Entrevistas
Andy Mannsfeld: “A legalização na Alemanha pode gerar muito mais do que 27,000 empregos”

Andy Mannsfeld é fundador da plataforma EUCannaJobs, especializada no recrutamento de profissionais para a emergente indústria europeia da canábis. Nascido na Alemanha e formado em Medicina nos Estados Unidos, Andy foi médico no Colorado durante o processo de legalização da canábis, mas as restrições federais impediram-no de se envolver na indústria.
Após passagens pelo Vietname e Portugal — onde tentou lançar um projecto de cultivo —, Andy acabou por regressar à Alemanha, onde identificou uma necessidade urgente de encontrar profissionais qualificados no sector.
Hoje, através da EUCannaJobs, ajuda empresas e candidatos a navegarem o complexo e em rápida mutação mercado europeu da canábis. Nesta entrevista, que nos deu durante a Mary Jane em Berlim, em Junho de 2024, Mannsfeld fala sobre o potencial de criação de empregos, os principais perfis procurados, os desafios de regulação e os erros que a Alemanha deve evitar repetir.
Andy, é o fundador da EU CannaJobs, mas também é médico, certo?
Sim, fui médico nos EUA e depois fiz uma pequena paragem no Vietname durante alguns anos, antes de voltar para a Alemanha.
Já tinha experiência com canábis nos Estados Unidos?
Eu era médico no Colorado, quando todo o processo de legalização estava a acontecer, mas, devido às proibições federais, não pude envolver-me na indústria. O Ministério Público ameaçou tirar-me a licença, o hospital onde trabalhava, devido ao financiamento federal, não permitia que os seus médicos tivessem qualquer envolvimento com a canábis ou que a prescrevessem. Apesar de o estado do Colorado ter legalizado a canábis, as restrições federais tornavam-na muito difícil.
Foi nessa altura que decidiu mudar-se para a Europa?
Não exactamente por causa disso. Há muitos problemas nos EUA, por isso, achei que era altura de me ir embora. Isso foi há oito anos.
Mas é natural da Alemanha, não é?
Sim.
Foi para os EUA e depois voltou para casa.
Sim, exactamente. Os meus pais mudaram-se para os EUA quando eu tinha quatro anos, mas acabei por voltar. O meu pai tem quase 90 anos, mas ele também gostava de poder voltar. Apesar de ter pensado que era a terra das oportunidades e o melhor sítio do mundo, ele preferia deixar os Estados Unidos nesta altura, não está muito entusiasmado com o que está a acontecer por lá hoje em dia.
“Apercebi-me de como é difícil encontrar trabalhadores na indústria da canábis”
Se calhar tem que lhe oferecer um emprego na Europa! (risos) Convide-o!
(risos) Ele era um químico muito, muito bom. Podia ter feito coisas fantásticas no seu tempo, com todo o processamento e fabrico diferentes que podem ser feitos hoje, mas acho que isso está para além do tempo dele agora.
Sim, ele provavelmente quer descansar e merece-o. Então, e como é que, depois da medicina, o Andy acabou a trabalhar em recursos humanos?
Quando vim para a Europa pela primeira vez, estive envolvido num projecto de cultivo em Portugal e obtivemos a nossa pré-licença muito rapidamente, mas infelizmente não obtivemos o financiamento, porque foi na altura em que começou a guerra na Ucrânia e todas as questões colaterais. Mas, durante esse processo, apercebi-me de como é difícil encontrar trabalhadores na indústria da canábis, porque para obter a nossa pré-licença em Portugal, temos de ter um cultivador sob contrato e mais pessoas envolvidas. Por isso, era muito difícil e, como nos EUA eu estava familiarizado com as plataformas de empregos específicos no sector da canábis, perguntei: “Bem, porque é que a Europa não tem isto? A Europa precisa disto.” Então, comecei a fazê-lo como um projecto paralelo. Depois, como o negócio do cultivo não foi financiado, mudei o meu foco principal.
Com esta nova era de legalização na Alemanha, faz ideia de quantos postos de trabalho existem no sector da canábis?
