Connect with us

Internacional

DJ Muggs, dos Cypress Hill, encerra ICBC e abre as portas para três dias de Spannabis

Publicado

em

Ouvir este artigo
Reading Time: 5 minutes

DJ Muggs, produtor musical, membro dos Cypress Hill e fundador do coletivo artístico Soul Assassins, fechou o ciclo de conferências da ICBC (Internacional Cannabis Business Conferences) em Barcelona, Numa conversa descontraída e bem humorada com o comediante e editor da revista “West Coast Cannabis Magazine”, Ngaio Bealum, Muggs lembrou a sua longa relação com a canábis, contando como na altura em que artistas e músicos ainda escondiam os seus consumos do público, os Cypress Hill decidiram afirmar-se como “a banda da weed”.

De óculos escuros, boné e a sua habitual roupa larga, Lawrence Muggerud, mais conhecido por DJ Muggs, entra no palco do Auditorí de Cornellá, onde decorreu ontem a ICBC, com passo gingão. “Yo, whassup?” lançou para um público de empresários, engenheiros, growers e fãs de longa data, que ficaram até ao fim para o ver e ouvir.

Nascido no bairro de Queens, em Nova Iorque, em 1968, numa família italo-americana e adotado depois por uma família de origem norueguesa, Muggerud é uma das figuras centrais da cena hip hop norte-americana. Pioneiro em todas as frentes, foi um dos primeiros brancos a sobressair num meio que era predominantemente negro, quando se juntou aos irmãos Brett e Bouldin nos The 7A3, no início dos anos 80. Mais tarde, com os manos Senen e Sérgio Reyes (Sen Dog e Mellow Man Ace), amigos e vizinhos na Cypress Avenue, em South Gate, na Califórnia, fundou o primeiro grupo de hip hop latino, os Cypress Hill. A banda nunca escondeu a sua paixão pela canábis, deixando para a história hinos como “Insane in the Brain”, “Hits from the Bong” ou “I want to get High”.

“Quando formaram os Cypress Hill, serem tão ‘canacentrados’ foi uma decisão consciente?” perguntou Ngaio Bealum. “Bem, na verdade eu já andava com os Cypress antes dos The 7A3, aí desde 1980, porque eram da minha hood, foi onde os conheci, na Califórnia. Vendíamos erva juntos, andávamos por aí a fazer as nossas cenas; depois conheci estes tipos de Brooklin [Nova Iorque] que tinham uma canção que era ‘The 7A3 Will Rock You’, que era um single com o Ice-T. Eu ia fazer uma festa e convidei-os, mas o DJ não apareceu, então eu cheguei-me à frente e foi assim que eu comecei a fazer DJ’ing”, contou. “Depois convidaram-me para ir tocar com eles nos concertos com o Ice-T e duas semanas estávamos no estúdio a fazer a canção ‘Mad Mad World´ para o filme ‘Colors”, que foi o meu primeiro disco em 1988. Dois meses despois estávamos a assinar um contrato com a Geffen Records”, explicou.

“Subi ao palco e disse: ‘New York city, posso acender o meu joint?’ E acendi, os telefones começaram logo a tocar…”

Aos seus amigos da Cypress Av. disse que ia com eles e tudo o que aprendesse traria de volta. O agente começou a dizer-lhe “precisam de um logo”, “precisam de um conceito”, mas, relembrou, “a primeira vez que me falaram de um ‘logo’ eu nem sabia o que a palavra significava (risos). Nessa altura nem sequer havia Internet, não havia nada, aprendíamos na rua”. Então, se na altura “os Run DMC eram os gangster’s rap e Detroit’s storyteller; o LL Cool J era o beat boy do RAP. Eu fiquei a pensar nisso e disse: bem nós temos que ser os Cheech & Chong desta m**, porque nós fumávamos, mas a erva nessa altura… o Dr. Dre dizia ‘eu não fumo erva’  porque tinha causado problemas mentais ao irmão; outros diziam ‘calma com isso’; e nós só pensávamos: ‘acende lá essa!’”.

