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Nhung Nguyen: “O meu trabalho mais importante é estar descontraída”

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Nhung Nguyen, co-fundadora da Mary Jane. Foto: Laura Ramos | CannaReporter®

Nhung Nguyen, 32 anos, é a mente criativa e operacional que tornou os sonhos visionários do marido, Duc Anh Dang, em realidade: criar o maior evento de canábis do mundo, algo que conseguiram juntos com a Mary Jane Berlim, uma das marcas mais reconhecidas do sector da canábis na Europa.

Co-fundadora e CEO da Mary Jane Berlim, agora oficialmente o maior festival internacional de canábis do mundo, Nhung transformou a Mary Jane num verdadeiro fenómeno de popularidade, não só pela icónica Mary Jane Berlin, mas também pela sua aposta na profissionalização e na normalização do mercado da canábis.

Nesta entrevista, que decorreu enquanto mais de um quilómetro de fila de pessoas aguardava para entrar na Messe Berlin, falámos com Nhung sobre o percurso da marca, os desafios de empreender no sector da canábis, a evolução do mercado europeu, os planos para o futuro e as estratégias para se manter calma num evento que acolheu, durante quatro dias, mais de 60,000 visitantes e 500 expositores.

Nhung, muito obrigada por aceitar esta entrevista para o CannaReporter®. Já há algum tempo que queria falar consigo e saber mais sobre o seu percurso e como chegou até aqui. Neste momento, há uma fila de pessoas com mais de um quilómetro para entrar aqui na Messe Berlin! Que loucura! Como é que tudo isto começou?

Estudei Engenharia Industrial, ou seja, uma coisa totalmente diferente, mas o Duc [Anh Dang], o meu marido, que era o meu namorado na altura, estava a estudar nos Estados Unidos. Um dia, ele estava numa coffeeshop e, como tem muito jeito para perceber tendências, pensou, “Oh, meu Deus, posso comprar erva aqui” e pressentiu que talvez um dia na Alemanha a canábis pudesse ser legalizada. Como ele já andava a fazer eventos, depois veio ter comigo e disse-me: “Querida, quero organizar um evento sobre canábis. Por favor, ajuda-me”. E eu disse que sim, porque, na verdade, estava a fazer o meu mestrado nesse momento, a escrever a minha tese, e disse-lhe: “Está bem, tenho algum tempo livre, por isso vou ajudar-te”. Fiz uma pesquisa sobre empresas, investimos tudo o que poupámos como estudantes neste projecto e, felizmente, o primeiro ano foi bem-sucedido. Desde então, começámos a crescer. Depois de terminar os meus estudos, queria ir para a indústria automóvel ou algo do género, porque na altura era um sector de grande relevo na Alemanha, mas ele pediu-me para continuar a ajudá-lo. Pensei nisso muitas vezes, muitas horas e noites sem dormir, mas depois decidi ajudá-lo e, desde então, a empresa cresceu muito depressa.

Quando foi o primeiro ano da Mary Jane?

2016. Na altura, era totalmente ilegal.

E como foi essa primeira experiência?

Na verdade, foi muito boa. Tivemos cerca de 80 expositores e penso que cerca de 9,000 visitantes. Foi um evento pequeno, mas não assim tão pequeno para o nosso primeiro evento.

Duc Anh Dang, marido de Nhung, foi o visionário por trás da ideia da Mary Jane, e Nhung deu-lhe forma ao longo de 9 anos. Foto: LinkedIn de Duc Anh Dang

Não, até foi muito grande! E o que aconteceu à sua carreira de engenheira?

É o meu plano de reserva até hoje. Portanto, foi como… Eu nunca trabalhei por conta própria e a minha família também não trabalha por conta própria. Estivemos sempre empregados. O Duc vem de outro tipo de família, por isso está habituado ao risco e a trabalhar por conta própria. Por isso, para mim, foi sempre importante ter algo em mãos para o caso de não resultar, para poder voltar ao sector, mas até hoje não foi necessário. Mesmo assim, é uma espécie de plano de reserva. Dá-me um pouco de segurança.

