Connect with us

Internacional

Reino Unido: Relatório histórico propõe descriminalização da posse de canábis, proibição de buscas e formação sobre canábis para a polícia

Publicado

em

Ouvir este artigo
Foto: D.R.

Um relatório publicado pela Comissão Independente sobre Drogas em Londres propôs a descriminalização da posse de canábis para uso pessoal no Reino Unido, entre outras medidas de reforma profunda das políticas sobre drogas. A comissão, criada pelo Mayor de Londres, Sadiq Khan, em 2022, foi liderada por Lord Charlie Falconer QC, antigo Lord Chancellor, e envolveu peritos em saúde pública, justiça criminal e direitos humanos. Este relatório é considerado “histórico”, avança a Business of Cannabis.

De acordo com o artigo de Ben Stevens, publicado no Business of Cannabis, o relatório recomenda um conjunto abrangente de 42 propostas com o objectivo de modernizar a abordagem do Reino Unido em relação à canábis, dando prioridade à saúde pública e à equidade social.

Intitulado “The Cannabis Conundrum“, o relatório investigou as implicações do uso “não medicinal” de canábis em Londres e o impacto das leis actuais na sociedade e no sistema jurídico em crise contínua. “A lei actual criminaliza a importação, exportação, produção e fornecimento de canábis, com a possibilidade de punições severas associadas. Criminaliza também a posse de canábis e, nesse sentido, consideramos que não é adequada para o fim pretendido”, afirma.

Imagem retirada do artigo de Ben Stevens, na Business of Cannabis

De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Justiça, o número de indivíduos formalmente processados ​​pelo Sistema de Justiça Penal em Inglaterra e no País de Gales aumentou 4%, para 1,52 milhões em 2024.

Neste contexto, as decisões extrajudiciais (OOCDs), incluindo sanções por delitos menores, como a posse de canábis, aumentaram 5%, com as advertências por canábis e khat a caírem drasticamente em 68%, enquanto as notificações de penalização por desordem (PNDs) diminuíram 44%. Apesar desta queda, 37% das 4.100 PND emitidas foram especificamente por posse de canábis, o que significa que cerca de 1.500 pessoas receberam multas imediatas por esta infracção.

A 31 de Dezembro de 2024, o número de reclusos com crimes relacionados com a canábis registados como crime principal era de 1.073, e o custo médio anual para manter um indivíduo preso é de 51108 libras (60959 euros), totalizando 55094424 libras por ano (mais de 65 milhões de euros).

Dados adicionais sugerem que 1,0% dos processos judiciais de magistrados no ano até Junho de 2024 (12429 arguidos) em Inglaterra e no País de Gales foram por crimes de posse de canábis. O custo estimado por dia de audiência nestes casos é de aproximadamente 1 milhão de libras.

O relatório critica a “gravidade das penas” para os crimes relacionados com a canábis, particularmente para a posse. “A gravidade das penas para crimes relacionados, particularmente para a posse, é, na nossa opinião, desproporcionalmente elevada”.

Mais especificamente, levanta preocupações de longa data sobre o impacto desproporcional nas minorias étnicas e o uso indevido de procedimentos de “paragem e revista”.

“Embora tenham maior probabilidade de serem parados e revistados… os londrinos negros não têm maior probabilidade de serem encontrados a transportar a droga”, sugeriu, acrescentando que “o policiamento da canábis, particularmente através de paragem e revista, continua a concentrar-se em grupos específicos, com consequências nefastas e duradouras”.

O que recomenda o relatório “The Cannabis Conundrum”

Entre as principais recomendações está o fim da criminalização de pessoas por posse de pequenas quantidades de canábis, alegando que esta prática tem efeitos devastadores, sobretudo entre jovens de minorias étnicas e comunidades marginalizadas.

Outra recomendação central do relatório é a proibição de abordagens policiais baseadas exclusivamente no odor de canábis. Segundo a comissão, este tipo de abordagem é muitas vezes subjectiva e resulta em acções discriminatórias, além de contribuir para a perda de confiança nas forças policiais. Para enfrentar este problema, o relatório sugere ainda formação obrigatória para os agentes da polícia em matéria de canábis, bem como estratégias mais eficazes para lidar com comportamentos problemáticos associados ao uso de substâncias.

