Crónica
Os anos verdes: o movimento da canábis em Espanha e as suas mobilizações

Com o maior evento da cultura da canábis em Espanha a acontecer na próxima semana, revisitamos o activismo e a história dos movimentos pela liberalização da planta no país de ‘nuestros hermanos’, num texto da autoria da ConFAC, com a colaboração de Juan Carlos Usó Arnal e do Hash Marihuana & Hemp Museum.

O famoso San Canuto, que se celebra sempre a 19 de Janeiro
É difícil dizer quando começaram as manifestações contra a proibição das drogas. Segundo o historiador Juan Carlos Usó Arnal, podemos considerar que o movimento anti-proibicionista começou em Londres, em 1966, quando a revista The International Times (ou IT) foi publicada e foi realizada uma manifestação no Hyde Park, onde se reuniram mais de 5.000 pessoas.
Nos EUA, o Dia Nacional da Marijuana começou a ser comemorado em 1972 e, no verão de 1974, apareceu a primeira edição da lendária revista High Times. A partir desse ano, uma multidão de eventos públicos de cannabis cups, de manifestações, reuniões, assembleias, workshops e campanhas começaram a acontecer um pouco por todos o país, dando energia e traçando um longo caminho para se conseguir o livre acesso à planta de canábis sem criminalizar os utilizadores, um caminho que continua até aos dias de hoje.
Em Espanha, uma das festas que mais sorrisos desperta é o San Canuto. Apesar de a única ligação da planta com este santo ser o seu nome, em todos os dias 19 de Janeiro são feitas orações e “canutos” (charros) são acesos em sua homenagem.
A primeira celebração documentada do San Canuto é de 1979, na Universidade de Deusto, em Bilbao, o que, para a sociedade da época, foi um verdadeiro escândalo. Mais tarde, foi popularizado na Universidade Autónoma de Madrid. Na década de 90, estas manifestações aumentaram, começaram a popularizar-se e a acontecer fora das Universidades, passando a ser realizadas em várias cidades, como Vigo, Barcelona, Sevilha ou Alicante.
A Marcha Mundial da Marijuana em Madrid

Cartaz para o “Legalise Pot Rally” no Hyde Park, Londres, em 1967, desenhado por Martin Sharp
Em 1997, a primeira Marcha Mundial da Marijuana foi convocada informalmente em Madrid e consistiu numa manifestação na Puerta del Sol, com uma assistência que não chegou a cem pessoas. Como referência a assinalar, foi a presença fortuita de Andrés Calamaro*, que cedeu uma cassete de rádio ao movimento canábico. Desde então, todas as marchas são acompanhadas por música de um ou outro género, em diferentes formatos.
Ao longo dos anos, as marchas de Madrid foram ganhando popularidade, visibilidade e participação. Por volta do ano 2000, um artigo de jornal contou erroneamente os manifestantes, descrevendo na sua publicação uma comparência de apenas 200 pessoas. A partir desse momento a organização decidiu contabilizar a presença, distribuindo balões verdes aos participantes. Na primeira ocasião, a distribuição foi de 500 balões. A partir de 2010, o público começou a aumentar, sendo as últimas marchas já compostas por verdadeiras multidões de milhares e milhares de pessoas, mas, até hoje, cerca de 1.000 balões verdes são sempre distribuídos de forma simbólica. Este evento passou por várias fases, mas manteve sempre o seu espírito reivindicativo.
A 6 de maio de 2023, realizou-se em Madrid a 26ª edição da Marcha Mundial da Marijuana, sob o lema ”Por uma regulamentação social justa, por um futuro sem mordaças: Lei da Canábis já!”. Apesar de muitos países estarem a regulamentar a canábis, em parte com base no modelo espanhol de Associações de Canábis, devido a imposições de última hora das autoridades espanholas a tradicional marcha teve que se transformar apenas num comício na Puerta del Sol de Madrid, com forte pressão policial.
Sem dúvida, em Espanha ainda há um longo caminho a percorrer.
*Andrés Calamaro é um cantor, compositor e produtor argentino; líder da banda Los Rodríguez, que teve grande sucesso em Espanha na década de 1990. Tornou-se um dos principais ícones do rock argentino nas duas últimas décadas.

Os balões verdes, além de colorir a marcha, ajudam a contar a participação das pessoas no protesto.
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Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 10 da CannaDouro Magazine
Imagens: ConFAC, AMEC, ALACANNABIS, La MACA, Marihuana Television, Revista CÁÑAMO.
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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]____________________________________________________________________________________________________
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CannaReporter
