Connect with us

Nacional

Flowr diz que colheu 3 toneladas de canábis medicinal em Aljustrel

Publicado

em

Ouvir este artigo
Foto: D.R. | The Flowr Corp.
Reading Time: 5 minutes

A RPK Biopharma, uma subsidiária da Holigen, detida pela empresa canadiana The Flowr Corporation, diz que colheu três toneladas de biomassa de 40 mil plantas de canábis para fins medicinais, produzidas ao ar livre, em Aljustrel, no sul de Portugal. Ao Cannareporter, duas fontes que preferiram não ser identificadas, disseram que este anúncio poderá ter sido apenas uma “manobra de marketing” para fazer subir o valor das acções da empresa na bolsa.

Entretanto, Vinay Tolia deixou o cargo de CEO na Flowr no final de Dezembro de 2020, por motivos pessoais, tendo sido substituído pelo presidente da empresa nos dois últimos anos, Lance Emanuel, que é agora o CEO interino.

Os números foram adiantados em meados de Dezembro pela Flowr à Agência Lusa, num comunicado de Imprensa onde actualizou as suas operações em Portugal, e replicado em vários meios de comunicação como o Jornal Económico ou a Sábado.  Segundo a Flowr, a colheita de canábis ao ar livre em Aljustrel, no distrito de Beja, “rendeu aproximadamente três mil quilos de biomassa com alto teor de THC”, o que, tendo em conta as 40 mil plantas, dará uma média de 75 gramas de flores por planta. Paralelamente, as colheitas em “politúneis” da exploração alentejana “renderam aproximadamente 35 quilos de flor seca de canábis com mais de 20% de THC”.

Vinay Tolia, deixou o cargo de CEO da Flowr Corporation no final de Dezembro de 2020 – Foto: D.R. | bnnbloomberg.ca

No comunicado enviado à Lusa, a Flowr disse “esperar obter” a certificação GMP [Good Manufacturing Practices/ Boas Práticas de Fabrico] europeia em 2021, para os 35 quilos de flores produzidas nos politúneis. “Não há nenhum outro projecto como este na União Europeia (UE) e esperamos poder alavancar esta capacidade de cultivo de baixo custo para produzir um conjunto diversificado de produtos derivados, bem como flores secas, que acreditamos que serão lançadas com certificação GMP”, disse Vinay Tolia, ainda CEO da Flowr, no comunicado emitido em Dezembro.

A empresa canadiana referiu ainda que concentrou os seus esforços na expansão do seu arquivo genético e actualmente mantém vários cultivars com alto teor de THC, incluindo Sour-P, Black Dog, Brains Choice, Gelato, Gorilla Glue # 4 e Green Doctor. Cada uma destas variedades foi testada como tendo entre 18 a 23% de THC.

A maior plantação da Europa? 

A Flowr diz que tem em Aljustrel a maior plantação de canábis para fins medicinais da Europa, numa área que vai chegar aos 40 hectares este ano, após um investimento total de cerca de 45 milhões de euros, criando até 200 postos de trabalho.

No entanto, duas fontes, que preferiram não ser identificadas, disseram ao Cannareporter não acreditar que a Flowr tenha efectivamente colhido três toneladas de canábis em Aljustrel. “Na minha opinião esta é uma manobra de marketing para aumentar o valor das acções na bolsa”, disse uma fonte ao Cannareporter. “Tenho certeza que a Flowr não produziu três toneladas de canábis em Aljustrel”, garantiu outra fonte.