O relatório sublinha que a actual política proibicionista falhou em reduzir o consumo e os danos sociais associados à canábis e que é necessário um novo enquadramento legal baseado em evidências científicas e princípios de justiça social. Sadiq Khan, que encomendou o relatório, afirmou que Londres deve liderar uma nova abordagem à política de drogas, mais centrada na saúde e na prevenção, embora o poder legislativo nesta matéria pertença ao governo central do Reino Unido.

A publicação deste relatório reacende o debate sobre a política de canábis no Reino Unido, num momento em que vários países europeus caminham para modelos mais progressistas, incluindo a descriminalização e legalização regulada. Embora as recomendações não tenham força vinculativa, representam um passo significativo rumo à reforma e poderão influenciar futuras decisões políticas.

Leia aqui o relatório “The Cannabis Conundrum” na sua versão integral:
FINAL LDC REPORT - The Cannabis Conundrum 28-5-25

 

____________________________________________________________________________________________________

[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

____________________________________________________________________________________________________

O que fazes com 3€ por mês? Torna-te um dos nossos Patronos! Se acreditas que o Jornalismo independente sobre canábis é necessário, subscreve um dos níveis da nossa conta no Patreon e terás acesso a brindes únicos e conteúdos exclusivos. Se formos muitos, com pouco fazemos a diferença!

+ posts

Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do 21º Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “Say What? Lisbon” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Clique aqui para comentar
Subscribe
Notify of

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Publicidade


Veja o Documentário "Pacientes"

Documentário Pacientes Laura Ramos Ajude-nos a crescer

Mais recentes

Internacional2 dias atrás

Editora do CannaReporter®, Laura Ramos, nomeada Jornalista do Ano nos Business of Cannabis Awards, em Londres

Os Business of Cannabis Awards 2025, criados pelos Prohibition Partners para distinguir pessoas e empresas na indústria da canábis, decorrem...

Eventos2 dias atrás

Cannabis Europa 2025: Londres torna-se o epicentro desta semana para a indústria da canábis internacional

A capital britânica prepara-se para acolher, nos dias 24 e 25 de junho de 2025, a Cannabis Europa London 2025,...

Eventos2 dias atrás

Mary Jane Berlin: 65.000 pessoas celebraram este fim-de-semana o maior festival de canábis do mundo

A capital alemã voltou a afirmar-se como epicentro global da canábis com o encerramento da edição de 2025 da Mary...

Comunicados de Imprensa5 dias atrás

Sátão – Detido por tráfico de estupefacientes

O Comando Territorial de Viseu, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Mangualde, no dia 16 de junho, deteve...

Internacional7 dias atrás

Josh Kesselman, fundador da RAW, compra revista High Times por 3,5 milhões de dólares

Josh Kesselman, fundador das mundialmente famosas mortalhas RAW, acaba de comprar os direitos e a propriedade intelectual da revista High...

Cânhamo7 dias atrás

4º edição do Hemp Fiber Lab realiza-se já no próximo fim-de-semana, em Sintra

O coletivo 7 irmãs, em colaboração com a Sensihemp, organiza o 4º Hemp Fiber Lab na Quinta dos 7 nomes,...

Eventos7 dias atrás

2ª edição do Festival Binóide celebra a cultura da canábis no Village Underground, em Lisboa

A segunda edição do Festival Binóide realiza-se no dia 29 de Junho, no Village Underground, em Lisboa, e vai juntar...

Comunicados de Imprensa1 semana atrás

Legalização transforma a Alemanha num ponto de encontro da canábis: Mary Jane torna-se a maior feira de canábis do mundo pela primeira vez

Berlim, 16 de Junho de 2025 – Cerca de um ano após a legalização parcial pela coligação governamental do “semáforo”,...

Entrevistas2 semanas atrás

Anar Artur: “O cânhamo industrial precisa de soluções frescas e inovadoras”

Aos 37 anos, Anar Artur é uma das vozes mais empenhadas na promoção do cânhamo na Mongólia. Com um percurso...

Opinião2 semanas atrás

O direito à saúde e o acesso à canábis medicinal em Portugal: uma promessa constitucional por cumprir

No passado dia 31 de Maio de 2025 teve lugar em Lisboa a Marcha da Canábis, onde pessoas vindas de...