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Canadá: 5 anos depois da legalização, estudo revela “modesto aumento” do consumo de canábis

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Um estudo longitudinal realizado por investigadores da universidade de McMaster (Canadá), Waterloo (Canadá) e Memphis (EUA) e publicado no final de Setembro, revelou que as previsões apocalípticas dos políticos mais conservadores não se concretizaram: a utilização de canábis entre os jovens não disparou, o consumo problemático entre o grupo etário que apresenta maior prevalência de utilização também não, e o uso entre os consumidores mais antigos até diminuiu.

Em 2018, o Canadá regulamentou a canábis para uso adulto. Uma década é o tempo mais ou menos recomendado para se poder avaliar o impacto de uma mudança de paradigma destas dimensões. Mas cinco anos volvidos desde a legalização, já é possível tirar algumas ilações.

Num grupo de estudo de 619 “jovens adultos de alto risco”, residentes no Ontário, a média da frequência de uso de canábis diminuiu em relação ao que era habitual pré-legalização, assim como as consequências associadas a esse uso; mas o padrão de frequência de uso alterou-se significativamente.

“Aqueles que consumiam canábis com frequência durante a pré-legalização, mostraram uma redução do uso consistente com o envelhecimento dos consumidores; e aqueles que não usavam canábis pré-legalização mostraram um aumento modesto do consumo”, conclui o estudo. Portanto, o consumo médio diminuiu, mas entre os novos consumidores houve um ligeiro aumento. No entanto, as consequências associadas ao consumo não acompanharam essa subida.

O estudo durou três anos consecutivos, avaliando jovens dos 19,5 aos 23 anos de idade (55,9 % mulheres), grande parte deles com episódios regulares de consumo intenso de álcool, dos quais 65% tinham usado canábis nos 30 dias anteriores ao início do estudo.

Este estudo confirma o que já se tinha verificado um ano antes com a divulgação de um artigo publicado na revista “Frontiers in Psychiatry”, em 2022, elaborado por vários investigadores do Centre for Addiction and Mental Health e dos Departamentos de Psiquiatria, Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Toronto, com base nos diversos inquéritos feitos por diferentes organismos do país desde a legalização.

“O Canadá tem um dos níveis de consumo de canábis entre adolescentes mais altos do mundo; e a prevalência de uso entre a juventude canadiana é cerca do dobro da prevalência de uso entre outras populações de 25 anos ou mais. No entanto, os dados dos anos pré-legalização mostram uma tendência a diminuir no uso de canábis por adolescentes”, resumiam os autores.

Embora alguns dos inquéritos consultados tivessem resultados contraditórios, uns apontando para uma diminuição do consumo entre adolescentes e outros alegando que houve um aumento, a conclusão é que “estatisticamente falando” esse aumento era inexpressivo. O Canadian Cannabis Survey de 2021, por exemplo, apontava para um aumento do uso de 36% para 44% entre 2017 e 2021 nos jovens dos 16 aos 19 anos; e de 44% para 52% entre 2018 e 2020, na faixa etária dos 20 aos 24 anos. Um aumento médio de 7%, similar ao aumento em todas as faixas etárias entre 2018 e 2022 (de 21,9% a 27,2%) o que, realmente, fica bastante longe das previsões fatalistas iniciais.

Por outro lado, no mesmo artigo referem que em 2022, 61% dos consumidores afirmou comprar habitualmente a sua canábis em estabelecimentos legais e mais 8% em lojas online legais. Não se fala de quantos utilizadores recorrem ao cultivo, sendo que este só é legal em alguns distritos (até 4 plantas por habitação) mas certamente se pratica em todo o país.

A legalização no Canadá permite ainda a venda de canábis a jovens a partir dos 18 ou dos 21 anos dependendo dos distritos, que apenas podem ter na sua posse até 30 gramas de canábis seca ou o equivalente em produto fresco.

São precisos mais alguns anos para avaliar se a diferença na qualidade dos produtos de canábis no mercado regulado irá ter um impacto significativo nos possíveis problemas associados ao consumo desta substância a longo prazo. Voltando ao primeiro estudo, a tendência parece ser para diminuírem, mas só com o tempo se saberá se em termos de redução de danos, a legalização é realmente vantajosa – apesar de se poderem verificar pequenos aumentos no consumo.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Margarita é colaboradora permanente do CannaReporter desde a sua criação, em 2017, tendo antes colaborado com outros meios de comunicação especializados em canábis, como a revista Cáñamo (Espanha), a CannaDouro Magazine (Portugal) ou a Cannapress. Fez parte da equipa original da edição da Cânhamo portuguesa, no início dos anos 2000, e da organização da Marcha Global da Marijuana em Portugal entre 2007 e 2009.

Recentemente, publicou o livro “Canábis | Maldita e Maravilhosa” (Ed. Oficina do Livro / LeYA, 2024), dedicado a difundir a história da planta, a sua relação ancestral com o Ser Humano como matéria prima, enteógeno e droga recreativa, assim como o potencial infinito que ela guarda em termos medicinais, industriais e ambientais.

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