Ciência
EUA: Ensaio clínico recria experiência da vida real e reitera que o uso de canábis reduz o consumo de álcool
Um ensaio clínico clínico realizado por uma equipa de investigadores da Brown University, nos EUA, publicado no American Journal of Psychiatry no dia 18 de Novembro de 2025, recriou um bar verdadeiro para analisar o impacto do uso de canábis no consumo de álcool. O resultado é consistente com o que já se tinha verificado antes: “fumar canábis diminuiu drasticamente o consumo de álcool em comparação com o placebo”. As conclusões do ensaio, que incluiu 157 participantes, são promissoras para quem quiser implementar programas de redução de alcoolismo com canábis. A Health Canada já tem a decorrer um programa piloto para a redução de danos do abuso de álcool usando a canábis como substância alternativa.
Os benefícios sociais da canábis parecem não estar limitados apenas às propriedades medicinais dos canabinóides e dos terpenos, à fibra e sementes que alimentam o setor do cânhamo industrial ou às vantagens que esta planta pode trazer a nível ambiental (contribuindo para 15 dos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). Nos países onde a canábis recreativa é legal (Uruguai, EUA, Canadá ou Alemanha) tem-se verificado um “efeito secundário” inesperado e promissor: a redução significativa do consumo de álcool e também de opiáceos – duas substâncias responsáveis por inúmeros problemas de saúde em todo o mundo e que custam aos erários públicos centenas de milhares de euros por ano.
Mais canábis, menos álcool
A evidência do mundo real e alguns estudos prévios já tinham chegado à conclusão de que, efetivamente, o acesso à canábis legal tem tido como consequência a redução do consumo de álcool, tanto entre os jovens como na população adulta. No entanto, o mais recente ensaio clínico controlado randomizado, feito por uma equipa de investigadores da Brown University, no estado de Rhode Island, EUA, chegou à mesma conclusão, não a partir de inquéritos ou recolha de dados, mas recriando a experiência da vida real.
De acordo com a notícia publicada esta semana no jornal britânico The Guardian, “157 participantes receberam cigarros de canábis para fumar e, em seguida, foram enviados para um ‘laboratório de bar’ controlado, onde tiveram a opção de consumir até oito mini bebidas alcoólicas. A experiência foi realizada três vezes: uma vez com canábis contendo 7,2% de THC, uma vez com canábis contendo 3,1% de THC e uma vez com canábis contendo 0,03% de THC, que foi considerada um placebo”. O mesmo jornal refere ainda que “uma componente importante do estudo foi a replicação de um bar real, completo com iluminação baixa e bebidas à discrição.”
Como diz o autor no mesmo artigo, “resulta que ficar ‘California sober’ pode ajudar a manter-nos afastados do álcool”. Nos resultados do estudo lê-se que “7,2% de THC reduziu o desejo de consumir álcool imediatamente após fumar” e que “os participantes consumiram significativamente menos álcool depois de fumar canábis com 3,1% de THC e 7,2% de THC, reduzindo o seu consumo em 19% e 27%, respectivamente”.
Canábis pode ser uma resposta para a prevenção e a redução do alcolismo
Os números deste último estudo são consistentes com outras experiências feitas anteriormente. No ensaio “Efeitos do uso de canábis no consumo de álcool numa amostra de bebedores pesados em tratamento no Colorado”, feito em 2021 por investigadores de vários departamentos da Universidade do Colorado, observaram que entre os 96 participantes, o consumo de álcool reduziu-se em 29% “e foram 2,06 vezes (…) menos propensos a ter um episódio de consumo excessivo de álcool nos dias em que a canábis foi usada.”
Efectivamente, a canábis tem vindo a ser usada como substância de substituição predileta para outras adições, por ter menos riscos associados e, inclusive, alguns benefícios.
Como noticiámos há cerca de um ano no CannaReporter® a propósito do Inquérito Nacional sobre Consumo de Drogas e Saúde publicado pela Administração de Serviços de Saúde Mental e Abuso de Substâncias dos EUA em 2024, os resultados apontaram para a diminuição do recurso a bebidas alcóolicas. E já em 2009 a investigadora Amanda Reiman (Ph.D em Trabalho Social), da Universidade de Berkeley, California, EUA, publicou os resultados de um estudo no qual verificou que “40% dos inquiridos tinha usado canábis como substituto do álcool, 26% como substituto de outras drogas ilícitas e 66% como substituto de drogas sujeitas a receita médica.”
O Ministério da Saúde do Canadá – Health Canada – já está um passo mais à frente, tendo a decorrer neste momento um programa-piloto para a redução de danos do abuso de álcool usando a canábis como substância alternativa.
Um dos argumentos que parece impulsionar todos estes estudos e programas de prevenção é que, apesar de não ser uma substância 100% livre de riscos, a canábis é, de facto, mais segura e tem menos efeitos adversos a curto e a longo prazo quando comparada com o álcool.
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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]____________________________________________________________________________________________________
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Margarita é colaboradora permanente do CannaReporter desde a sua criação, em 2017, tendo antes colaborado com outros meios de comunicação especializados em canábis, como a revista Cáñamo (Espanha), a CannaDouro Magazine (Portugal) ou a Cannapress. Fez parte da equipa original da edição da Cânhamo portuguesa, no início dos anos 2000, e da organização da Marcha Global da Marijuana em Portugal entre 2007 e 2009.
Recentemente, publicou o livro “Canábis | Maldita e Maravilhosa” (Ed. Oficina do Livro / LeYA, 2024), dedicado a difundir a história da planta, a sua relação ancestral com o Ser Humano como matéria prima, enteógeno e droga recreativa, assim como o potencial infinito que ela guarda em termos medicinais, industriais e ambientais.