Plantação da Flowr em Aljustrel – Foto: D.R. | The Flowr Corporation

Confrontado com estas declarações, Lance Emanuel, CEO interino da Flowr rebateu: “Nós realmente fizemos isso. Tal como mencionado no nosso comunicado à imprensa foram 3 mil kg de biomassa com alto teor de THC. Não acreditámos que a qualidade e a consistência da colheita fossem suficientes para atender aos padrões de GMP. Foram aprendidas muitas lições sobre o cultivo ao ar livre nesta escala no clima português, que nos serão muito úteis na próxima época de cultivo. Temos a obrigação de actualizar o mercado sobre eventos relevantes no nosso negócio. Os resultados da colheita ao ar livre em Aljustrel foram um acontecimento relevante e fornecemos uma actualização que reflecte com precisão os resultados do trabalho realizado em Aljustrel”, esclareceu o CEO interino da Flowr por email.

Parceria com a Tilray e aquisição da Terrace Global

Em Portugal, o Infarmed certificou as instalações da RPK Biopharma em Sintra como GMP, mas a empresa ainda não obteve essa certificação em Aljustrel. As flores apenas podem ser consideradas “medicinais” se tiverem esta certificação de boas práticas (GMP), o que não é o caso das 3,035 toneladas, que têm apenas a certificação GACP – boas práticas de agricultura.

A Flowr disse ter estabelecido um acordo com a Tilray para o “armazenamento estratégico” nas instalações em Sintra. “As partes vão comprometer-se a desenvolver uma abordagem colaborativa com o objectivo de alavancar a UE com as instalações com certificação GMP em Portugal destinadas à armazenagem de produtos de canábis medicinal para o mercado europeu”. Os termos comerciais do acordo não foram divulgados.

Recorde-se que a Tilray tem importado e exportado a partir de Portugal várias toneladas de flores de canábis, tendo sido o principal fornecedor a Fotmer Life Sciences, do Uruguai. O destino destas grandes importações através de solo português, passando pela Autoridade Tributária, não foi confirmado pela Tilray à MJBizDaily, nem os contornos das operações são conhecidos.

Deron Caplan, director de pesquisa e desenvolvimento na Flowr, também citado no comunicado, disse que “os resultados preliminares” da colheita em interior da empresa em Aljustrel “podem ser indicativos de um modelo de negócio de sucesso na UE e para a indústria de canábis medicinal”.

A parceria da Flowr com a Terrace Global teve início em Abril de 2020, inicialmente focada nas operações na União Europeia e em Portugal. A parceria acabou por resultar numa aquisição total da empresa, sendo que a Terrace Global investiu mais de 5,8 milhões de dólares na Joint Venture.

“Continuamos a trabalhar para fechar a aquisição da Terrace Global até ao final do ano e estamos extremamente animados com o que o futuro reserva para ambas as organizações”, destacou Vinay Tolia no comunicado de Dezembro.

Pacientes em Portugal ainda não deverão ter acesso a esta produção

O mais provável é que os pacientes a viver em solo português não tenham acesso a estas três toneladas de flor de canábis produzidas no Alentejo. A totalidade da produção deverá seguir exclusivamente para exportação, já que a RPK Biopharma ainda não tem autorização de comercialização de medicamentos ou derivados de canábis em Portugal.

A este propósito, Lance Emanuel diz que não é bem assim: “Temos muita vontade de distribuir o produto em Portugal, mas sem saber se podemos pegar nos 3 mil kg e criar um derivado, não sabemos onde esse produto vai parar. Pode acabar em Portugal, nós não preferimos exportar para outros mercados. Não é esse o caso. Mas enquanto não tivermos um produto que possamos lançar sob GMP, não temos nada que possamos vender aos pacientes portugueses. As discussões com os parceiros portugueses interessados em adquirir os nossos produtos decorrem continuamente, embora ainda não tenhamos divulgado quaisquer parcerias”, esclarece.

Os pacientes têm-se mostrado frequentemente revoltados pelo facto de haver já várias empresas a produzir canábis medicinal em larga escala em Portugal e que o acesso ainda lhes seja vedado.

O Cannareporter enviou mais questões à Flowr para perceber melhor os contornos das suas operações em Portugal e publica as respostas numa entrevista com Lance Emanuel em separado.