Bom, acho que vai estar muito ocupada nos próximos anos! Concorda? (risos)

Sim! (risos) Também temos uma nova equipa, por isso, estamos a crescer todos os anos. Vamos ter um novo tipo de CEO que nos está a ajudar. Por isso, sim, acho que a Mary Jane vai crescer e também temos ideias para expandir a marca, por isso, a nossa equipa tem novas ideias para os próximos anos.

Pode revelar algumas? O que é que vai mudar, o que é que vão fazer de diferente?

Sim, a Mary Jane é uma marca muito grande. Não é apenas a exposição ou a conferência e o festival, mas é uma marca com que as pessoas se identificam, com a canábis e, para elas, é uma marca de valor muito sentimental e também um estilo de vida. Acho que o Duc tinha em mente ter alguns meios de comunicação, não sei, vídeos, documentários, não sei, há muitas ideias, mas ainda não decidimos. Mas baseia-se nesta marca de estilo de vida – Mary Jane Berlin -, porque não se trata apenas de um evento, mas sim de uma espécie de marca que representa um sentimento para as pessoas hoje em dia.

E entrou na cultura da canábis através do seu namorado? Cresceu aqui em Berlim?

Sim, os meus pais são do Vietname, mas eu nasci e cresci em Berlim. Na verdade, eu não fumo, mas o Duc fuma. Para mim é uma planta e também gosto de medicina natural, por isso não uso a medicina convencional, tento só usar medicamentos à base de plantas. Do meu ponto de vista, é apenas uma planta e toda a gente devia ter o direito de decidir por si própria como a usar. O planeta Terra deu-nos muitas plantas para nos curarmos e, por vezes, uso óleo de CBD para a minha pele, porque tenho dermatite. O Duc fuma, acho que uma vez por mês, e para ele vejo que é para obter novas perspectivas e criatividade, porque cada um usa a planta de forma diferente, e é muito fascinante o modo como cada pessoa a utiliza para si mesma.

Quando foi a primeira vez que se apercebeu que a canábis também podia ser medicinal? Lembra-se?

Sim, foi logo no início, porque eu não consumo, mas, mesmo assim, pensei “ok, de que trata esta planta?”. Então, fiz uma pesquisa, vi um vídeo no Instagram ou no YouTube, onde alguém tinha Síndrome de Tourette. Então, essa pessoa estava a fumar, e depois, logo a seguir, estava a falar normalmente. E eu fiquei “Uau!”. E era só um charro, algo muito natural, nada de semelhante a um medicamento normal. Era só… fumar a planta, e eu fiquei espantada! Mas, depois, percebi que a canábis tem muito potencial e um ano depois da nossa primeira exposição, a Alemanha legalizou a canábis medicinal. Desde então, o mercado abriu-se e começámos a crescer. Foi muito bom ver a Mary Jane crescer e este ano temos mais de 500 expositores. Esperamos cerca de 60,000 visitantes de todo o mundo. É por isso que este ano somos o maior evento de canábis do mundo.

Tem uma ideia de quantas nacionalidades estão aqui na Mary Jane, em Berlim?

Penso que mais de 50 países.

E apesar de ter crescido em Berlim, visita frequentemente o Vietname? Como é que é a situação da canábis por lá? Há alguma utilização medicinal tradicional da planta?

Não. Vamos lá uma vez por ano. O Vietname é muito rigoroso em relação às drogas e a canábis ainda é considerada uma droga, e eles são muito rigorosos.

Ou seja, não existe uma utilização tradicional como existe na Tailândia, por exemplo. Estão muito próximos, mas são muito diferentes…

Eles usam outros tipos de coisas, como pele de cobra, etc. Usam muitos produtos tradicionais, mas não a canábis. Não sei porquê, mas não usam canábis.

Bem, pelo menos a comida é óptima! O meu jantar de ontem foi num restaurante vietnamita aqui em Berlim.