É muito difícil saber. Infelizmente, não existem bons dados sobre esse tipo de informação. Há uns cinco anos, uma universidade alemã fez um estudo e publicou um artigo em que calculava que, se a Alemanha legalizasse totalmente, criaria 27.000 empregos. Para mim, isso até parece um número baixo, mas é o único número que podemos considerar, que alguém alguma vez calculou. O meu palpite é que seja ainda maior. Se olharmos para os primeiros 30 dias após o dia 1 de Abril de 2024 [data da legalização da canábis na Alemanha], mais de 70.000 doentes aderiram, tornaram-se pacientes de canábis medicinal, o que representou um aumento de cerca de 25% nos pacientes de canábis na Alemanha. Isto em 30 dias. Trata-se de um crescimento enorme. E, apesar de não esperarmos que continue a crescer tão rapidamente, é óbvio que vai haver um enorme crescimento no mercado medicinal. E isso vai criar muitos empregos.
“Uma das grandes necessidades [de emprego] neste momento são os farmacêuticos e os assistentes de farmácia. Outra área procurada será a das vendas.”
Que tipo de candidatos é que tem mais? Que pessoas estão agora a conseguir mais empregos?
Há vários tipos de candidatos, desde os que têm muita experiência com canábis até aos que têm muito pouca experiência profissional e nenhuma experiência com canábis. Portanto, há uma grande variedade de candidatos. Mas, sem dúvida, vemos muitas pessoas que têm uma experiência muito boa com a canábis e outras pessoas que têm uma experiência muito forte noutros sectores, mas que se traduzem em vendas ou marketing. Há algumas nuances na canábis, mas há muitas pessoas que são grandes vendedoras, que querem entrar no sector e também se sairão bem. Só precisam de um pouco de tempo para se familiarizarem com as regras, os regulamentos e outras coisas relacionadas. Na maior parte das vezes, alguns destes candidatos também têm algum tipo de experiência pessoal com a canábis, quer a tenham consumido, quer um membro da sua família a tenha consumido por razões de saúde, ou seja o que for. Assim, estas pessoas têm algum conhecimento do assunto, mas não têm necessariamente a experiência profissional necessária para conhecer as GMP (Boas Práticas de Fabrico) e as GACP (Boas Práticas Agrícolas) e todos esses regulamentos, mas isso pode ser aprendido.
De acordo com a sua experiência, quais serão as profissões de que a indústria irá necessitar mais?
Bem, uma das grandes necessidades neste momento são os farmacêuticos e os assistentes de farmácia, porque as farmácias estão em estrangulamento. Todos estes novos pacientes estão a entregar prescrições, os distribuidores estão prontos a fornecer mais canábis, os produtores também, mas tudo tem de passar por farmacêuticos, o que constitui um grande constrangimento. Por isso, estão a pensar em encontrar formas de simplificar esse processo através de regulamentos, mas isso ainda está longe. Outra área procurada será a das vendas. Já o era antes e continuará a sê-lo. E se a legalização para fins recreativos se efectivar, as funções de vendas tornar-se-ão ainda maiores. Por isso, penso que as vendas continuarão a ser a principal actividade, e depois muito marketing e um pouco de TI (Tecnologias de Informação), porque todos os sectores precisam de TI.
Sim, claro. E que mais? Médicos?
Sim, há uma grande procura de médicos. Estão a abrir muitas clínicas de telemedicina para a canábis. Falámos com uma empresa há uma ou duas semanas, eles estão a iniciar o processo de abertura e vão procurar muitos médicos.
Produtores também?
Será um pouco mais difícil. Vai haver mais instalações para cultivo a chegar à Alemanha, uma vez que a alteração da lei, a 1 de Abril, fez com que outras empresas pudessem cultivar no país, para além dessas três. Mas estas empresas levarão, pelo menos, nove meses a construir as instalações e depois terão de ser inspeccionadas e aprovadas, e isso apenas para o cultivo GACP. Ou seja, é preciso esperar pelo menos um ano até que estejam operacionais. Talvez um par delas possa entrar em funcionamento mais rapidamente, mas isso demora cerca de um ano. E depois a certificação EU-GMP levará mais um ano, ou mais. Portanto, estamos a contar com um atraso de, provavelmente, um ano, antes de começarmos a ter mais instalações para cultivo. Mas esperamos que surjam muitas.
O que é que prevê que aconteça agora, na Alemanha?
Bem, sem dúvida que se vai assistir a um grande crescimento no lado medicinal. Depois temos os clubes de canábis a chegar, mas a questão é o que vai acontecer com os projectos-piloto recreativos. Se estes surgirem, tudo mudará de repente, porque muitas das pessoas que vão para a vertente medicinal poderão, no nosso sector privado, ficar na vertente recreativa, porque pagam do seu bolso na mesma e podem poupar a ida ao médico. Os clubes sociais de canábis, ainda temos alguns, mas provavelmente não tantos, porque muitas das pessoas vão juntar-se aos clubes para cultivar e vão dizer “vou poupar o trabalho e vou comprar a um dispensário”. Por isso, muito vai depender destes próximos seis meses e do que acontecer com os projectos-piloto.
