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Paciente critica qualidade das flores de canábis medicinal fornecidas pela Tikun Olam e empresa rebate alegações

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Kelly Atzoutzoulas obteve uma prescrição de um médico grego para duas unidades de flores de canábis da Tikun Olam, com 10 gramas cada, pelas quais pagou 331.82 euros. No entanto, a experiência deixou-a profundamente insatisfeita, ao ponto de ter apresentado uma queixa formal à Tikun Olam e de ter tornado público o seu desagrado através de uma publicação no LinkedIn. Em esclarecimentos ao CannaReporter®, a Tikun Olam referiu que “a sugestão de que o produto foi cultivado ao ar livre é factualmente incorrecta” e que a “aparência das amostras retidas e das flores secas mostradas no vídeo que [a paciente] forneceu é típica da variedade Midnight”. 

Kelly Atzoutzoulas, 49 anos, é directora de vendas da TetraHip, uma empresa de canábis com sede na Macedónia do Norte, e recorreu recentemente à canábis medicinal na Grécia para tratar sintomas associados à dor e à menopausa. Segundo Kelly, a qualidade das flores que recebeu foi “vergonhosa”. A paciente descreveu um produto seco, cheio de caules, sem cheiro, sem sabor, sem cristais visíveis e com efeitos mínimos ou nulos.

Perante as suas expectativas defraudadas, a paciente enviou, há cerca de duas semanas, uma queixa à Tikun Olam, para a qual afirmava não ter recebido qualquer resposta até ao dia de ontem, quando tornou pública a sua insatisfação num post no LinkedIn. De acordo com o post de Kelly, “a Tikun Olam é a única empresa que vende para o mercado grego neste momento e pratica os preços mais elevados da Europa”.

A queixa que Kelly Atzoutzoulas enviou à Tikun Olam foi a seguinte:

“Tenho uma receita para canábis medicinal. A sua variedade Midnight é decepcionante em termos de qualidade e efeitos. Parece que é cultivado ao ar livre, que é o método mais barato de cultivo, mas vocês praticam os preços mais elevados da Europa, desde o produtor à farmácia. E o preço final é demasiado elevado para a qualidade que oferece. Os seus preços refletem AAA+ para ambientes interiores, mas as suas flores parecem ter mofo. A canábis não tem sabor, nem cheiro, nem cristais e definitivamente NÃO apresenta os efeitos de uma variedade SATIVA. A variedade Midnight, na minha opinião, é uma variedade com predominância índica, utilizada APENAS para dores ligeiras e ansiedade. NÃO melhora minimamente o humor, como afirmam. A minha avaliação para vocês é 2 em 5, na melhor das hipóteses. Podem ser a única empresa agora, mas outras entrarão e, quando isso acontecer, ninguém escolherá o vosso produto. Existem muitas opções melhores (até no mercado negro). O objectivo da canábis medicinal é ser um medicamento puro e estar acima do mercado negro, mas a sua está muito atrás. Anexei 1 foto e 2 vídeos. Um deles é uma fotografia do número de lote e da data de validade. Os outros 2 são vídeos da sua variedade Midnight. Muito decepcionante. Boa sorte.”

Em declarações ao CannaReporter®, Kelly disse que as flores que adquiriu não aliviaram os seus sintomas e criticou também a forma como a estirpe foi rotulada. “O produto prescrito foi o ‘Midnight’, classificado como uma variedade sativa, mas classificá-la como sativa está incorrecto. Falta-lhe o ‘high mental’ e os efeitos energizantes típicos das sativas”, afirmou.

A paciente contactou a Tikun Olam por e-mail, mas segundo afirmou, não obteve qualquer resposta até ao dia de ontem, altura em que o CannaReporter® enviou um pedido de esclarecimento à empresa.