 

____________________________________________________________________________________________________

[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

____________________________________________________________________________________________________

O que fazes com 3€ por mês? Torna-te um dos nossos Patronos! Se acreditas que o Jornalismo independente sobre canábis é necessário, subscreve um dos níveis da nossa conta no Patreon e terás acesso a brindes únicos e conteúdos exclusivos. Se formos muitos, com pouco fazemos a diferença!

+ posts

Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra, Laura Ramos tem uma pós-graduação em Fotografia e é Jornalista desde 1998. Vencedora dos Prémios Business of Cannabis na categoria "Jornalista do Ano 2024", Laura foi correspondente do Jornal de Notícias em Roma, Itália, e Assessora de Imprensa no Gabinete da Ministra da Educação do 21º Governo Português. Tem uma certificação internacional em Permacultura (PDC) e criou o arquivo fotográfico de street-art “Say What? Lisbon” @saywhatlisbon. Co-fundadora e Editora do CannaReporter® e coordenadora da PTMC - Portugal Medical Cannabis, Laura realizou o documentário “Pacientes” e integrou o steering group da primeira Pós-Graduação em GxP’s para Canábis Medicinal em Portugal, em parceria com o Laboratório Militar e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Clique aqui para comentar
Subscribe
Notify of

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Publicidade


Veja o Documentário "Pacientes"

Documentário Pacientes Laura Ramos Ajude-nos a crescer

Mais recentes

Cânhamo5 dias atrás

Reconhecimento legal das flores de cânhamo vai a discussão no Parlamento Europeu

Reading Time: 3 minutesA Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu (AGRI) aprovou em Setembro uma emenda que reconhece as flores...

Cânhamo6 dias atrás

EFSA lança consulta pública sobre segurança do CBD e propõe dose diária máxima de 2 mg

Reading Time: 2 minutesA Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) iniciou um processo de consulta pública sobre a actualização...

Nacional1 semana atrás

Polícia Judiciária extraditou dos Países Baixos para Portugal um homem de 48 anos ligado ao tráfico de canábis

Reading Time: 2 minutesA Polícia Judiciária deteve e extraditou dos Países Baixos para Portugal um homem de 48 anos suspeito...

Comunicados de Imprensa1 semana atrás

Sertã – Detida por cultivo e tráfico de estupefacientes

Reading Time: < 1 minuteO Comando Territorial de Castelo Branco, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da Sertã, no...

Análise1 semana atrás

O paradoxo da Suntory: Como um teste de drogas negativo não conseguiu salvar um CEO no Japão

Reading Time: 6 minutesEsta é a história de como um homem legalmente inocente perdeu tudo — e o que isso...

Eventos2 semanas atrás

Portocanna e PTMC realizam simpósio para médicos: “Canábis Medicinal, da Produção à Prescrição”

Reading Time: 2 minutesPortugal é actualmente o maior produtor europeu e o segundo maior produtor mundial de canábis medicinal, apenas...

Entrevistas2 semanas atrás

Sita Schubert: “A fórmula magistral está nas directrizes europeias, por isso deve ser aplicável, também em Portugal”

Reading Time: 17 minutesApesar dos avanços registados nos últimos anos, a canábis medicinal na Europa continua a enfrentar uma barreira...

Eventos2 semanas atrás

Bordéus acolhe esta semana a 2ª edição da conferência Science in the City International

Reading Time: 3 minutesNos dias 11 e 12 de Setembro, o museu La Cité du Vin, na pitoresca cidade francesa...

PUBLICIDADE2 semanas atrás

Iluminar o futuro: Por dentro do experimento holandês da canábis com a Fluence

Reading Time: 4 minutesO que é o Experimento Holandês? A Holanda mantém há muito uma posição paradoxal em relação às...

Eventos4 semanas atrás

4 Conferências de canábis imperdíveis na rentrée de Setembro e Outubro na Europa

Reading Time: 5 minutesCom o fim das férias de Verão e o regresso ao ritmo acelerado de Setembro, é tempo...