E é incerto.
Sim, é incerto, mas devemos saber, até ao final do ano [de 2024], se estes projectos-piloto estão a chegar e vão começar e isso seria uma mudança muito rápida.
Então, espera que o emprego e o sector dos Recursos Humanos também cresçam?
Sim, sim, absolutamente. Especialmente na Alemanha, mas em toda a Europa, os Recursos Humanos são muito complicados. Por isso, mesmo as pequenas empresas precisam de alguém que se ocupe dos seus RH, porque, de outra forma, vão acabar por fazer as coisas mal — e isso pode dar origem a multas e a problemas, ou mesmo ao encerramento da empresa. É mesmo necessário ter alguém que saiba o que está a fazer. Os RH vão definitivamente crescer, mas nem todas as empresas precisam de uma pessoa a tempo inteiro, por isso temos algumas pessoas que estão dispostas a trabalhar a tempo parcial para os RH ou também para a Contabilidade ou para o Director Financeiro, o que faz muito sentido para muitas destas pequenas empresas, porque precisam de um especialista para tratar dos RH e da Contabilidade, mas não precisam dessa pessoa cinco dias por semana. Acho que vamos ver muito mais disso com todas estas startups e pequenas empresas.
“Quando me mudei para a Alemanha, tive a oportunidade de trabalhar num hospital durante um ano e obter a minha licença médica alemã. Mas acabei por não querer continuar a exercer medicina”
Na EUCannaJobs recrutam tanto candidatos como empresas que precisam de candidatos, certo?
Sim, temos dois grupos-alvo com os quais trabalhamos. As empresas que pagam pelas ofertas de emprego ou pelo recrutamento; e os candidatos, que não pagam nada. Mas é óbvio que precisamos dos dois lados para que funcione, por isso, quando estamos a fazer campanhas publicitárias ou qualquer outra coisa, ou a fazer as nossas publicações nas redes sociais, temos mesmo de tentar atingir ambos os grupos.
Andy, posso fazer-lhe uma pergunta pessoal? Por que decidiu mudar o seu caminho? Era médico no Colorado, mas mudar a sua carreira profissional aconteceu porquê? Qual foi a principal razão para mudar completamente de profissão?
Antes de sair dos EUA, comecei a fazer consultoria médica e a fazer algumas vendas na área da genética e a introduzir os testes genéticos nas instalações. Depois, tive a oportunidade de ir para o Vietname e foi o que fiz. Quando me mudei para a Alemanha, tive a oportunidade de trabalhar num hospital durante um ano e obter a minha licença médica alemã. Mas acabei por não querer continuar a exercer medicina. Podemos divertir-nos em qualquer trabalho, mas nos EUA é muito stressante. Trabalhávamos com os sem-abrigo; não era bem com os sem-abrigo, mas com os sem seguro (a maior parte dos sem-abrigo não tem seguro de saúde), mas com todas aquelas pessoas sem seguro, saber que é um sistema que dá prioridade ao dinheiro, em detrimento do bem-estar das pessoas, é stressante e deixa-nos esgotados. E ver pessoas que morrem de doenças evitáveis só porque as companhias de seguros precisam de ganhar mais dinheiro é desprezível. Foi isso que me fez sair do sistema lá. E tenho muitos amigos médicos aqui que também estão descontentes com o sistema médico da Alemanha, por razões semelhantes. Não tanto problemas relacionados com os seguros, mas com o excesso de trabalho, as dificuldades que se enfrentam, a papelada e a burocracia, essas coisas que lhes ocupam tanto tempo e não lhes permitem realmente cuidar dos doentes. Por isso, depois de pensar um pouco, apercebi-me de que não queria voltar a meter-me na mesma coisa de que tinha saído. E como já estava a trabalhar no projecto da canábis, decidi seguir em frente.
Estava no Colorado quando a canábis se tornou legal?
Sim, primeiro foi uma espécie de mercado paralelo, depois houve a legalização medicinal e depois a legalização recreativa total.
“Todos os estudos que analisaram a questão nos EUA e no Canadá mostraram que, quando há legalização, os miúdos fumam menos e experimentam menos”
A legalização recreativa total foi quando?