A comida é óptima, sim! O Vietname é um país muito agradável para passar férias. E a comida também é muito boa, sim.

Nhung em entrevista a uma televisão alemã, durante a Mary Jane Berlin 2025. Foto: Laura Ramos | CannaReporter®

Fale-me então um pouco mais sobre este ambiente da Mary Jane. Como é que se gerem 60,000 pessoas no mesmo local?

Felizmente, começámos em pequena escala e, ano após ano, fomos crescendo. Aprendemos muito! Acho que aprendemos depressa e somos muito dinâmicos. A idade média da nossa equipa de 10 pessoas é de cerca de 30 anos. É por isso que somos jovens, dinâmicos e a maioria de nós nem sequer estudou gestão de eventos, mas é por isso que todos têm tantas ideias. Outras pessoas podem dizer “isso não é realista ou não é possível”, mas como não sabem o que não é possível, ou o que é possível, têm ideias e também estão abertos a ideias. Claro que, às vezes, o Duc muda as coisas de um dia para o outro e eles dizem, “mas ontem disseste isto” e a resposta dele é “sim, mas ontem eu era outra pessoa”.

(risos) É verdade. Nós mudamos todos os dias.

Sim, mudamos todos os dias, por isso é que nos conseguimos adaptar, porque somos muito criativos e testamos coisas novas. Algumas ideias são boas, outras não, mas testamo-las na mesma e se virmos que não correram bem, podemos mudá-las no ano seguinte, mas também é bom porque a indústria da canábis é muito dinâmica. As leis mudam, o sector muda, a dinâmica… Por isso, penso que é uma característica muito importante. Se quisermos estar no jogo a longo prazo, temos de estar abertos à mudança, porque algumas pessoas não gostam de mudanças. Gostam de ter a mesma rotina todos os dias e, de certeza, não seriam felizes a trabalhar na indústria da canábis.

No início, a equipa era ainda mais pequena, certo?

Sim, sim, acho que três pessoas durante alguns anos, e depois passámos a quatro.

Mas agora são 10 pessoas a gerir os eventos.

Sim, o núcleo.

Mas depois é preciso contratar muita gente. Quantas pessoas contrataram para trabalhar aqui neste fim de semana?

Mais de cem pessoas, creio eu.

E entre todos estes stands que estão a expor aqui, quais são as principais áreas? Presumo que talvez todas as áreas da canábis estejam representadas, certo?

Temos um conceito totalmente novo. Nos primeiros grandes salões, temos as maiores marcas, especialmente as medicinais, com os seus grandes stands, apresentando os seus novos produtos; um pouco mais atrás, há o pavilhão natural do cultivador, com tudo o que diz respeito ao cultivo, porque é uma grande tendência este ano sobre a canábis como ingrediente natural e, no último pavilhão, há tudo o que diz respeito a acessórios para fumar. Por isso, tentamos ter aqui toda a indústria e, ao mesmo tempo, tornar a experiência mais agradável e optimizá-la. É por isso que temos salões temáticos.

No ano passado, houve um pequeno problema com os canabinóides sintéticos aqui na Mary Jane. Lembro-me da presença de ambulâncias e da polícia. Como é que foi essa situação e o que é que mudaram este ano, para garantir que ocorrências como esta não voltem a acontecer?

Em primeiro lugar, temos novos princípios. Definimos os nossos princípios, o que defendemos e o que esperamos dos expositores. Por isso, este ano, para os stands, os expositores tiveram de ler e assinar esses princípios, para saberem efectivamente o que esperamos, o que aceitamos e o que não aceitamos. Ao mesmo tempo, temos a segurança do pavilhão que verifica os stands dos expositores. Também temos pessoas que vão à paisana e compram coisas, porque agora temos outra dimensão; quando éramos mais pequenos não era preciso este tipo de controlo, este policiamento, ou algo do género e agora temos esse tipo de segurança, que é necessária para evitar coisas realmente ilegais ou sintéticas, porque não toleramos isso, e para que possamos realmente garantir que os nossos princípios são, efectivamente, implementados.