Mais tarde, os Cypress Hill chegaram a levar um bong de 2,5 metros para o palco e depois houve o famoso episódio do Saturday Night Live, que ele próprio lembrou: “Estávamos na televisão nacional e eu estava no backstage a enrolar um charro e umas oito pessoas vieram dizer-me: não acendas isso no palco, não acendas isso ao vivo…’ e eu dizia ‘não, não tranquilos’ e eu sabia que tínhamos duas músicas e não o podia fazer logo na primeira canção porque nos iam expulsar; então subi ao palco e disse: ‘New York city, posso acender o meu joint?’ E acendi, os telefones começaram logo a tocar e quando saímos do palco eles arrasaram-me completamente! Mas eu não queria saber, nós éramos punk rock, não nos podiam despedir!”, lembra a rir, terminando a história: “Disseram-nos que não poderíamos voltar ao Saturday Night Live e eu disse ‘que se lixe o Saturday Night Live, eu é que não quero voltar mais aqui!’”.

“A erva e a música são duas coisas que unem as pessoas”

Esta atitude subversiva e honesta foi um escândalo, mas não só deu muita visibilidade aos Cypress Hill como lhes valeu uma legião de fãs que se identificavam com essa postura desafiadora e que estavam prontos para voltar a contestar a hipocrisia que vingava naquela época, quando a maior parte dos famosos tentava manter os seus consumos no segredo dos deuses. “Depois da cultura hippy, eles [o Governo, o sistema] tentaram acabar com a erva. Eles não querem as pessoas que pensam, nem querem as pessoas felizes, a entenderem-se bem e a partilharem abraços”, diz, “mas a erva e a música são duas coisas que unem as pessoas. Ambas me deram a oportunidade de conhecer pessoas que eu nunca na vida pensei…”.

 DJ Muggs lembrou ainda mais alguns episódios, agora cómicos, que viveu tanto com os Cypress Hill como com o coletivo Souls Assassins, como as quantidades de vezes que foram presos e tiveram de se confrontar com a polícia. “Quando íamos ao Arizona, a polícia lá estava no palco a dizer-nos: ‘não podem fumar em palco’; íamos ao Novo México, tínhamos a polícia no palco; íamos ao Texas, a polícia lá estava à nossa espera – e nessa altura o Texas tinha uma lei de não-tolerância, portanto se tinhas um charro, podias passar um ano na prisão”, contou. “Mas depois Nova Iorque, LA, apanhavam-te com erva, levavam-te para a esquadra um dia só, para te porem no sistema e cuspir-te no dia seguinte… Passámos por isso tudo”. Outras tantas vezes o que faziam mesmo era saltar do palco e correr para fugir da polícia. “Mas lembro-me que antes da União Europeia ser EU, tínhamos de passar pelos checkpoints. A entrar em França eles vinham ao autocarro com os cães e tudo; e um dia o Eric Bobo, num controlo de passaportes, abriu o documento e tinha lá um pedaço de haxixe colado à m*** do passaporte” (risos).

Entre muitas outras memórias, DJ Muggs, que à noite tomou conta da festa de encerramento da ICBC aos comandos da mesa de mistura, no Barcelona Edition Hotel, resumiu a sua história de vida e a sua relação com a canábis em duas frases: “Gostávamos de nos divertir, man! Mas quando é tempo de nos divertirmos, divertimos; quando é para fazer negócios, fazemos negócios”.

A Spannabis, um dos maiores eventos internacionais de canábis, abriu hoje as portas na Fira de Cornellá, em Barcelona, para três dias intensos de partilha e muitos negócios para os profissionais da indústria de canábis e os milhares de pessoas que apenas gostam da planta. Até Domingo, todos os caminhos vão dar à Spannabis!

 

____________________________________________________________________________________________________

[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

____________________________________________________________________________________________________

O que fazes com 3€ por mês? Torna-te um dos nossos Patronos! Se acreditas que o Jornalismo independente sobre canábis é necessário, subscreve um dos níveis da nossa conta no Patreon e terás acesso a brindes únicos e conteúdos exclusivos. Se formos muitos, com pouco fazemos a diferença!

