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Jarred Shaw arrisca pena de morte na Indonésia por encomendar gomas de canábis para a Doença de Chron: “Estão a retratar-me como um grande traficante”

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Jarred Dwayne Shaw, o basquetebolista norte-americano de 35 anos que foi preso em Maio na Indonésia por ter encomendado gomas de canábis, sofre de Doença de Chron, uma patologia inflamatória intestinal crónica que afecta o sistema digestivo.  O atleta encomendou gomas de canábis da Tailândia para atenuar os sintomas da doença, mas tudo acabou numa detenção com mais de dez agentes da autoridade Indonésia envolvidos. Shaw arrisca agora a pena de morte e falou sobre a sua situação ao jornal britânico The Guardian.

Esta é mais uma história que demonstra a complexidade jurídica de cada país e que a mesma acção pode ter destinos bem diferentes nas mais diversas coordenadas do planeta. Jarred Shaw, um basquetebolista norte-americano nascido no Texas, Estados Unidos da América, estava a jogar na Indonésia, nos Tangerang Hawks, e devido a uma doença crónica fez algo que o pode condenar para a vida.

O basquetebolista encomendou cerca de 800 gramas de gomas de canábis, no valor de 400 dólares, um acto que segundo a legislação da Indonésia é considerado crime grave de tráfico de droga punido com até a pena de morte. Shaw, que alegou de imediato o uso medicinal de tal substância, já admitiu o erro, que caracterizou de ‘estúpido’, mas não deverá conseguir fugir de um julgamento que lhe pode tirar a vida.

O mesmo acto não teria grandes consequências no seu país natal, já que a canábis é legal em vários Estados da terra do ‘Tio Sam’. No entanto, na Indonésia, poderá significar a morte. “Estão a retratar-me como um grande traficante”, referiu o atleta norte-americano em entrevista ao The Guardian, suplicando pela sua salvação. Shaw está preso desde Maio de 2025, após ter sido “apanhado em flagrante” a receber um pacote com as gomas de canábis. Foi detido no local de imediato.

De acordo com o jornal britânico, após a detenção de Shaw, Ronald Sipayung, chefe da polícia do Aeroporto Soekarno-Hatta, disse aos jornalistas que o norte-americano poderia enfrentar prisão perpétua ou até mesmo pena de morte, se fosse considerado culpado. “Ainda estamos a conduzir a investigação para descobrir a rede internacional de droga por detrás deste caso e impedir a sua distribuição”, disse Sipayung.

Quando os pacientes são tratados como criminosos

A polícia indonésia alega que o norte-americano terá enviado mensagens a colegas de equipa a oferecer gomas, o que poderá ser mais um grande contratempo para a defesa, que alega razões de saúde do atleta para atenuar a ilegalidade do seu acto.

Ao contrário da sua colega Brittney Griner, que passou por uma situação semelhante na Rússia, Jarred Shaw recebeu pouca atenção do governo norte-americano depois de ter sido preso. Nos primeiros dois meses após a sua prisão, o atleta admitia que passou “o ponto mais baixo” da sua vida, vivendo “num espaço mental muito escuro”.

“Senti-me impotente e sozinho, não queria acordar outra vez”, referiu ao The Guardian. Mas, através da oração e da fé, além do acesso a um ginásio na prisão, começou a sentir-se ele próprio novamente, mesmo partilhando uma cela apertada com mais 12 homens. “Acabei de fazer 35 anos, mas ainda me sinto jovem”, referiu o basquetebolista da Universidade Estatal do Utah, que jogou na Argentina, Japão, Turquia, Tailândia e Tunísia. “Adorava continuar a minha carreira no basquetebol”, confessou.

Shaw, que joga como pivô ou ala-pivô, disse ainda que a canábis ajuda a aliviar a sua ansiedade e depressão, bem como a insónia.  Na entrevista ao The Guardian acrescentou ainda que tem “uma doença inflamatória que é incurável” e que a única coisa capaz de lhe aliviar a dor no estômago é a canábis: “Não uso para me divertir ou ir a festas. Com o meu problema de estômago, às vezes é-me difícil manter a comida no estômago ou ir à casa de banho. Só alivia um pouco a dor”.

Apelo internacional para financiar despesas com a defesa 

Logo após a detenção, o atleta transmitiu, em conferência de imprensa, algumas questões que considerava injustas na acusação: “Acusaram-me de ter quase um quilo, mas a maior parte desse peso vem da própria goma, não da canábis. Na realidade, eu não tinha nada perto disso”, confessou.

“Estão a retratar-me como um grande traficante”, lamentou Shaw, que rebateu: “Por que razão eu teria gomas para vender aqui? Eram apenas para meu uso pessoal”.

Shaw está agora a tentar arrecadar fundos numa campanha do GoFundMe para financiar os crescentes honorários legais deste processo, que ainda está a decorrer. Apesar de estar preso há cinco meses, Jarred Shaw ainda não foi a julgamento e está a aguardar a sua primeira audiência no tribunal.

Este não é primeiro caso que envolve atletas norte-americanos e o uso de canábis que acaba em detenção. Recordamos aqui Brittney Griner, basquetebolista que esteve detida 10 meses na Rússia por transportar consigo menos de um grama de óleo de canábis. Griner apenas foi libertada numa troca de prisioneiros entre os EUA e a Rússia.

A Indonésia é um dos países que tem leis anti-drogas mais severas. No ano de 2016, o país executou, por fuzilamento, três estrangeiros e um indonésio por crimes associados a drogas. Além disso, a Indonésia tem ainda mais de quinhentas pessoas, das quais cerca de cem estrangeiras, no corredor da morte.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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