Como é que foi a situação no ano passado, com esse evento em que foi necessário chamar ambulâncias aqui à Mary Jane? 

Tivemos uma grande reunião com a Messe Berlin, mas como não sabemos quais foram as causas exactas nos diversos casos, quer tenha sido o ambiente, a condição geral das pessoas… não sabemos as causas de tudo, mas tentamos minimizar todas as causas possíveis. É por isso que temos novas medidas, temos os nossos princípios, temos a política “Cannabis first”, ou seja, nada de álcool. Este ano fomos muito rigorosos em relação a isso, temos regulamentos diferentes para minimizar os riscos.

Quais são as vossas expectativas para este ano? Têm mais visitantes do que no ano passado!

Sim. No ano passado tivemos cerca de 40,000 e este ano esperamos 60,000. Também temos, como forma de minimizar os riscos, estações de água gratuitas na área do festival, porque se estiver muito calor, não nos hidratarmos e fumarmos, também pode ser um pouco crítico. Assim, todos podem aproveitar para se hidratar e este ano também não está tanto calor, acho eu, o que é melhor. Por isso, temos ideias e medidas diferentes este ano.

Nhung Nguyen, co-fundadora da Mary Jane. Foto: Laura Ramos | CannaReporter®

E, sendo uma não-consumidora, como é que se vê no meio de milhares de consumidores de canábis? Sente-se confortável neste ambiente?

Sim, gosto, porque adoro a planta. É engraçado, porque eu e o Duc tivemos uma discussão e, a meio, eu disse: “Ok, não estamos a chegar a um consenso, por isso, vamos parar um pouco”, e ele saiu. Mas depois fumou um charro, porque para ele é perspectiva e criatividade. Quando voltou a casa, disse: “Querida, agora percebo a tua perspectiva”. E eu: “Sim! Obrigada, canábis, por fazeres com que o meu marido me compreenda melhor!” (risos)

Se calhar, já estava mais relaxado! (risos)

Acho que as pessoas, quando pensam em canábis, é sempre sobre estar “pedrado” e não reagir ou algo do género. Mas, dependendo da dose, ela provoca diferentes tipos de reacções em diferentes pessoas. Por isso, se nos ajuda… para mim, é sempre a intenção. Toda a gente consome canábis com uma intenção, mas é uma paixão e partilha-se, e não importa a idade que se tem, porque quando se vem aqui, há pessoas mais velhas, há pessoas mais novas, há pessoas que fumam e que não fumam… mas quando vêm aqui, partilham tudo e trata-se da comunidade, de partilhar a paixão e a experiência que temos juntos como seres humanos e é por isso que adoro isto; as pessoas falam umas com as outras, trocam conhecimentos, trocam experiências, divertem-se e sentem a paixão e o amor que colocamos neste evento.

Estive com um visitante aqui que tinha 86 anos. Sabem qual é a idade da pessoa mais velha que já veio à Mary Jane?

Não sei, mas eles divertem-se tanto! No ano passado, fizemos um pequeno concurso e estava lá também um ‘velhote’ e eu comprei-lhe um grinder. Acho que foi há dois anos, e ele ficou tão contente com o grinder. “Uau, um grinder novo!” E eu pensei: “Oh, meu Deus!” Foi tão giro, mesmo fantástico!

E que idade tem, Nhung?

Faço 33 anos este ano.

Então, tudo isto começou quando tinha 24 anos?

Sim, 24.

Era muito jovem!

Pois era! O tempo voa!

Sentiu que perdeu alguma coisa na sua juventude por se dedicar demasiado à carreira ou foi equilibrado, porque faz o que gosta?

