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Bebidas à base de canábis na mira das grandes cervejeiras

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Constellation Brands, fabricante da conhecida marca de cerveja ‘Corona’, anunciou um investimento de 245 milhões de dólares canadianos (aproximadamente 165 milhões de euros) na compra de uma empresa de cultivo de canábis que lhe permitirá desenvolver bebidas enriquecidas com canábis.

O anúncio foi feito pela Constellation Brands Inc., uma das maiores empresas do mundo no mercado de bebidas alcoólicas, durante uma conferência de imprensa e noticiado pelo The Wall Street Journal.

Com mais de 100 marcas no seu portfólio, a Constellation Brands emprega mais de nove mil pessoas e acaba de chegar a um acordo para adquirir uma participação minoritária na Canopy Growth Corp., uma empresa canadiana sediada em Ontário, com um valor de mercado de mais de 2 mil milhões de dólares canadianos na Bolsa de Valores de Toronto (TSX) com o símbolo “WEED”.

Um funcionário da Canopy Growth em Smith Falls, Ontario. Foto: LARS HAGBERG/Getty images

A Constellation Brands entra assim para o grupo de accionistas da Canopy Growth, com a aquisição de 9,9%, posicionando-se no mercado emergente de produtos na indústria das bebidas enriquecidas com canábis.

Além dos 245 milhões, este negócio prevê a garantia de opção de compra de outros 9,9% até ao terceiro trimestre de 2018, atingindo assim a Constellation Brands quase 20% de participação na Canopy. O CEO Rob Sands quer ser pioneiro nesta indústria, porque na sua opinião a  legalização a nível federal nos próximos anos “é muito provável”.

“A Canopy Growth tem uma equipa de liderança experiente, com uma compreensão dos aspectos legais e dos panoramas de regulação e evolução económica respeitantes a um mercado emergente cujas previsões apontam para que se torne uma categoria de consumidores significativa no futuro”.

Bruce Linton, CEO da Canopy Growth, valorizou a experiência da Constellation Brands na distribuição de bebidas alcoólicas, que ajudará a Canopy na distribuição da canábis para uso recreativo, deixando uma mensagem para outros investidores institucionais: “[A Canopy é] uma companhia na indústria da canábis que está de acordo com o enquadramento legal e com todas as regulações, logo será um bom lugar para investir”.

Um trabalhador nas podas de canábis medicinal, numa instalação no Canadá, onde o uso recreativo será legalizado em 2018. Foto: James MacDonald/Bloomberg News

Dado que a venda de produtos derivados da canábis ainda não é possível a nível federal nos Estados Unidos da América, “não temos intenções de comercializar, para já, neste mercado”, disse Rob Sands, deixando no entanto a intenção de entrar no mercado recreativo do Canadá, assim que a regulamentação, prevista para meados de 2018, esteja concluída. No entanto, a possibilidade de também entrar noutros mercados que surjam noutros países não é posta de parte.

O negócio que ecoou nos mercados mereceu comentários de Bonnie Herzog, analista da Wells Fargo — uma consultora financeira norte-americana —, que cimentou e reafirmou a sua preferência pela Constellation Brands. “No geral, a nossa opinião é que este negócio faz imenso sentido. Existe actualmente a preocupação sobre os impactos negativos nas vendas de cervejas, vinhos e bebidas espirituosas com a legalização da canábis, que já ocorreu em vários Estados americanos, o que dá à Constellation Brands uma clara vantagem ao garantir que não só é uma empresa líder na área das bebidas alcoólicas, mas também no mercado conjunto de bebidas alcoólicas e de bebidas com canábis na sua composição”.

Por outro lado, vários executivos da indústria cervejeira americana têm debatido os impactos da legalização da canábis nas suas vendas, mesmo após um relatório que demonstra que os consumidores de cerveja migram para o vinho e para bebidas espirituosas. Foram levadas a cabo algumas experiências com infusões de canábis em cerveja, sem conter qualquer teor psicoactivo (sem THC), mas apenas o sabor a canábis.

Em resposta ao relatório, Ronald den Elzen, CEO da Heineken USA, apelou a uma acção conjunta com os distribuidores de cerveja: “O vinho e as bebidas espirituosas não estão estagnados e a canábis está a ser legalizada em vários Estados. Temos que agir agora e temos que fazê-lo juntos”.

Por seu lado, Rob Sands, da Constellation Brands, não vê a canábis como ameaça para a cerveja, mas diz que se o consumidor puder escolher entre uma cerveja, um copo de vinho, um shot de uma bebida espirituosa ou um elixir à base de canábis, quer ter a possibilidade de lhes oferecer os quatro.

“Poderá ser uma ameaça? Sim, eu penso que será.” confessou Sands. “Mas não vamos ficar parados a cruzar os dedos”. O uso medicinal é legal no Canadá desde 2001 e a regulação da utilização recreativa é esperada em Julho de 2018, sem os produtos comestíveis e bebidas, cujas expectativas para regulação se prevêem para 2019. No entanto, “a nossa empresa não planeia fazer lobby nem a favor nem contra a legalização da canábis na América”, concluiu Rob Sands.
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Foto de destaque: Mitchell Maglio

 

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[Aviso: Por favor, tenha em atenção que este texto foi originalmente escrito em Português e é traduzido para inglês e outros idiomas através de um tradutor automático. Algumas palavras podem diferir do original e podem verificar-se gralhas ou erros noutras línguas.]

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Sou um dos directores do CannaReporter, que fundei em conjunto com a Laura Ramos. Sou natural da inigualável Ilha da Madeira, onde resido actualmente. Enquanto estive em Lisboa na FCUL a estudar Engenharia Física, envolvi-me no panorama nacional do cânhamo e canábis tendo participado em várias associações, algumas das quais, ainda integro. Acompanho a industria mundial e sobretudo os avanços legislativos relativos às diversas utilizações da canábis.

Posso ser contactado pelo email joao.costa@cannareporter.eu

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