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CT-CANN23: Michael Barnes diz que pacientes do Reino Unido não conseguem suportar financeiramente tratamentos com canábis

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Professor Michael Barnes. Foto: Laura Ramos | Cannareporter
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O médico e professor britânico Michael Barnes disse hoje que os pacientes britânicos não conseguem suportar financeiramente os tratamentos com canábis, principalmente as crianças que estão a tomar CBD (canabidiol). Barnes falou esta manhã no Congresso CT-CANN23 – Clinical Trials on Cannabis, organizado pela BioEvents, em Londres, e alertou para “apenas quatro prescrições de óleos full spectrum” no NHS (National Health System). Barnes afirmou que no NHS são prescritos, essencialmente, o Sativex e o Epidyolex, mas “os isolados não são tão eficazes como a planta toda”. O médico fez um enquadramento da realidade da canábis medicinal no reino Unido e questionou ainda se “será possível fazer ensaios clínicos duplamente cegos e randomizados com uma planta tão complexa em termos químicos?”.

Desde que a canábis medicinal foi regulamentada no Reino Unido (RU), 25 mil pacientes receberam uma prescrição de canábis, mas apenas 110 médicos estão actualmente a receitar derivados da planta, dos quais 99% estão fora do NHS, no sistema privado. Cerca de 400 médicos têm formação em canábis medicinal e integram a Medical Cannabis Clinicians Society, fundada por Michael Barnes para dar aos médicos a oportunidade de partilhar conhecimentos práticos, desenvolver orientações transparentes e independentes e liderar a conversa como médicos do sector da canábis medicinal. O mercado britânico da canábis medicinal terá, de acordo com Barnes, entre 1.5 e 2 milhões de pacientes, por isso apenas 1 a 2% estará a usufruir dos benefícios da canábis medicinal.

Michael Barnes falou no Congresso CT-CANN23 – Clinical Trials on Cannabis, no Hotel Hilton Canary Wharf, em Londres. Foto: Laura Ramos | Cannareporter

“A média de tratamentos custa 300 a 800 libras por pessoa por mês, sendo que nas crianças esse valor pode ser ainda mais alto”, advertiu Barnes, confirmando que “a maioria dos pacientes não tem capacidade para financiar um tratamento” [com canábis].

Actualmente, há 23 clínicas privadas de canábis online a atender pacientes no RU, mas os médicos de clínica geral (conhecidos no RU como GP – General Practitioners e em Portugal como Médicos de Família) não estão autorizados a prescrever canábis (ao contrário de Portugal). De acordo com Michael Barnes, no RU a canábis é usada, essencialmente, para a dor (53%), patologias relacionadas com a Ansiedade e com o Stress Pós-Traumático (39%), Esclerose Múltipla (3%), Défice de Atenção (2%), Epilepsia (1%), Tourette (1%), Distúrbio do Uso de Substâncias (1%), e, residualmente, para doenças oncológicas e gastro-intestinais.

Reino Unido depende de importações de canábis

São cerca de 34 as empresas britânicas que importam canábis através de 4 importadores. Barnes referiu que existem 214 produtos disponíveis no RU, dos quais apenas 3 estão licenciados. Destes, 84 são flores com alto teor de THC, 34 óleos com elevada concentração de THC, 10 tipos de flores e 30 óleos com níveis equilibrados de THC:CBD, 6 variedades de flores e 34 óleos com alto teor de CBD e 6 canabinóides isolados. Actualmente, há ainda 5 empresas de cultivo a entrar em operações no RU.

O médico britânico Michael Barnes, da Medical Cannabis Clinicians Society, na CT-CANN23. Foto: Laura Ramos | Cannareporter

Para o futuro, o médico britânico salientou a necessidade de encorajar o cultivo no RU, de forma a assegurar uma cadeia de fornecimento eficaz, além de se resolver a questão da equivalência EU-GMP. Como prioridades, Barnes referiu ser urgente a formação de mais médicos, mais prescrições através do NHS – uma vez que existem apenas 4 pacientes a obter prescrições de derivados full spectrum -, e a autorização de prescrição para os médicos de clínica geral. “A maioria das prescrições do NHS são para o Sativex ou para o Epidyolex. Pessoalmente, acho que é imoral haver apenas estas possibilidades de prescrição”, salientou.

A aceitação da evidência “real”, que inclui mais de 4 mil estudos com canábis a considerar na PubMed, além da consciencialização da sociedade sobre estas terapias são ainda outros factores importantes a ter em conta, pois actualmente cerca de 60% dos britânicos não sabe que a canábis medicinal é legal no país.

Michael Barnes criticou ainda a burocracia, dizendo que se estivermos a aguardar ensaios clínicos para todas as patologias, com uma planta tão “quimicamente complexa”, será difícil garantir o acesso dos pacientes. “Se a canábis não é usada como primeira linha de tratamento, então, para condições para as quais os medicamentos ‘convencionais’ não podem mais ajudar, por que não prescrevê-la? É segura, se bem prescrita, e funciona para muitos pacientes, em torno dos 80%. Vamos usá-la e aprender à medida que avançamos!”, afirmou, apelando ainda à “cooperação” entre todas as entidades e ao “bom senso”.

Cerca de 71 países têm neste momento acesso à prescrição medicinal de canábis, a maioria dos quais na Europa Ocidental.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do 21º Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “Say What? Lisbon” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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