Penso que já fez dez anos e o Colorado tem-se saído muito bem. Mas, agora, a indústria está a enfrentar desafios, como em muitas partes da América do Norte. Muito tem a ver com o excesso de tributação e regulamentos que são muito difíceis. Não é bem só a dificuldade, é a despesa para os seguir. Assim, estamos a tentar criar um mercado legal que compita com o mercado negro, mas o mercado negro não tem de seguir quaisquer regras. E é aí que a Alemanha tem de ter cuidado, porque é muito cara em termos de mão-de-obra e de terrenos. Como é que um produtor e fornecedor legal na Alemanha pode competir com o mercado negro? Por isso, a Alemanha tem de ter cuidado para não sobrecarregar com os impostos, o que não parece estar a pensar fazer, mas tem de se certificar de que o mercado legal é o mais rentável possível, para que possa realmente livrar-se do mercado ilegal. Supostamente, o objectivo da legalização e de ter produtos medicinais é acabar com o tráfico. Por isso, vamos garantir que isso aconteça, apoiando a indústria e não a sobrecarregá-la, como estão a fazer actualmente com os clubes. (risos)
Acha que a Alemanha pode aprender com a experiência do Colorado?
Penso que há alguns raios de esperança, porque a Alemanha tem enviado delegações a toda a América do Norte para falar com funcionários e outras partes interessadas. Estão a procurar e a tentar aprender, e esperamos que aproveitem algumas dessas lições e que ouçam as pessoas de lá, quando dizem “isto é o que está a correr bem e aquilo é o que está a correr mal”. Parece que estão a conseguir chegar lá, a tentar descobrir. E também vimos isso com o dia 1 de Abril, a lei que antecedeu o dia 1 de Abril e a legalização que o governo fez, com muitas alterações antes do dia 1 de Abril, com base no feedback da indústria e de outras pessoas. Não me lembro de todos os pormenores, mas algumas coisas não eram muito lógicas ou viáveis. E então, eles realmente pararam para ouvir e mudaram as coisas. Por isso, há alguma esperança de que sejam flexíveis até certo ponto e ouçam as pessoas, o que muitas vezes os governos não fazem de todo.
E a sua experiência enquanto médico com os jovens e as pessoas no Colorado, alguma vez assistiu a problemas com canábis?
Não, e essa é uma daquelas falácias assustadoras que têm sido usadas em todos os sítios onde houve legalização e que também têm sido usadas na Alemanha, de que todos os miúdos vão começar a fumar erva e a conduzir carros e a ter acidentes e todas essas coisas. E todos os estudos que analisaram a questão nos EUA e no Canadá mostraram que, quando há legalização, os miúdos fumam menos e experimentam menos. Há menos pessoas a sofrer acidentes. Por isso, a legalização ajuda a tudo isto. Não estava necessariamente à espera que isso acontecesse, mas eles analisaram a questão, não apenas no Colorado, mas em muitos sítios, e é melhor para os jovens e melhor para a segurança nas estradas e muitas outras coisas.
Vi que agora as pessoas também estão a beber menos.
Sim, penso que, em grande parte, e alguns estudos analisaram isso, muitos jovens estão a mudar do álcool para a canábis, o que é provavelmente uma coisa boa; o abuso crónico de álcool tem provavelmente mais efeitos negativos do que o abuso crónico de canábis e isso também foi analisado através de estudos. Por isso, eu diria que não é uma coisa má.
No seu hospital, viu mais doentes com problemas relacionados com o álcool ou com a canábis?
Cem por cento com álcool. É extremamente raro vermos alguém com problemas de canábis. Muito raro.
E nesses casos raros, poderia talvez tratar-se de consumo de sintéticos ou comestíveis?
Lembro-me de um caso: Era um idoso, que entrou e, depois de fazer a triagem e o exame, pensei: “Acho que ele está ‘pedrado’”. Falei mais com ele e, sim, ele tinha estado a trabalhar em casa da filha e tinha comido um tabuleiro de bolinhos quentes, que a filha tinha feito. Ela pediu-me para não contar ao pai. “Tenho de lhe dizer; ele tem o direito legal e médico de saber o que raio se está a passar com ele, que não está a ficar louco e que não teve um AVC, que está apenas muito “pedrado”. (risos) Vai demorar algumas horas, mas ele vai ficar bem.” E disse-lhe também: “Ou conta ao seu pai ou conto-lhe eu, ou podemos fazê-lo juntos, mas vamos contar-lhe.” Portanto, quero eu dizer que, sim, há ingestões acidentais, mas há-as mesmo quando não é legal; estamos a rir-nos disso agora, mas sim, geralmente são coisas desse género, ou casos em que as crianças se apoderaram de comestíveis porque os pais não os esconderam. Mas o mesmo se passa com medicamentos; não se devem deixar medicamentos à mão.