Acho que foi sempre equilibrado, porque gosto de criar coisas para as pessoas. Trabalhamos durante um ano apenas para um evento e todos os anos, quando passo pelos corredores, penso que as pessoas estão felizes e gostam de ter esta experiência. O feedback que recebemos também nos motiva, a mim e à nossa equipa, porque no dia-a-dia, por vezes, especialmente em Berlim, de manhã, se formos a Berlim, toda a gente está stressada. Têm uma cara do género: “Agora só me preocupo comigo e tenho de ir trabalhar. Não me lixem.” Por vezes, encontramos este tipo de energia, mas se estivermos aqui, é outro tipo de energia. Toda a gente está relaxada. Se nos esquecemos de alguma coisa, podemos ir ter com alguém e dizer: “Esqueci-me disto. Podes ajudar-me?” e há sempre alguém que te ajuda. Mas também é como o nosso ambiente de vida, porque nós, como equipa, somos muito abertos às pessoas e gostamos de ajudar, claro, mas também sabemos como estabelecer limites. No entanto, o amor, a paixão das pessoas que o organizam, isso sente-se no evento, porque também já estive noutros eventos e podem ser bons, grandes ou pequenos, mas sente-se a energia de quem o está a criar e cada equipa tem uma energia diferente. E eu adoro a nossa, porque todos o estão a fazer com paixão, e acho que também se sente essa paixão no evento, embora por vezes nem tudo possa correr na perfeição, porque temos ideias loucas que testamos, como a roda gigante. É a primeira roda gigante de sempre neste local. O proprietário da Messe Berlin é a cidade de Berlim.

Ah, o Município de Berlim, sim.

E a maior parte das pessoas da Messe Berlin são mais velhas. Uma vez por ano, vêm cá e, ao verem isto, também ficam fascinadas e dizem-nos: “Oh, meu Deus, fabuloso, o que vocês fizeram aqui!” E eu respondo: “Sim, está bonito, não está?” E toda a gente que vem aqui fica fascinada com as ideias e a paixão, e acho que as pessoas sentem o que nós investimos.

Estando as coisas a mudar na Alemanha, o que espera do futuro? Não só para a Mary Jane, mas para a canábis em geral, na Alemanha, no governo, que decisões serão tomadas… O que é que gostaria que fosse feito na Alemanha?

A parte da legalização foi um bom primeiro passo, mas precisa de ser melhorada e também precisamos de ter esses modelos, como os modelos legais de testes, lojas onde se possa comprar oficialmente, para ver como corre e como podemos…

Como projectos-piloto?

Sim, projectos-piloto. E, para isso, a Mary Jane Berlin é uma plataforma muito importante, porque aqui não temos apenas a exposição, temos as conferências, onde muitos oradores de todo o mundo trocam ideias. Temos pessoas da política, da economia. Também temos aqui as associações. Por isso, toda a gente vem aqui para trocar conhecimento, discutir os desenvolvimentos e ter realmente uma plataforma para ver o que podemos fazer na Alemanha. Este evento é muito importante e penso que foi dado o primeiro passo, mas penso que ainda temos alguns anos de desenvolvimento pela frente.

Como se sente, agora que criou a maior feira de canábis do mundo? Começaram em pequena escala, alguma vez imaginaram que estariam aqui hoje, desta forma?

Sim, foi uma loucura, porque o meu marido é mais do género visionário. Ele estava sempre a dizer: “Quero ser o número um.” E eu: “Sim. Está bem.” Eu só planeio de ano para ano! Por isso, estou sempre grata pelo crescimento que temos todos os anos, porque acho que não é garantido crescer todos os anos. Mas, mesmo assim, sou sempre uma pessoa muito optimista, por isso sei que as coisas acontecem por uma razão. É por isso que estou aberta a tudo o que vem e estou muito grata pelo crescimento. Mas acho que a nossa equipa tem mais ideias. Todos os anos têm novas ideias; é uma verdadeira loucura. Não deixamos de ter ideias! Temos um novo dia B2B. Foi o primeiro dia B2B de sempre.

Por acaso o dia B2B foi muito bom!