Tikun Olam diz que a variedade Midnight é mesmo como se apresenta e que “densidade visível dos tricomas não é um indicador válido da qualidade farmacêutica”

Vasia Dermati, directora de Marketing da Tikun Olam, enviou um e-mail de resposta ao pedido de esclarecimento do CannaReporter®, que transcrevemos na íntegra abaixo:

“Em relação à vossa mensagem, informamos que já tratámos da consulta da paciente de acordo com os nossos procedimentos internos. Além disso, para sua referência, veja abaixo a nossa resposta formal às preocupações levantadas:

1. Metodologia de Cultivo e Produção
A Midnight é cultivada numa estufa de ambiente fechado, em conformidade com o GACP, concebida para cumprir os rigorosos padrões de qualidade farmacêutica. A instalação opera com sistemas completos de gestão da qualidade, com processos validados para o cultivo, secagem, cura, corte e embalamento. Toda a produção é conduzida de acordo com as directrizes EU-GMP e GACP e inclui uma monitorização abrangente das condições ambientais, riscos de contaminação e rastreabilidade.

É importante referir que o cultivo ao ar livre não é compatível com as normas GMP, uma vez que não possui os controlos necessários sobre os potenciais contaminantes, variabilidade e estabilidade. A sugestão de que o produto foi cultivado ao ar livre é factualmente incorrecta.

2. Classificação da variedade e Perfil Farmacológico
Todos os produtos de canábis medicinal são, por classificação legal e botânica, rotulados como Cannabis Sativa L., independentemente da sua herança genética (Índica, Sativa ou híbrida). A Midnight é considerada uma variedade equilibrada, onde o CBD e o THC coexistem em porções comparáveis. Está indicado para uso terapêutico no tratamento da dor crónica, espasticidade na esclerose múltipla, estimulação do apetite e tratamento de náuseas e vómitos em doentes sob quimioterapia, terapêutica para o VIH ou hepatite C. Estas indicações estão claramente descritas no Folheto Informativo para o Doente.

O produto não é comercializado como uma variedade “Sativa” pura, e não é feita qualquer alegação de efeito psicoactivo (por exemplo, elevação ou estimulação do humor) em qualquer comunicação oficial ou regulamentar. Os efeitos relatados podem variar significativamente entre os doentes devido às respostas farmacodinâmicas interindividuais aos canabinóides e aos terpenos.

3. Características visuais e desenvolvimento de tricomas
A Midnight baseia-se numa linha genética dominante em variedades locais, e a sua morfologia reflecte a expressão natural destes cultivares. Como quimiotipo equilibrado, produz concentrações mais baixas de tricomas resinosos do que os cultivares com alto teor de THC criados para fins recreativos.

A densidade visível dos tricomas não é um indicador válido da qualidade farmacêutica. Em vez disso, o nosso programa de controlo de qualidade depende de testes analíticos validados, incluindo:

  • Determinação do teor de canabinóides (CBDA/CBD, THCA/THC, CBGA/CBG e mais)
  • Testes microbianos (TAMC, TYMC, patogénicos)
  • Triagem de metais pesados
  • Rastreio de micotoxinas
  • Monitorização de resíduos de pesticidas
  • Actividade de água e controlo de humidade

Apenas os lotes que cumpram todas as especificações são liberados para o mercado.

4. Considerações sobre os preços

O preço de todos os produtos acabados de canábis medicinal é determinado pelo Ministério da Saúde utilizando a mesma metodologia de todos os outros produtos farmacêuticos, com base na estrutura legislativa aplicável.

5. Revisão de reclamações e avaliação de lotes
Recebemos os ficheiros de media e os detalhes do lote mencionados na reclamação e foi conduzida uma investigação com base no nosso procedimento interno. A investigação inclui a revisão dos registos de lote e a retenção de testes de amostra do lote reclamado. Nenhum desvio foi identificado. A aparência das amostras retidas e das flores secas mostradas no vídeo que forneceu é típica da variedade Midnight.

6. Comunicação e reivindicações do produto
Gostaríamos de salientar que todas as comunicações relacionadas com o produto, incluindo embalagens e materiais de contacto com médicos/doentes, são cuidadosamente revistas para garantir a conformidade com os requisitos regulamentares aplicáveis. Não há alegações sobre efeitos subjectivos, como estimulação, alteração do humor ou uso recreativo. Entendemos que as experiências individuais podem variar; no entanto, tais impressões não estão alinhadas com a utilização terapêutica autorizada do produto e podem resultar de interpretação pessoal e não de informações oficiais sobre o produto.

Continuamos empenhados em manter a transparência, o rigor científico e a segurança dos doentes no panorama da canábis medicinal na Grécia e na Europa”, conclui o e-mail da Tikun Olam.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do XXI Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “O que diz Lisboa?” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” em 2018 e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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