Ou podemos explicar: “não podem tomar isto, não é para a vossa idade.”
É uma questão de sermos utilizadores ou consumidores responsáveis, especialmente com crianças ou animais de estimação em casa. Não deixamos as nossas coisas num sítio onde o cão ou o gato possam chegar. Mas isso pode sempre acontecer; as pessoas às vezes são estúpidas ou agem de forma estúpida, infelizmente.
Já aconteceu algumas vezes e há preocupações sobre os comestíveis e também sobre os sintéticos que podem estar nos comestíveis.
Sim, claro, claro. Não sei bem o que pensar dos sintéticos. Não sei o suficiente sobre eles para poder falar disso.
E há muitos, há tantas coisas diferentes…
Sim, e nem sequer sei se são todas realmente consistentes. Vejo-as por aí, mas não li nenhum estudo, nem nada sobre elas, portanto, não posso falar sobre isso.
Mas viu que houve um problema ontem, quando as ambulâncias foram chamadas aqui à Mary Jane…
As pessoas diziam que eram sintéticos, mas ninguém sabe, percebe? E é por isso que eu também não quero dizer: “Oh, por causa dos sintéticos, todas estas pessoas tiveram estes problemas.” Não sei quais eram os seus problemas, por isso acho que devemos ter cuidado com o que culpamos, e não sei se eram jovens, se eram idosos, se eram pessoas com experiência, ou se alguém andou por aí a pôr LSD ou Fentanyl ou outra coisa qualquer de que as pessoas não estavam à espera. Não faço ideia do que aconteceu, mas é sem dúvida uma preocupação, se tantas pessoas estão a ficar de tal forma mal que têm de ir para o hospital. E presumo que os hospitais ou outras entidades hão-de investigar o caso para descobrir o que aconteceu exactamente. Não que eu queira o envolvimento da polícia em si, mas algo precisa de ser investigado e é preciso descobrir se foram sintéticos. Se foram, então, está bem, então precisamos de olhar para os sintéticos mais de perto e decidir sobre o que fazer com eles ou, se se tiver tratado de outra questão, isso precisa de ser abordado.
“É extremamente raro vermos alguém com problemas de canábis. Muito raro”
O que acharam da organização da Mary Jane? Foi um bom evento para vocês?
Este não é a nossa primeira Mary Jane e foi um grande evento. Ontem, foi um pouco caótico com a entrada; os expositores não tinham a sua própria entrada e tivemos de furar a multidão para conseguir entrar e, mais tarde, houve problemas por estar demasiada gente. Não poria as culpas todas na Mary Jane. Além disso, com a confusão de Berlim, eles deviam ter dito “é assim que temos de fazer as coisas aqui”. Acho que ambos precisam de pensar em como melhorar as coisas da próxima vez, mas presumo que vão fazer uma avaliação pós-evento e descobrir como fazer as coisas de uma forma mais adequada. E, hoje, a entrada correu muito melhor.
Então foi uma experiência positiva? Estarão de volta no próximo ano?
Sim, com certeza, sem dúvida.
E que melhoramentos podem ser feitos pela organização?
Como eu disse, é só resolver aquelas coisas com a entrada e acho que talvez devessem ter mais pessoal médico a circular. Vi três pessoas da Rotes Kreuz (Cruz Vermelha) a passar por cá hoje. Uma vez. Só isso. Senti que, especialmente com todos aqueles problemas médicos, deviam ter pessoas facilmente identificáveis permanentemente a circular. Se alguém estiver deitado no chão, alguém pode assistir essa pessoa. Se aquilo tivesse acontecido aqui, o que é que teríamos feito? Não sei.
Talvez eles possam contratar alguns dos vossos candidatos para os ajudar!
Exactamente, exactamente. (risos) Mas acho que foi um óptimo evento. Há sempre coisas que podem ser melhoradas para os anos seguintes e presumo que eles vão aprender e fazer alguns ajustes.
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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]____________________________________________________________________________________________________
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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do 21º Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “Say What? Lisbon” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
