernst Solvay. O seu objectivo era juntar os maiores cientistas da época para discutir mecânica quântica. Ali se reuniram, entre outros, Max Planck, Albert Einstein, Auguste Piccard, Niels Bohr, Ernest Rutherford e a única mulher reconhecida no campo da ciência na época: Marie Curie. Chega a ser desafiante detectar a única mulher numa fotografia cheia de homens, mas em quase 100 anos, felizmente, muita coisa mudou. No entanto, e apesar dos avanços, há ainda um longo caminho a percorrer.

O dia de hoje, 11 de Fevereiro, Dia Internacional das Mulheres na Ciência, serve como um lembrete da persistente desigualdade de género nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e destaca a necessidade de maior inclusão e apoio às mulheres nesses campos. Uma área onde as investigadoras têm contribuído cada vez mais é na pesquisa em canábis medicinal, um campo em evolução com um enorme potencial terapêutico.

O papel cada vez mais relevante das mulheres na ciência da canábis

Apesar das barreiras históricas, as mulheres desempenharam um papel crucial não só no avanço da ciência em geral, mas também na investigação sobre canábis em particular. Desde pioneiras até cientistas contemporâneas, as mulheres têm sido fundamentais para descobrir as propriedades medicinais da planta e defender o seu uso terapêutico. As suas contribuições abrangem diversas disciplinas, incluindo medicina, farmacologia, botânica, neurociência, cultivo e processamento, sem esquecer as mulheres cuidadoras, activistas e defensoras dos direitos dos pacientes.

Um exemplo notável é a descoberta do sistema endocanabinóide nos anos 90 do século XX, liderada por Raphael Mechoulam, Yael Gaoni e Lumír Hanuš. Embora seja Mechoulam a estar normalmente em destaque, cientistas como Allyn Howlett, Cristina Sánchez ou Daniela Parolaro, entre muitas outras, foram pioneiras e ampliaram a compreensão sobre o sistema endocanabinóide e os seus receptores, os efeitos dos canabinóides no cancro e nos distúrbios neurológicos. O seu trabalho contribuiu para ajudar a desmistificar a ciência da canábis e abrir caminho para medicamentos à base da planta. Muitas outras mulheres se seguiram no século XXI.

O sexo feminino desafia, portanto, perspectivas ultrapassadas e expande os limites da ciência da canábis para melhorar os tratamentos médicos e a qualidade de vida dos pacientes à volta do mundo.

O futuro das mulheres na ciência da canábis

À medida que a pesquisa em canábis medicinal continua a crescer, a necessidade de maior diversidade de género torna-se cada vez mais evidente. Incentivar jovens mulheres a seguirem carreiras nas ciências relacionadas com a canábis é essencial para fomentar a inovação e garantir que a pesquisa seja inclusiva e representativa.

“As mulheres ocupam menos de 25% dos cargos executivos na indústria da canábis, o que realça a necessidade urgente de advocacia e apoio contínuos” – Heidi Whitman

Programas educativos, mecenato, bolsas de estudo e iniciativas de financiamento voltadas para as mulheres podem ajudar a reduzir a desigualdade de género. Universidades e outras instituições de pesquisa também podem dar prioridade a práticas de contratação equitativas e distribuição de financiamento para apoiar projectos liderados por mulheres na ciência da canábis, de forma a tornar o sector mais inclusivo.

Quebrar barreiras num campo dominado por homens

Heidi Whitman, empreendedora e uma das fundadoras da EmpowHer Cannabis Society

As mulheres na pesquisa da canábis enfrentam desafios semelhantes aos encontrados noutras disciplinas científicas, incluindo sub-representação, oportunidades de financiamento limitadas e preconceitos sociais. No entanto, o sector da canábis medicinal apresenta desafios adicionais, como restrições legais, estigmas políticos e a predominância masculina tanto na indústria farmacêutica quanto no sector da canábis.

Organizações como a comunidade do whatsapp ‘EmpowHer Cannabis Society‘, Ellementa ou Women Grow surgiram para apoiar cientistas, empreendedoras e defensoras da canábis em todo o mundo. Estas redes fornecem suporte e mentoria, recursos financeiros e oportunidades para amplificar as vozes das mulheres que lideram pesquisas e negócios inovadores nesta área.

Em declarações ao CannaReporter®, Heidi Whitman, administradora do grupo ‘EmpowHer Cannabis Society’, que reúne no Whatsapp mais de 770 mulheres de todo o mundo, disse que “a participação das mulheres na indústria da canábis é essencial para a inovação, o crescimento económico e a equidade social. Desde o pioneirismo na medicina baseada em plantas até à defesa de avanços regulamentares, as mulheres na canábis estão a impulsionar novas soluções e modelos de negócio sustentáveis. No entanto, a disparidade de género continua a ser um desafio: as mulheres ocupam menos de 25% dos cargos executivos na indústria da canábis, o que realça a necessidade urgente de advocacia e apoio contínuos”, alertou.

A comunidade EmpowHer está aberta a receber todas as mulheres que trabalhem na indústria da canábis global.

Para se juntar ao grupo do Whatsapp pode ler o código QR abaixo.

Empowher  

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do XXI Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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