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Análise

Estudo da EUDA revela menos canábis e mais estimulantes nas águas residuais de 128 cidades europeias

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As mais recentes análises a águas residuais realizadas em 128 cidades europeias revelam uma tendência de diminuição no consumo de canábis, enquanto o uso de drogas estimulantes, como cocaína e MDMA (ecstasy), continua a aumentar. O estudo, conduzido pelo grupo europeu SCORE em colaboração com a EUDA (European Drugs Agency), fornece uma visão detalhada dos padrões de consumo de substâncias na Europa, utilizando amostras de esgotos para identificar a presença de diferentes compostos. A quebra no consumo de canábis é uma das conclusões desta análise.

O projecto analisou águas residuais num recorde de 128 cidades europeias de 26 países (24 da UE, Turquia e Noruega) para explorar os comportamentos de consumo de drogas dos seus habitantes. O estudo analisou amostras diárias de águas residuais nas áreas de captação de estações de tratamento de águas residuais durante um período de uma semana entre Março e Maio de 2024. Amostras de águas residuais de cerca de 68,8 milhões de pessoas foram analisadas em busca de vestígios de cinco substâncias estimulantes: anfetaminas, cocaína, metanfetaminas, MDMA/ecstasy e Ketamina, além de canábis.

De acordo com a EUDA, a análise de águas residuais municipais na procura de substâncias e dos seus metabolitos para estimar o consumo comunitário é um campo em desenvolvimento que envolve cientistas que trabalham em diferentes áreas de investigação, incluindo química analítica, fisiologia, bioquímica, engenharia de esgotos, epidemiologia espacial e estatística e epidemiologia convencional de substâncias.

Europa tem quase 23 milhões de utilizadores de canábis

A canábis é a droga ilícita mais utilizada na Europa, com cerca de 22,8 milhões de consumidores no ano passado. Os inquéritos nacionais sobre o consumo de canábis sugerem que, no geral, estima-se que cerca de 8% dos adultos europeus (22,8 milhões de anos entre os 15 e os 64 anos) tenham consumido canábis no ano passado. No entanto, tanto o nível de utilização como as tendências de utilização reportadas em dados nacionais recentes parecem heterogéneas, de acordo com os dados da EUDA de 2024.

Nas águas residuais, o uso de canábis é estimado através da medição do seu principal metabolito, o THC-COOH, que é o único biomarcador adequado encontrado até ao momento. Embora seja excretado em baixa percentagem e ainda seja necessária mais investigação (Causanilles et al., 2017a), é comummente utilizado para relatar o uso de canábis na literatura (Zucatto et al., 2016; Bijlsma et al., 2020).

As cargas de THC-COOH observadas nas águas residuais indicam que o consumo de canábis foi maior nas cidades do sul e centro da Europa, em particular nas cidades de Espanha, Países Baixos, Portugal, mas também nas cidades da Noruega. Em 2024, verificaram-se tendências divergentes entre as 51 cidades com dados anteriores: 13 cidades reportaram um aumento das cargas de THC-COOH nas amostras de águas residuais, enquanto 25 uma diminuição e 13 permaneceram estáveis.

Portugal lidera nas concentrações de MDMA

Se a canábis apresentou sinais de retracção, o mesmo não pode ser dito sobre substâncias como a cocaína e o MDMA (também conhecido como ecstasy). As cidades da Europa Ocidental e Meridional, em particular da Bélgica, Países Baixos e Espanha, registaram os mais altos níveis de resíduos de cocaína nas águas residuais. A substância também foi detectada em praticamente todas as cidades da Europa Oriental incluídas no estudo, sugerindo uma expansão do seu consumo.

Portugal é um dos países onde se encontrou mais MDMA nas águas residuais. O relatório da EUDA revela que Portugal, juntamente com a Bélgica, República Checa e Países Baixos é um dos países com as maiores concentrações de MDMA  nas águas residuais. Já as metanfetaminas, outrora predominantemente consumidas na República Checa e Eslováquia, está agora a ser encontrada em países como a Alemanha, Espanha, Chipre, Países Baixos e Turquia.

Portugal acompanha tendências europeias

Em Portugal, as cidades do Porto, Lisboa e Almada participaram na análise. O Porto destacou-se pelo aumento expressivo de cocaína nas águas residuais, passando de 265,9 mg para 512,5 mg por 1.000 pessoas/dia face ao ano anterior. Lisboa e Almada também registaram aumentos, embora de menor magnitude. Em relação à canábis, os resíduos mantiveram-se estáveis em Lisboa e Almada, enquanto no Porto houve uma ligeira redução.

Alexis Goosdeel, da EUDA, sublinha a importância da análise de águas residuais como um método eficaz para detectar padrões emergentes no consumo de drogas. “Este tipo de monitorização permite identificar rapidamente alterações no mercado e no comportamento dos consumidores, ajudando as autoridades a adaptar as respostas em tempo útil”, afirmou em comunicado de Imprensa.

Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de continuar a acompanhar as tendências do consumo de drogas na Europa, particularmente num contexto de mudanças na legislação sobre a canábis e da crescente disponibilidade de novas substâncias psicoactivas no mercado.

O grupo SCORE realiza campanhas anuais de monitorização de águas residuais desde 2011, quando participaram 19 cidades de 10 países e foram estudadas quatro drogas estimulantes. Setenta e seis cidades participaram em pelo menos cinco campanhas anuais de monitorização de águas residuais desde 2011, permitindo análises de tendências temporais.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do XXI Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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