E já tenho ideias para este dia B2B, porque gostamos de pensar fora da caixa. Quando fui a outras conferências de negócios, como estudei engenharia industrial, sei como me sentar a ouvir as pessoas a falar durante 45 minutos e não é fácil ouvi-las, especialmente quando estão sempre a falar de números e penso que há definitivamente outra forma de nos ligarmos, de levarmos conhecimento às pessoas ao nosso nível humano. Assim, as pessoas inspiram-se e ligam-se aos seus pares. Por isso, penso que também há novas ideias para o dia B2B nos próximos anos.

Com 60,000 pessoas este ano, talvez no próximo ano cresçam ainda mais. Acha que ainda vão caber na Messe Berlin ou acha que será necessário procurar outro local?

A Messe Berlin é o local perfeito. Já tivemos muitos recrutadores de outras cidades ou mesmo de outros países, mas a Alemanha é um local muito, muito bom e Berlim também, porque Berlim é liberal. Em comparação com todos os locais de exposição na Alemanha, a Messe Berlin tem uma das maiores áreas exteriores. Não sei se já esteve lá fora…

Sim, ainda não visitei todo o recinto este ano, mas hoje vou visitar.

Este ano é cinco vezes maior do que no ano passado. Abrimos o jardim todo e adicionámos a roda gigante. A primeira roda estava do outro lado do recinto e só tínhamos seis pavilhões ou algo do género, mas a Messe Berlin triplicou de tamanho.

É um local gigante, de facto.

Sim, é enorme, porque aqui há exposições que recebem mais de 100,000 visitantes.

Portanto, é possível expandir a Mary Jane dentro da Messe Berlin. 

Pode-se expandir a exposição. É enorme! Houve uma exposição aqui – a Grüne Woche – que teve 300.000 visitantes e só para percorrer todos os pavilhões precisávamos de cerca de três horas. E eu fui lá sem perguntar nada. Andei por lá e depois saí e assim se passaram três horas! Nós só temos um espaço na Messe Berlin, mas é a área inteira. É por isso que precisamos de três horas para conseguir ver tudo.

Portanto, ainda há espaço para crescer!

Sim, e Berlim é muito agradável, porque agora que a cidade é tão grande, atraímos outros eventos paralelos.

E com o crescimento e a legalização, não só na Alemanha, mas em toda a Europa e países vizinhos, acha que alguma vez chegará às 300.000 pessoas aqui?

Não sei o que o futuro nos reserva, porque eu sou a pessoa que planeia passo a passo. Mas temos visões e ideias. Por exemplo, para cada dimensão, temos ideias novas todos os anos, por isso, acho que é possível; mantenho tudo em aberto na minha mente. Nunca tento limitar as coisas porque, quando as limitamos, não pensamos fora da caixa, mas, ao mesmo tempo, tento não planear demasiado para o futuro, porque o momento de mudar é agora e mantenho tudo em aberto, digamos assim, mas houve um expositor que veio ter com o Duc e perguntou: “Não podem fazer a Mary Jane durante uma semana?” e eu respondi: “Primeiro, vamos fazê-la durante quatro dias e depois veremos o que podemos fazer”.

Mas, no fundo, acho-a muito descontraída. Não a vejo stressada. Alguma vez se assusta ou fica ansiosa por ver tanta gente a chegar? 60,000 pessoas… é muita gente, eu acho que ficaria ansiosa! (risos)

Eu acho que…

Sem pressão! (risos)

(risos) Às vezes fico nervosa, mas também faço muito trabalho interior, auto-conhecimento e meditação. Por isso, às vezes fico nervosa, mas para mim não faz mal ficar nervosa, é um bom sinal, porque o entusiasmo é importante. E depois, ao mesmo tempo, consigo acalmar-me, porque para a equipa também é muito importante que estejamos calmos; se estivermos stressados, transmitimos essa energia, não só à nossa equipa, mas também a todo o evento. Por isso, se estivermos relaxados, a equipa está relaxada e tudo o resto está relaxado. O meu trabalho mais importante é estar descontraída, de facto! (risos)

E faz um óptimo trabalho! Parabéns!

Obrigada, Laura!

Foi uma óptima conversa. Muito obrigada, Nhung!

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do 21º Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “Say What? Lisbon” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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