+ posts

Margarita é colaboradora permanente do CannaReporter desde a sua criação, em 2017, tendo antes colaborado com outros meios de comunicação especializados em canábis, como a revista Cáñamo (Espanha), a CannaDouro Magazine (Portugal) ou a Cannapress. Fez parte da equipa original da edição da Cânhamo portuguesa, no início dos anos 2000, e da organização da Marcha Global da Marijuana em Portugal entre 2007 e 2009.

Recentemente, publicou o livro “Canábis | Maldita e Maravilhosa” (Ed. Oficina do Livro / LeYA, 2024), dedicado a difundir a história da planta, a sua relação ancestral com o Ser Humano como matéria prima, enteógeno e droga recreativa, assim como o potencial infinito que ela guarda em termos medicinais, industriais e ambientais.

Clique aqui para comentar
Subscribe
Notify of

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Publicidade


Veja o Documentário "Pacientes"

Documentário Pacientes Laura Ramos Ajude-nos a crescer

Mais recentes

Eventos16 horas atrás

Tóquio acolhe a Japan International Hemp Expo a 14 e 15 de Novembro de 2025

Reading Time: 4 minutesPela primeira vez desde a reforma legal, o Japão abre as portas à indústria global do cânhamo...

Eventos2 dias atrás

Tailândia acolhe GrowZone, o 1º Torneio de Golfe e networking de canábis, a 4 de Novembro, a antecipar a AIHEF

Reading Time: 3 minutesBanguecoque vai acolher na próxima semana o GrowZone, o primeiro evento de Golfe e networking de canábis...

Corporações7 dias atrás

Belvedere Pharma deixa de constar da lista de entidades licenciadas pelo Infarmed

Reading Time: 2 minutesA Belvedere Pharma, autorizada em 2023 para cultivo, importação e exportação de canábis para fins medicinais, deixou...

Cânhamo1 semana atrás

Cannabizetol: Novo canabinóide poderá ter benefícios anti-oxidantes e anti-inflamatórios na pele

Reading Time: 6 minutesUm estudo recente da Università degli Studi di Milano, em Itália, publicado no Journal of Natural Products,...

Eventos1 semana atrás

Tailândia: Bangkok acolhe 4ª edição da Asia International Hemp Expo & Forum de 5 a 7 de Novembro

Reading Time: 4 minutesDe 5 a 7 de novembro de 2025, o Queen Sirikit National Convention Center (QSNCC), em Bangkok,...

Eventos1 semana atrás

“O Infarmed está finalmente a tornar-se digital, o que pode mudar tudo para os produtores de canábis” – Leia aqui as melhores frases da PTMC25

Reading Time: 19 minutesA PTMC – Portugal Medical Cannabis 2025 decorreu em Lisboa nos passados dias 25 e 26 de...

Cânhamo1 semana atrás

Start-up Nau Verde quer revolucionar o sector têxtil de cânhamo em Portugal

Reading Time: 3 minutesMais de 100 milhões de euros e 250 postos de trabalho, são os números referentes ao ambicioso...

Cânhamo2 semanas atrás

CannAzores regressa à ilha Terceira com ciência, sustentabilidade e economia verde no centro do debate

Reading Time: 3 minutesA cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, acolhe no dia 24 de outubro de 2025...

Eventos3 semanas atrás

Portugal: Curso de Microcredencial em Metrologia para Canábis Medicinal com inscrições abertas até 18 de outubro

Reading Time: 2 minutesEstão abertas, até ao dia 18 de Outubro, as inscrições para o curso de Microcredencial – Metrologia...

Eventos3 semanas atrás

“We, the Patients” expande sessões sobre Canábis Medicinal e Dor Crónica a Berna e Londres

Reading Time: 2 minutesA organização internacional liderada por doentes “We, The Patients“, fundada e presidida por Carola Pérez, vai alargar...