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Cânhamo

É necessário “trabalhar” para que a moda de cânhamo se torne ampla e acessível. Retting é um passo fundamental

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Foto: D.R. | Ontario.ca
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O desenvolvimento das fibras é dependente dos processos de secagem e maceração em campo e isso traz novos desafios para um sector que quer afirmar-se perante um mercado competitivo e exigente. No entanto, a secagem em campo interfere directamente nas características das fibras do cânhamo. Esta é uma barreira indispensável para o crescimento da indústria e para a massificação dos produtos de cânhamo. Em França, já se trabalha em soluções. Ficámos a conhecê-las melhor num dos painéis de hoje do World Hemp Forum, que decorre desde ontem, em Troyes.

A fibra de cânhamo é talvez uma das finalidades com a qual os portugueses mais beneficiaram no seu passado, aquando dos Descobrimentos, pelas suas aplicações nas velas, cordas, roupas e demais equipamentos dos navios e caravelas. Hoje, a valorização das fibras têxteis reconhece e identifica novas e diferentes barreiras, que colocam ainda algumas dificuldades para que o cânhamo seja uma fibra têxtil amplamente utilizada pelo público em geral e deixe de ser um produto de nicho.

A mesa redonda de valorização das fibras, moderada por Marie-Emmanuelle Belzung, Directora da Aliança Europeia do Linho e Cânhamo, juntou em discussão Laurie Blanchecotte, Gestora Comercial e de Marketing da La Chanvrière, Arnaud Day, Director Científico da FRD-CODEM, Tom Gong do departamento de matérias primas da Hemp Fortex e o director da HempAge Robert Hertel.  A discussão focou-se especialmente no processo de retting e na variabilidade das fibras em função desta secagem que ocorre geralmente no campo.

Há 10 anos que a La Chanvrière está a desenvolver fibras para o mundo têxtil, de forma a voltar a conquistar este mercado, que era tão forte no passado, e mudar o mundo para uma moda que provenha directamente das plantas. O painel discutiu o estado actual do tratamento das fibras de cânhamo para a indústria têxtil, que encontra algumas dificuldades, especialmente em conseguir obter fibras com qualidade e propriedades desejadas – sendo que muitas vezes a origem das fibras define as propriedades mecânicas que estas apresentam.

Arnaud Day, Director Científico da FRD-CODEM, especificou que o cânhamo tem as suas especificidades e que ” tem qualidades, mas estas têm que ser aceites por todos”. Para o director do instituto de investigação, “a agricultura tem um papel importante na morfologia, composição, propriedades de superfície, mecânicas, específicas”. Day lembrou ainda que o retting é um passo fundamental e que “quando feito no campo tem qualidade variável”. É por isso que o FRD está a desenvolver o projecto Rightlab com o objectivo de criar uma ferramenta de apoio à decisão, baseada em indicadores fiáveis ​​e relevantes do nível de maceração de palhas e fibras de cânhamo.

Robert Hertel, da HempAge,  fechou a discussão a responder a uma pergunta sobre a possibilidade de desenvolver moda de cânhamo para o público em geral que seja acessível. O alemão assume que essa é a ideia desde o início e que os planos demonstram que tal é possível. No entanto, refere que é necessário procurar soluções inovadoras, como o aproveitamento misto fibra-semente. Hertel disse ainda que é preciso “trabalhar para isso” e não no sentido contrário ao que deve ser feito.

O que é o retting?

O retting (ou maceração) é uma etapa essencial no processamento do cânhamo e de outras fibras vegetais, como o linho, para separar as fibras da casca ou do caule. Esse processo envolve a decomposição controlada de materiais vegetais, facilitando a liberação das fibras sem danificá-las.

O objectivo principal é degradar a pectina, uma substância que une as fibras às partes lenhosas do caule.

A importância do retting no cânhamo
O retting bem-feito é essencial para produzir fibras longas e de alta qualidade para têxteis, além de facilitar o processamento mecânico posterior (decorticação e fiação). Esta técnica permite ainda evitar a degradação excessiva das fibras, o que poderia comprometer a sua resistência. Este processo, embora seja uma etapa inicial, tem um impacto directo na qualidade final dos produtos derivados, como tecidos, cordas, papel e bioplásticos.

Os diferentes métodos de retting

1. Retting por água
Os caules do cânhamo são submersos em tanques, lagos ou rios.
Prós:
Método rápido (geralmente de 5 a 10 dias).
Produz fibras de alta qualidade.
Contras:
Pode causar poluição ambiental se a água não for tratada.
Necessita de grandes quantidades de água limpa.

2. Retting no campo (dew retting)
Os caules são espalhados no campo e expostos à acção da humidade e microrganismos naturais do solo.
Prós:
Método mais ecológico e económico.
Não requer grandes quantidades de água.
Contras:
Depende do clima (chuva e humidade são essenciais).
Processo mais lento (2 a 6 semanas).

3. Retting químico
Substâncias químicas são usadas para acelerar a decomposição das pectinas.
Prós:
Muito rápido (algumas horas a dias).
Contras:
Alto custo.
Risco de provocar danos nas fibras.
Impacto ambiental significativo.

4. Retting enzimático
Utiliza enzimas específicas para quebrar as pectinas.
Prós:
Método moderno e controlado.
Preserva melhor a qualidade das fibras.
Contras:
Mais caro do que os métodos tradicionais.

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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